Histórias à procura de novas  audiências para a nossa arte, ou “to be, or not to be” um livro aberto ao público
Terry Costa

Histórias à procura de novas audiências para a nossa arte, ou “to be, or not to be” um livro aberto ao público

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No mundo de acordo com as redes sociais, a narrativa pessoal é o mais importante. O Instagram chama o perfil de “a sua história”; os vídeos mais populares do TikTok documentam um dia na vida; o Facebook constantemente conecta-nos com “amigos” que aparentemente não nos lembramos; o nome do YouTube diz do que se trata.
Como artista, quando resistimos a essa pressão? E, quando será uma boa ideia derrubar as barreiras entre a arte e a vida?
Há muitas razões para manter as barreiras altas. Quando a maioria dos artistas açorianos fazem malabarismos entre um trabalho diário e uma família com a sua carreira artística e mal têm tempo para ir ao estúdio, oficina ou escritório onde se dedicam à sua arte, o melhor instinto é manter a prática artística separada do resto da sua vida. Mas, às vezes, apetece espiar por cima da cerca para ver quais oportunidades podem estar à espreita no próprio quintal.
Alguns artistas, poucos, mas alguns nesta região, ainda vivem só da sua arte. Estes artistas têm histórias inusitadas que atraem as pessoas para o seu trabalho, seja nas belas artes ou performance. Sabias que pinturas de paisagem tornam-se mais interessantes quando aprendes que o artista começou a vida como sapateiro? A performance é mais apelativa para o público quando sabem que passaste os anos da faculdade a ganhar trocos na esquina da grande cidade? Tua avó é que te ajudou a moldar as tuas primeiras peças, ou aprendeste música com o comunista da tua freguesia? As audiências de hoje às vezes dão mais valor à história por detrás da arte do que ao próprio produto final.
A tua história, seja ela qual for, as conexões pessoais, o trauma, as anedotas de vida ajudam a criar maior visibilidade para a arte e oferecem uma plataforma muito mais abrangente para chegar a novos públicos.
Como disseminar essas histórias além do teu blog, ou sala oficial online?
Foste para o pós-secundário? Muito provavelmente a tua faculdade tem uma revista que pode publicar histórias sobre ex-alunos graduados. Fazes parte de entidades, associações ou municípios que têm newsletters? Conheces o jornal local, online ou impresso? E que tal a tua igreja, clube ou biblioteca local - muitos oferecem palestras para o público. Convidas teus vizinhos para os eventos artísticos? Hoje em dia, o artista tem que cumprir várias tarefas, que dão sempre mais trabalho que executar a arte. Faz parte da nossa sociedade. E, quem ignora, ou tem um belo orçamento que pode contratar outros a o fazerem, ou fica esquecido num mar de imagens competitivas que nos bombardeiam constantemente.
As primeiras pessoas que assistem ao nosso trabalho, compram as telas ou os bilhetes, geralmente são amigos e familiares porque conhecem-nos pessoalmente. Temos que pensar em criar uma ponte semelhante entre a nossa arte e o resto do mundo. Ou, continuar no incógnito, porque não necessitamos da nossa arte para viver. Tudo faz parte da nossa história e não há ninguém melhor para saber qual o caminho, ou caminhos, que desejamos conduzir.

*MiratecArts

 

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