Uma agremiação da Ribeira Grande que engrandece o Arquipélago
Diário dos Açores

Uma agremiação da Ribeira Grande que engrandece o Arquipélago

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Sporting Clube Ideal

Tendo como designação oficial Sporting Clube Ideal, muitos adeptos consagram-no numa palavra: Ideal.
De facto, esta expressão traduz a imagem de um clube desportivo de existência quase centenária, muito enraizado na tradição futebolística da cidade nortenha e que, para gáudio da população da Ribeira Grande, consegue protagonizar manchetes nas secções desportivas dos jornais dos Açores.
O Sporting Clube Ideal, sediado na Ribeira Grande, é filial do Sporting Clube de Portugal e deu início à sua atividade em fevereiro de 1931. Dizem-no, sem, contudo, adiantar provas. O mais seguro é ter sido em Abril de 1933, ou em data próxima.
No centro histórico da Ribeira Grande, o clube detém uma estrutura enorme nos parâmetros regionais.
Sobressai no olhar do visitante não só o tamanho como também a bonita fachada pintada de branco e verde.
 Estrutura essa, que, no interior, proporciona ao visitante a contemplação dos troféus conquistados, além de um bar.
Apesar de terem existido momentos menos bons na sua história, o SCI é ainda a escolha de muitos jovens e adolescentes para a formação no futebol, pois o clube tem equipas de petizes, traquinas, benjamins, infantis, iniciados, juvenis, juniores e seniores.
Além disto, apostou no futsal com equipas principais, quer masculina quer feminina, e na formação: juniores masculinos e femininos.
Atualmente à frente da instituição está Jorge Correia, a quem dirigimos algumas questões, que serão do interesse do público, em geral, e dos aficionados do futebol, em particular.

Sr. Correia, o que o levou a disponibilizar-se para estar à frente do SCI?
 Eu vinha sendo diretor desportivo no clube, houve um vazio da direção (não houve ninguém para `pegar´ no clube). Reuni com diversos diretores, diversos amigos, e cheguei-me à frente.
Em 2018 foi a eleição para o primeiro biénio, à frente do SCI, e em 2020, a reeleição.

De entre todos os elementos que por este clube passaram, quem destacaria em especial e porquê?
Destaco todos, cada um à sua maneira com dificuldades e forças próprias, os que passaram por aqui deram o seu melhor, seria injusto nomear somente um.
 Fui diretor na presidência do Jorge Amaral que foi um bom presidente.
Quem diz ele, diz o Ricardo Silva, com quem também colaborei, e que fez um trabalho um excelente. Também posso nomear outros presidentes:o Hernâni Costa, o Carlos Humberto.
Aproveito esta entrevista para comunicar que o meu ciclo na presidência SCI está no fim. Vou-me embora.
Não obstante, vou lutar com as armas todas para o clube não descer de divisão.
Além disso é também objetivo deixar o clube `saudável financeiramente´.
Tenho esperança que apareça sangue novo após nova eleição dado que na atualidade há pouca gente querendo ser diretor no clube e com o intuito de revitalizar o clube.
Acho que está na fase certa para os Idealistas, os que dizem que são os verdadeiros Idealistas, terem a iniciativa e darem sustentação ao clube.
Quatro anos decorridos à frente do SCI, eu, como se diz na gíria `estou todo espremido´.
Por outras palavras, não há mais sumo a dar como presidente.
No futuro, quero trabalhar no SCI com o novo presidente, em novas funções, naquilo em que eu puder ajudar.

E épocas? Houve alguma que o marcou particularmente?
Sim. 2012. Foi o primeiro ano na função diretor, nessa época, 2012/2013, conseguimos levar o clube às competições nacionais, na presidência de Jorge Amaral, era eu diretor desportivo.
Depois descemos, no ano a seguir. Apostamos em nova subida e conseguimos subir. Com muitas dificuldades todos os anos é desafiante conseguir a manutenção.
Contudo, através da resiliência e perseverança, o clube tem mantido o lugar e está bem vivo nos nacionais.

Quais são as dificuldades com que o clube se depara atualmente, já que conquistou apoios, representatividade, instalações de vária ordem? Sente que falta o quê?
O clube precisa de reestruturação. Neste sentido, nós contratámos o Prof. Rui Mosca.
 É uma pessoa íntegra e tem muito conhecimento do futebol. Irá ser o coordenador até terminar a época.
Penso que a nova direção devia contar com ele, mas esse é um problema da próxima direção.

Li uma entrevista em que o presidente abordou o desafio que espera as quatro equipas açorianas, já que terão de disputar um `play-off´ no Campeonato Portugal. Dessas quatro, terão de descer duas.  Embora haja essa condicionante, que perspetivas de curto, médio e longo prazo tem projetadas para o SCI?
Em princípio está tudo confirmado as quatro equipas irão disputar um `play-off´ para ver quem é que desce: das quatro descerão duas.
Foi uma engenharia `bem feita´ e ainda os clubes assobiaram para o lado e ninguém reclamou.
A Associação de Futebol Ponta Delgada acha que isso é um modelo justo, no entanto os dirigentes SCI não foram ouvidos neste processo.
A FPF fez assim, ninguém reclamou. Agora está feito.
Uma coisa é certa, quem vai perder é o futebol açoriano. Porque se jogamos com equipas do continente é um risco, mas nesse caso, podemos perder ou ganhar, mas assim não é um risco, é um dado adquirido: duas equipas açorianas vão descer aos regionais.
Pronto, quando as pessoas querem delinear a competição nestes moldes, por localidades, a gente tem de ir para o campo lutar com as armas que tem. Vamos lutar para a manutenção uma vez mais. E penso que vamos conseguir a manutenção.
Agora tenho muita pena é das equipas da Série Açores, na medida em que no grupo, quatro irão disputar a fase final gastando milhares de euros em viagens sabendo que descerão automaticamente.

