Amadeu Zeferino (Canetas):  Uma referência histórica do futebol açoriano
Eduardo Monteiro

Amadeu Zeferino (Canetas): Uma referência histórica do futebol açoriano

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Desportistas do meu tempo

Comecei a ver jogos de futebol com o meu Pai, no Campo Municipal de  Angra do Heroísmo, quando o Amadeu Zeferino (Canetas)era a grande atração do momento pois tinha acabado de ser transferido do Angústias Atlético Club para o Sport Club Angrense (época 1955/56). Para a rapaziada  mais nova do Liceu de Angra do Heroísmo, nos quais eu me incluía, habituados a preencher os tempos livres a jogar futebol no Estádio da Pedra, a chegada do conceituado jogador e ídolo do futebol faialense,que já tinha actuado nas reservas do Sport Lisboa e Benfica, era um acontecimento importante no desporto terceirense. Assim, quando tínhamos oportunidade íamos ver os treinos e jogos do Angrense onde também pontificavamo Laureano, Aníbal, Carlos Silva, Edmundo, Vilaverde e muitos outros que, nos meus últimos anos de estudante no Liceu de Angra, foram meus companheiros na equipa senior do Sport Club Angrense.
O Amadeu Zeferino nasceu na freguesia das Angústias na cidade da Horta (1930) e estudou na escola primária local. Começou a jogar basquetebol e futebol no final da década de 40 no clube da freguesia, o Angústias Atlético Club. Mais conhecido por “Canetas”, herdou esse apelido quando o Pai o foi ver jogar pela primeira vez. Ao ver o filho equipado de calções referiu que as suas pernas magras pareciam umas canetas, o que foi logo aproveitado por terceiros para o apelidarem de “Canetas”. Na época de 1950/51, optou exclusivamente pelo futebol até (1952/53), tendo na época seguinte aceitado o convitedo Sport Lisboa e Benfica onde alinhou na equipa de reservas. Longe da família e alguma dificuldade de adaptação a  Lisboa, resolveu regressar ao Faial. Na temporada de 1954/55, voltou a envergar a camisola do clube da sua freguesia, o Angústias.
Como jogador de futebol demonstrou ser um praticante dotado de uma qualidade técnico-desportiva acima da média e um sentido de oportunidade notável. Era um executante primoroso na marcação de golos de cabeça ou com o seu pé esquerdo, das mais diversas maneiras. Foi sempre um desportista exemplar, com uma atitude sempre positiva e  orientada para um bom desempenho no sistema colectivo da equipa. Quando se tornava necessário, assumia a liderança da equipa em campocom o objectivo de se alcançar a desejada vitória.  As suas exibições foram decisivas nos resultados e títulos alcançados pelas equipas que representou durante a sua carreira desportiva.
Assim, ao serviço do Angústias Atlético Club foi campeão da Associação de Futebol da Horta nas épocas de 1950/51, 1952/53 e 1954/55 tendo conquistado o título Açoriano nesta última temporada. Em representação do Sport Clube Angrense conquistou os títulos da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo nas épocas de 1955/56, 1958/59, 1959/60 e 1961/62. Na temporada de 1959/60 fez parte da histórica equipa do S.C. Angrense onde pontificavam jogadores como Laureano, Carlos Silva “Trator”, Aníbal, Vilaverde, Horácio, Pires “Pistola”, Miranda, Edmundo, Almeida, Morais e José Gonçalves que, para além de terem sido campeões da AFAH, também conquistaram o título Açoriano. Nessa mesma época,foram campeões Insulares e  venceram o Torneio das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada.Este palmarés reflete perfeitamente a influência que o Canetas teve nos êxitos desportivos dos clubes onde actuou.
Entretanto, aos 33 anos de idade, entendeu que estava na altura de regressar ao Faial, tendo efectuado a sua derradeira temporada (1963/64), da sua longa e prestigiante carreira desportiva, no clube onde começou a jogar, o Angústias Atlético Clube da cidade da Horta.Após ter deixado de jogar desempenhou as funções de treinador do Angústias tendo conquistado o título da AFH na época de 1970/71. Sem grande motivação para as funções de treinador resolveu aceitar um convite para arbitrar uns jogos do  INATEL continuando assim ligado ao futebol.
 O Amadeu Zeferino, um ídolo do futebol açoriano, foi sempre uma pessoa simples e educada no relacionamento que mantinha com todos os companheiros de equipa,dos mais veteranos até aos mais novos. Pelo facto de sermos ambos avançados e jogarmos mais próximos,beneficiava permanentemente dos seusensinamentos. Duas décadas depois(entre 1982 e 1989), quando trabalhei na Secretaria Regional de Educação, nas deslocações em serviço à ilha do Faial, encontrava-me  habitualmente com o meu amigo Canetas nas imediações do Café Peter. Naquele maravilhoso local com a majestosa montanha do Pico à nossa frente, recordávamos episódios dos bons tempos vividos na equipa do S.C. Angrense.

Até sempre Amigo “Canetas”.

 

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