Vêm aí os maiores aumentos  de sempre nos combustíveis
Diário dos Açores

Vêm aí os maiores aumentos de sempre nos combustíveis

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A invasão da Rússia  na Ucrânia já está a provocar as primeiras ondas de choque nas economias europeias.
Os preços dos combustíveis vão disparar na próxima semana, batendo mesmo os maiores recordes de sempre, o que também se reflectirá nos Açores.
Com o preço do barril de brent a bater máximos (116 dólares ontem, mas especialistas a preverem que chegue nos próximos dias aos 150 dólares), os consumidores vão agora ter de pagar mais para abastecer o carro e as indústrias vão sofrer também com isso nos seus custos de produção.
A partir da próxima Segunda-feira, tanto o gasóleo como a gasolina vão ficar mais caros no continente, com o diesel a aumentar 14 cêntimos, o maior aumento semanal de sempre, enquanto na gasolina a subida vai ser de oito cêntimos.
O líder dos empresários açorianos, Mário Fortuna, já tinha alertado, na edição do Diário dos Açores de Quarta-feira passada, que “o reflexo destes ajustamentos chega, também, aos Açores, porque estamos num mercado integrado e os nossos preços dependem, em boa parte, das flutuações dos mercados, mesmo com a maior fatia a depender dos impostos”.

E a seguir
serão os bens alimentares

E acrescentou: “Num contexto de subida dos preços do petróleo nos mercados onde o compramos ou passamos os custos acrescidos ao consumidor ou então o governo aceita reduzir os impostos sobre os combustíveis (tax holiday), o que não será muito provável dada a situação orçamental do país. Previa-se que o ajustamento dos mercados de energia se faria na primeira metade de 2022, regressando-se à normalidade a partir daí”.
Esta situação tenderá a agravar-se com a crise entre a Rússia e a Ucrânia, “não só nos combustíveis como também no abastecimento de produtos alimentares”.
Jorge Rita, Presidente da Associação Agrícola dos Açores, também já se tinha manifestado preocupado comas subidas de matérias primas para o sector, nomeadamente as rações, o que se tornará numa bola de neve em termos de aumento de custos em toda a cadeia de produção.

Mitigar e aligeirar os custos

É neste sentido que os governos terão de intervir, no sentido de aligeirar os custos, para permitir que a economia não estagne ou sofra algum revés.
O Secretário de Estado da Energia anunciou já ontem que haverá medidas para mitigar a subida dos combustíveis, mas considerou “impossível” anulá-los.
O governante sublinhou que se trata de “minimizações, mitigações e escolha de setores prioritários que devem ser protegidos”, considerando ser “impossível” anular os efeitos da crise energética motivada pela pandemia, pela seca e pela invasão russa da Ucrânia.
“É impossível, a crise existe e vai ter impactos, portanto não é possível eliminar esses impactos, podemos mitigá-los”, sublinhou o secretário de Estado.
João Galamba referiu que estão em análise medidas novas e um eventual reforço das que já tinham sido tomadas, como o AutoVoucher, estando, para isso, a ser levadas a cabo conversas com o Ministério da Economia e o das Finanças.
Questionado sobre um alívio do peso dos impostos sobre os combustíveis, que ronda os 60% do preço final, João Galamba apontou que “o Governo não se apropria dos impostos para si e dos impostos sobre os combustíveis” e que “eles existem para financiar importantes despesas de que beneficiam todos os portugueses”, como, por exemplo, escolas e hospitais.

Governo dos Açores preocupado

Por sua vez, o Governo dos Açores espera que o impacto da guerra na Ucrânia “não prejudique” o plano europeu de recuperação pós-pandemia, sendo esta “uma matéria” que preocupa o Executivo regional, disse o Subsecretário da Presidência.
“Não queríamos que isso acontecesse, mas sabemos bem que estas novas circunstâncias vão exigir resposta dos estados europeus e da União no seu conjunto, que vão exigir um esforço orçamental da própria União que esperemos que não prejudique aquilo que está planeado em termos de recuperação”, disse Pedro Faria e Castro.
“Mas é uma matéria que nos preocupa porque vivemos de prioridades e temos de entender quais são neste momento essas prioridades, sendo certo que também a nossa recuperação económica não deixa de ser uma dessas prioridades”, acrescentou.
Pedro Faria e Castro falava em Marselha, à margem da 9.ª Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios, organizada pelo Comité das Regiões Europeu.
“Neste momento, aqui neste espaço, o nosso objectivo é também darmos, em nome dos Açores, essa solidariedade ao povo ucraniano [que uniu a Cimeira durante os trabalhos], não deixando obviamente de ter em conta os aspectos base desta conferência, que é precisamente a necessidade de pedir às instituições da União Europeia que promovam todas as medidas necessárias e adoptem as melhores decisões para que a recuperação do pós-pandemia seja efectiva”, afirmou.
“O mesmo acontece com as alterações climáticas” e “com a necessidade de as regiões e cidades participarem em todos os planos que estão a ser traçados a nível mundial e no âmbito da União Europeia sobre o problema ambiental”, afirmou, numa referência a outro dos grandes temas que estavam no foco do debate da cimeira de Marselha, quando foi convocada, antes da invasão russa da Ucrânia.
O Subsecretário Regional da Presidência do Governo dos Açores sublinhou as “muitas dificuldades” que a região tem enfrentado com a Covid-19, devido ao isolamento e num momento em que actividades como o turismo estavam em crescimento aquando da chegada da pandemia.
Por outro lado, e no âmbito do debate do futuro da União Europeia e do funcionamento das instituições, Pedro Faria e Castro considerou que os Açores “deviam ter uma voz mais forte” nos processos de decisão europeus.
Uma via para esse objectivo pode passar pela alteração “da natureza” de órgãos como o Comité das Regiões Europeu - que tem actualmente um papel consultivo - ou pela representação nas instituições, como no Parlamento Europeu, com a criação, por exemplo, de círculos eleitorais regionais nas eleições europeias que garantam eurodeputados dos Açores, afirmou.
Actualmente, acrescentou, as regiões “estão nas mãos dos partidos”, cujas estruturas nacionais decidem se colocam os candidatos ao Parlamento Europeu indicados pelas estruturas regionais em lugares elegíveis.

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