Considera que a população da Ribeira Grande reconhece o esforço dos dirigentes e dos atletas do clube?
Acho que não, sou sincero.
Em específico, falarei dos adeptos do SCI. É assim: quando ganhas, a população aparece, de resto é a característica cultural no futebol português.
O SCI é um clube problemático, nós sentimos bem. A adesão da população está relacionado com o rendimento da equipa em campo.
A equipa estando bem, os adeptos aparecem e apoiam. Muitos apoiam, mas não querem que venha o nome à baila, o SCI é um clube grande, detém muitos adeptos.

Ao nível institucional, considera-se apoiado pela edilidade?
Sim. A CMRG (Câmara Municipal Ribeira Grande), dentro das suas possibilidades, sempre esteve ao lado do SCI, na minha presidência. A relação tem sido boa. Temos de ter atenção a situação pandémica - o SCI passou dificuldades, eu levei com essa época marcada pela pandemia, sei o que passei. Estou cansado disso.
Não fugindo à questão, a CMRG sempre esteve ao lado do SCI.

Considera que existe complementaridade entre os vários jogadores, mais precisamente entre os mais velhos e experientes e os mais novos e cheios de garra?
Sim, numa equipa de futebol tem que existir complementaridade, liderada pela estrutura técnica.
É missão da estrutura de futebol, da equipa técnica, criar uma amizade (conciliar as personalidades, os feitios dos jogadores de futebol) e uma mística ganhadora. Como nós sabemos são mais de 20 jogadores. Ninguém ganha jogos sozinho.

E quanto à participação de jogadores estrangeiros, como é que vê a entrada de nomes estrangeiros para o clube?
Nós temos todos que evoluir, já que o SCI só com jogadores da casa, locais, não consegue a manutenção, pois o campeonato é exigente.
Devemos aproveitar não só as diversas culturas dos jogadores integrados no concelho da R. Grande mas também aprender com esses jovens incluídos na     família do SCI.

Como é que a comunidade os vê, é acolhedora?
Antes via com estranheza. Agora, vejo uma evolução.

Qual é o seu maior orgulho neste momento, enquanto dirigente do clube?
Em primeiro lugar servir o SCI não me servir do SCI. Em segundo lugar, nós conseguimos alcançar o patamar atual o Campeonato de Portugal por mérito nosso.
Com uma envolvência muito grande, inclusive de muita gente anónima que passou nas direções prévias.
Não fui eu sozinho, não foi o Ricardo Silva sozinho, não foi o Jorge Amaral sozinho.
Foram, inclusive, os presidentes antigos que lutaram para o Ideal ficar vivo.
Em terceiro lugar, há um projeto alicerçado na formação, nomeadamente nos campeonatos conquistados nos juniores e foram três campeonatos.
Disputámos os regionais e estivemos perto de participar nos nacionais. Temos de aproveitar a qualidade deles e apostar neles para a equipa principal.
Em quarto lugar, dado que a FPF(Federação Portuguesa de Futebol) impõe três estrelas para clubes formadores, numa escala 1 a 5 eu tenho orgulho nas  três estrelas atribuídas pela FPF ao nosso clube. Graças a pessoas que trabalham sem fazerem questão de dizer o nome delas, conseguimos cumprir com esse caderno de encargos exigente da FPF.
A próxima direção deverá ter consciência para aproveitar o bom que fazemos e corrigir as coisas negativas é. O clube não é perfeito, longe disso.

Tendo em consideração que nos equipamentos dos escalões de formação está inscrito o nome de Álvaro Moura, que, na opinião de muitos adeptos, foi proativo na edificação da sede do SCI, que palavras lhe merece o legado dele?
O Sr. Álvaro Moura, e outras pessoas que trabalharam com ele nesta estrutura, deixaram um legado no edifício do clube muito valoroso.
Este clube detém uma sede enorme. Poucos clubes nos Açores detêm uma estrutura do tamanho do SCI. Lembro que existiu uma envolvência muito grande da população da R. Grande, principalmente do Sr. Álvaro Moura, Sr. Carlos Pinto e do Sr. Eduardo, na comissão de obras. Tiveram uma visão muito boa.
Essa estrutura detém uma história de trinta anos.
Naturalmente que tivemos de reestruturar o edifício, base de sustentação do clube. Acredito que, se não houvesse esta sede, o clube teria fechado.   
Por isso, estou muito grato ao Sr. Álvaro Moura.

O clube tem uma formação muito boa!
Sim, a prova está à vista: neste ano ganhámos consecutivamente três campeonatos juniores de São Miguel. Isso permitiu-nos disputar com as equipas da AFH (Associação Futebol Horta) e da  AFAH (Associação Futebol Angra Heroísmo) e  alcançámos o título de campeão açoriano.
Primeiro título de campeão açoriano do clube! É um orgulho, pois o SCI já teve grandes equipas de juniores e na sua longa história não tinha conseguido esse triunfo.
Naturalmente que esses atletas juniores irão ser potencializados na equipa principal. Penso o SCI é um clube de futuro!

Por tudo isto escrito neste trabalho, era um clube consubstanciado na formação,no presente alavancado pela formação, e no futuro com os muitos adeptos que poderão ser o `sangue novo´ referido por Jorge Correia, essa juventude se agregar em torno da nova direção que será eleita há potencial para o SCI continuar um clube grande no nosso arquipélago!

 

por Júlio Moura(*)
(*) Técnico Especialista em Turismo de Ar Livre

 

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