O protagonismo dos croniqueiros
Rui Martins

O protagonismo dos croniqueiros

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De há algum tempo a esta parte, alguns cronistas da nossa praça vão proclamando sentenças ao actual Governo Regional, mas sobretudo a esta coligação e aos seus líderes partidários, nomeadamente ao Vice-Presidente Artur Lima.
E incidem normalmente, pasme-se, sobre o protagonismo dos protagonistas! Ora, então não é o que se pretende de qualquer governante? Fazer chegar às pessoas o que de novo, relevante ou inovador se conseguiu concretizar?
Não poucas vezes, dizem os croniqueiros, que os partidos menos representativos da Coligação têm um peso desproporcional face à representatividade atribuída pelo povo. Efectivamente tenho dificuldade em perceber esta linha de raciocínio. O peso relativo dos partidos da Coligação tem que estar vertido é no Programa de Governo. O Programa de Governo é que define os propósitos desta solução e, obviamente, reflecte as propostas e o rumo que foi sufragado pelos Açorianos. E aí, não vejo essa desproporcionalidade. Eu, enquanto Deputado do CDS não sinto que este seja um Programa de Governo do meu partido, do PSD ou do PPM. Esse foi o equilíbrio conseguido pelos 3 líderes partidários desta solução governativa.
A partir daí, há um segundo aspecto que relevo, e que tem que ver com a composição do Governo, o que importa verdadeiramente é competência, empenho e conhecimento dos assuntos políticos. Por que motivo haveria, quem é efectivamente protagonista da acção governativa, abdicar desta prerrogativa? Porque há uns croniqueiros que querem ser eles os protagonistas? Querem eles próprios ditar as suas sentenças a partir das suas colunas nos jornais?
A liberdade de opinião é uma prerrogativa da nossa democracia, e que eu muito prezo. E considero que uma opinião informada, é um contributo válido para o seu fortalecimento. O problema surge, quando por uma urgência caciquista, se vai por atalhos, se faz a crítica pela crítica, por bairrismo, azia ou instilação do ódio.
Relativamente às novas rotas anunciadas para a Ilha Terceira, e ao facto de o Vice-Presidente do GRA - com competência especifica na Aerogare determinada pelo seu conhecimento específico do dossier - veio logo a turba proclamar que isto era como no passado (sublinhado meu), que havia ingerência e que eram decisões ruinosas para satisfazer caprichos.
Até um assessor do Partido Socialista, fazendo de conta que não pertencia a esse passado, veio dizer, e cito “Costuma dizer-se que o que se fez no passado deve servir de aprendizagem…(…) qualquer leigo sabe que no passado houve opções relacionadas com aeronaves e rotas que não lembravam a ninguém.”
Então vamos a factos, citando o Presidente do Conselho de Administração da SATA na Comissão de Economia:
-“as rotas no centro das atenções Terceira» Nova Iorque, Montreal e Oakland – têm uma margem de contribuição de 430 mil € para a SATA; 93, 54 e 283 mil € respectivamente. Todas têm contribuição positiva, caso contrário não aconteceriam.” Viabilidade económica estamos conversados.
- “O produto vai ser péssimo. (…) o aeroporto (de PDL) não tem instalações e nós vamos assistir a 600/700 passageiros a chegar, quando há capacidade para processar 150/160 por hora.”
- “Teoricamente, dir-se-ia que se deviam centralizar todos os voos num HUB e depois distribuir”, mas nem temos aeroporto para um adequado processamento, “nem temos frota para distribuir passageiros nesse modelo”. Parece-me que caprichos e bairrismo afinal também não estão na base da decisão.
Por isso, o protagonismo deve ser de quem se destaca em qualquer acontecimento, área ou situação, e não de quem o quer obter julgando que com os seus escritos define a governação da Região.

 

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