O poder na rua?
Osvaldo Cabral

O poder na rua?

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Editorial

O Governo dos Açores está cheio de contradições internas e a coligação não disfarça a sofreguidão.
O arrastar da anunciada e mais que esperada remodelação está a desgastar toda a governação, que já nem consegue esconder escolhas mal feitas, de actores sem jeito nenhum para este filme.
Até o Presidente do PSD de Ponta Delgada já diz como se deve fazer a remodelação e até ensina a Bolieiro como deve reduzir a orgânica...
O caso do Director Regional da Cultura é apenas um dos muitos exemplos que enxameiam a desorganizada máquina governamental.
O modo como foi conhecida a sua exoneração é uma coisa penosa e reveladora das fragilidades de muitas secretarias, governantes e toda a máquina interna.
O governo pode não ter culpa da incompreensível fuga do email exonerando o referido Director, circulando nas redes sociais com os endereços electrónicos de todos os intervenientes, mas é responsável pela forma desastrosa como lidou com o problema, para além de que estas coisas fazem-se cara a cara e não através de papéis.
A demora nas decisões fulcrais, em qualquer governação, só tem efeitos contrários para os decisores e atinge sempre a própria governação.
Veja-se este outro caso incompreensível de uma greve que decorre há quatro meses, com enormes prejuízos para as populações das ilhas do Triângulo, sem que exista um Conselho de Administração para negociar, já que dois dos três membros da Atlânticoline estão demissionários.
Só agora - dois meses depois! - é que nomearam o novo Presidente da Atlânticoline.
Como é que uma casa como aquela, com uma greve às costas e o Verão à porta, pode aguentar tanta falta de decisão?
É como na semana passada, naquele filme de segunda categoria, em que presidentes de instituições como a SATA, ATA e Câmara de Comércio da Terceira, se lançaram à bulha por causa da promoção do turismo e das novas rotas, numa demonstração de que isto está sem liderança e sem orientação.
A propósito: então andamos todos preocupados com a notícia de que estavam em risco as rotas de Lisboa para o Pico, Faial e Santa Maria, e quando Bruxelas autoriza à SATA que elas se mantenham, uma “fonte oficial” da companhia corre a dar a notícia a um jornal de Lisboa?!
A tutela já não informa as populações destas boas notícias sobre obrigações de serviço público?
O que virá a seguir?

 

Quem quer um PO 2030?

 

O clima de desilusão e crispação que se vai instalando junto dos parceiros sociais, acerca de vários aspectos da governação, está bem patente nos pareceres que ficamos a conhecer, esta semana, sobre o Plano Operacional 2030 elaborado pelo governo.
O essencial das críticas está definido no parecer do Conselho Económico e Social dos Açores, em que todos os parceiros dão um bom puxão de orelhas a quem elaborou aquele documento sem rasgo.
Pior do que fazer comparações com dados de 2019, quando no momento presente já existem informações actualizadas de 2020  e 2021, é a tónica do discurso burocrático e administrativo de toda a anteproposta, em plano inclinado para o sector público, enquanto que o privado é tratado como sector menor.
O PO 2030 é um conflito de intenções entre o que está lá descrito e o programa do governo, que anunciava outro paradigma para o crescimento económico, com base na aposta no sector produtivo.
Com este documento, é o sector público que volta a engordar.
Já não bastava o famigerado PRR, temos agora mais uma “bazuca pública”, a confirmar que os Açores não sairão da cepa torta enquanto não houver coragem para mudar aquilo que é preciso mudar.
Espera-se uma revisão, de alto a baixo, desta pobre proposta.

 

 

Ilhas de (grande) Valor

 

Alguém sabe para que serve a empresa Ilhas de Valor?
Se é para pagar os prejuízos dos campos de golfe, é preciso uma empresa pública para isso?
Esta semana levou consigo mais 1 milhão de euros, tirados do nosso bolso, em jeito de adiantamento, para depois descontar num contrato-programa, a assinar ainda este ano.
Isto significa que esta empresa pública é para continuar, sem que se vislumbre qualquer tipo de actividade, a não ser absorver prejuízos de outras empresas que gere... bem mal!
Era isto o novo paradigma?

 

 

Loucuras da guerra

 

Já tínhamos um homem louco a promover invasões a países e a reiventar a história.
A Putin juntaram-se alguns apoiantes portugueses para apoiar a loucura.
O fanatismo político e ideológio tira a lucidez a muita gente.
Só não se percebe a razão porque esta gente, tão pródiga a elogiar “os amanhãs que cantam” de regimes totalitários e carniceiros, não vai viver para lá, preferindo o conforto de países que prezem a liberdade.
Noutra vertente, é de louvar as acções de solidariedade para com o povo massacrado da Ucrânia, por parte de tanta gente voluntária nesta ilha.
Já encheram mais do que um contentor e os cidadãos continuam a contribuir.
Aí está uma excelente resposta contra os que defendem a loucura da guerra e os loucos que a promovem.
No meio do Atlântico ainda há valores que se levantam.

 

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