Desmistificação e Efeitos Positivos da Legalização
Rafael Pereira

Desmistificação e Efeitos Positivos da Legalização

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Nos mais variados pontos geográficos ao longo de todas as fronteiras mundiais tem-se assistido a uma vaga de legalização da Cannabis Sativa para fins recreativos e medicinais, findando a Era da exclusão e indução errada desta planta Canabinácea.
É imperativo dar a conhecer a ligação entre a Cannabis e os portugueses, uma vez que, faz parte da nossa cultura e permitiu que fôssemos o maior império do mundo, na época dos descobrimentos. Nesta época, Portugal utilizava o cânhamo para criar e remendar as velas das nossas tão bem faladas naus, produto altamente resistente e que veio a ser uma das principais causas da ilegalização da Cannabis aquando da criação dos têxteis a partir de produtos químicos, por questões económicas.
É igualmente importante perceber que, ao longo dos anos, o Homem utiliza a planta anteriormente referida não só, mas também, pelas suas propriedades medicinais. A sua primeira referência no âmbito da saúde ocorreu a meados de 2978 A.C., num relato que afirmava diversos benefícios da mesma tanto no combate da malária, da patologia reumatológica e da insónia, como também, pelo efeito elevadamente satisfatório das suas propriedades sedativas, antidepressivas e analgésicas. De acordo com estudos e pesquisas mais recentes, a Cannabis fornece tratamentos para atenuar dores crónicas causadas pela a artrite, fibromialgia e enxaquecas, permite a diminuição de inflamações provenientes da síndrome do intestino irritável - doença de Crohn - e artrite reumatoide. Para além disso, estimula o apetite em pacientes com imunodeficiência adquirida – SIDA; cancro - alivia náuseas e vómitos causados por tratamentos extremamente invasivos, como é o caso da quimioterapia, evita a degeneração neuronal, uma das causas de doenças como Alzheimer e Parkinson, entre outros.
A Cannabis contém diversas substâncias, nomeadamente, o Canabidiol (CBD) que atua diretamente no sistema nervoso central, com grande potencial terapêutico, o Canabigerol (CBG) percursor dos canabinóides, o Canabinol (CBN) que contém um efeito sedativo, o bioflavonoide, com propriedades antioxidantes, antivirais, antibacterianas e anti-inflamatórias e, por fim, o composto mais conhecido, o THC (tetraidrocanabinol), a substância responsável pelos efeitos psicoativos, provado desde 1967 D.C., por Harris Isbell e respetiva equipa. Após esta descoberta estima-se que os níveis de THC, com o cruzamento dos mais diversos tipos da planta e com diferentes formas de cultivo, subiram drasticamente.
O acesso ao THC revela-se uma agravante problemática, dado que, a ilegalização da planta elimina qualquer possibilidade de existência de um padrão de qualidade do produto consumido, criando divergências abismais na concentração da substância psicoativa do produto adquirido, albergando efeitos desiguais e impossíveis de serem controlados sem um rastreio e controle da Cannabis.
As variantes mais comuns de Cannabis são a Sativa, produtora de experiências sensoriais eufóricas e a Indica, produtora de experiências sensoriais relaxantes. Aliados a estas experiências sensoriais, estão também outros sintomas como é o caso da distorção da perceção espacial, intensificação sensorial, perturbações de memória a curto prazo, catalepsia, hipotermia, analgesia, o aumento do apetite e o efeito antiemético. Com o aumento da frequência de consumo da Cannabis o corpo adapta-se e deixa de produzir os efeitos descritos com tanta intensidade.
De todas as drogas acessíveis no mercado, a Cannabis é a que apresenta menor risco de overdose, menor grau de dependência psíquica e menor toxicidade, provando assim, ser uma fraca ameaça social e que a sua legalização acarreta mais benefícios do que malefícios.
A legalização da Cannabis possibilitará a criação do controlo de qualidade anteriormente referido, que interferirá diretamente em todas as consequências relatadas como negativas, fará diminuir os índices de criminalidade, impulsionará economicamente diversas entidades privadas servindo de exemplo os tão famosos Coffee Shops e o próprio Governo, que pode adquirir capital através de impostos, inclusive, em quantias superiores aos provenientes do tabaco. Por fim, adquirir-se-ia uma abordagem inovadora relativa ao consumo de Cannabis desde os mais novos aos mais sábios, quebrando diversos tabus e desmarginalizando todo um conjunto de conceitos que são, à data, cientificamente provados como errados.

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