A guerra que gera guerra

A guerra que gera guerra

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Numa breve pesquisa online pelo significado de guerra, encontra-se: oposição e luta, conflito armado, inimizade declarada e atos de hostilidade. As definições são muitas e derivam do seu contexto, o certo é que as guerras começam muito antes das armas serem disparadas e, muitas vezes, nem a presença destas é necessária. A guerra na Ucrânia e as suas reações têm sido interessantes de acompanhar. Como mera espetadora, destaco alguns pontos.
Persiste a ideia de que, sendo a guerra um fenómeno barbárico, só os outros – aqueles de lá – é que a fazem.
Esta ideia de “é lá não é cá”, perfaz uma moralidade e superioridade coletiva de quem não conhece a História. A acompanhar, vem a ideia de que esta guerra “é mais importante”. Em Portugal, vários artigos dos media apresentam expressões como a “guerra no mundo civilizado”, “guerra na europa” ou “a ocidente”.
A memória de muitos falha ao pensar na guerra da Síria, Iémen, Afeganistão, Palestina e Iraque. Mencionar esta última é particularmente relevante por ter iniciado na Cimeira das Lajes, em território açoriano, posteriormente também usado como apoio para o belicismo. Entre estas guerras estão muitas outras, ainda neste século, após a segunda guerra e com a intervenção de países europeus e grandes potências mundiais que, por oposição, se dizem civilizadas.
Independentemente dos seus contextos históricos, bem como da complexidade inerente destes conflitos, em todos morreram inocentes, destruíram-se culturas, património e a oportunidade de acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos e económicos. As populações locais são sempre as verdadeiras vítimas de poderes despóticos disfarçados de luta pela democracia, basta ver como acabaram as guerras e o estado em que ficaram os respetivos países. Sobre o mercado da venda de armas e de empresas privadas especializadas na guerra, passo à frente.
Para fugir a possíveis acusações de “whataboutism”, será óbvio (mas mesmo assim necessário) dizer que, nenhuma guerra, em qualquer continente e contexto fará sentido ou é a solução. A recente invasão russa da Ucrânia, por estar realmente mais perto de casa, tem vindo a demonstrar que efetivamente a guerra gera mais guerra. Particularmente, a guerra de quem tem mais razão nos grupos do Facebook, de quem condena mais depressa, de quem ajuda mais, de quem falou primeiro, de quem avisou, de quem vai ou não às demonstrações. A guerra contra a verdade, a guerra do imediatismo que resulta na publicação de notícias falaciosas, a guerra da procura de bodes expiatórios dentro das comunidades.
A verdade é isenta de ideologia, mas na luta por esta há guerra todos os dias, com ou sem armas. A guerra não é só lá. O aproveitamento político e hipócrita da guerra é cá.

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