Luís Bretão: um dirigente desportivo por Excelência
Eduardo Monteiro

Luís Bretão: um dirigente desportivo por Excelência

Previous Article Previous Article Há menos empresas e menos trabalhadores por conta de outrem nos Açores
Next Article Autoritarismo  e democracia Autoritarismo e democracia

Desportistas do meu tempo

Tivemos o primeiro contacto com a família Bretão, logo no primeiro dia do Liceu, quando se iniciaram as praxes aos caloiros e o José Bretão (o mais velho dos rapazes), era quem as liderava.
Recordamos, com um enorme sorriso, que cada um de nós teve que fazer uma espécie de juramento com um penico na cabeça nas casas de banho dos rapazes.
 Depois, houve pinturas faciais e algumas tesouradas no cabelo para, de seguida, sair a procissão da caloirada que percorreu as principais ruas da cidade de Angra do Heroísmo acompanhada de alguns cânticos inovadores.
O João Bretão era do nosso ano e, por esse facto, tivemos muito contacto durante todo o percurso liceal.O Jorge Bretão, embora andasse dois anos à nossa frente, jogou andebol connosco nas equipas liceais  e o Luís Bretão, o benjamim da família, entrou para o Liceu no ano seguinte.
Entretanto, depressa verificámos que o mais novo, o Luís Bretão, não se acomodava e organizava, sempre que possível, umas jogatanas de qualquer modalidade desportiva nas tardes das quartas-feiras, aquando das actividades da Mocidade Portuguesa.
Eram os primeiros sinais de um organizador nato de actividades desportivas juvenis e, por consequência, um potencial futuro dirigente desportivo.
Ainda recordamos, com especial carinho, das deslocações da Associação Académica Terceirense a Santa Maria para participação em torneios de andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins e provas de natação, no âmbito das comemorações de aniversáriodo Clube Asas do Atlântico.

Hóquei em Patins

Contudo o Luís Bretão não foi, sómente, um organizador de actividades desportivas para os colegas do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, também foi um praticante entusiasta de hóquei em patins. Durante as décadas de 50 e 60 do século passado, o hóquei em patins era uma modalidade muito apreciada na ilha Terceira, tendo surgido nesse tempo grandes equipas que se destacaram no desporto açoriano, tais como, o Sport Clube Lusitânia (irmãos José e Francisco Nunes, Isidro, Basílo Sousa, José Fragoso e Aires Filomeno), o Sport Clube Angrense (Vitor Rocha, José Metade, Vitor Fragueiro e Guilherme) e o Sport Cube Marítimo (Jorge Bretão, Nazário Fragoso e Fernando Castro).Nos anos 60, o Luís Bretão fez parte da equipa do seu clube de sempre, o Lusitânia, tendo como companheiros  Basílio Sousa,  Diocleciano Silva, Luís Ourique, João Manuel Isidro e Zeca Berbereia.

Basquetebol

Entretanto, com o lançamento do basquetebol a nível escolar pelo Prof. Nuno Monteiro Paes e a consequente formação das equipas do Ginásio do Lawn Tennis Club e dos Escuteiros da Base e, posteriormente, de mais algumas colectividades de Angra do Heroímo e da Praia da Vitória a modalidade começou a popularizar-se e a consolidar-se.
Nessa altura, o maior problema  residia na falta de árbitros, ou seja, encontrar jovens com perfil para a arbitragem.
Ninguém melhor que o Prof. Monteiro Paes conhecia a rapaziada que gostava de desporto, pelo que o Luís Bretão, com apenas 15 anos de idade, foi convidado para exercer aquelas funções. Na qualidade de árbitro (uma revelação), teve a oportunidade de dirigir muitos torneios, principalmente entreequipas femininas daquela época, nas antigas instalações desportivas do Lawn Tenis Club, então localizadas na zona do Alto das Covas.
 Mais tarde, após ter iniciado a sua actividade profissional na cidade de Ponta Delgada, foi treinador das equipas masculina e feminina de basqueteboldo Clube União Sportiva tendo, ainda, actuado como árbitro nas provas organizadas pela Associação dos Desportos de Ponta Delgada.

Dirigente Associativo

A transferência profissional do Luís Bretão para a  ilha Terceira deu início, de facto, ao seu notável percurso de dirigente desportivo ao serviço da comunidade terceirense.
Os seus primeiros passos, na área da gestão desportiva (anos 60), foram dados no cargo de vogal da Associação de Desportos de Angra Heroísmo (ADAH), e, no início da década de 70 desempenhou as funções de Presidente da mesma instituição. Após o aparecimento das associações de modalidade, a partir de 1982, exerceu as funções de: Presidente da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira (ABIT), Presidente da direcção do Sport Clube Lusitânia, vice-presidente da Assembleia Geral do Núcleo Sportinguista da Ilha Terceira e Presidente da Assembleia Geral da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira. Actualmente é sócio honorário da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo.

Delegado Distrital da Direcção Geral dos Desportos

Aquando da implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, no início de 1975, sob a orientação do, então, Director Geral dos Desportos, Prof. Melo Carvalho, foi criada em cada distrito do continente e ilhas uma delegação dos desportos. O então Governador Civil, Dr. Oldemiro Figueiredo, convidou o Luís Bretão para delegado distrital de Angra do Heroísmo. O convite foi aceite, mas Luís Bretão fez questão de rodear-se de um conjunto de colaboradores que formaram a denominada “Comissão Coordenadora”, da qual faziam parte Augusto Cabral, João Botelho, José Couto, José Costa, Vitor Galvão e Paulo Augusto. Esta equipa de trabalho coordenava todas as actividades dos planos de desenvolvimento das diferentes modalidades desportivas nas ilhas Terceira, S.Jorge e Graciosa, que integravam o ex-distrito.
Nesse periodo, tive a oportunidade de trabalhar directamente com o Luís Bretão, na qualidade de Coordenador Nacional do Plano de Desenvolvimento do Basquetebol tendo como resultado, em termos práticos, o envolvimento de muitas crianças distribuídos por mais de 30 núcleos de minibasquete nas respectivas actividades locais.
 Também, como boa recordação, foram as deslocações aos Açores da equipa senior de basquetebol do Sport Lisboa e Benfica, a convite do Luís Bretão, quando éramos treinador e que, ainda hoje, são recordadas com saudade pelos antigos jogadores do Benfica, quando realizamos o tradicional almoço anual de confraternização.
O Luís Bretão com um percurso de vida ao serviço da comunidade envolvente, foi sempre  um desportista exemplar nas suas diversas facetas  de intérprete do fenómeno desportivo.
 Conduziu todas as suas intervenções, e não foram poucas, com o objectivo de prestação de um serviço público em relação à comunidade circundante. Orientou toda a sua conduta no respeito pelo Espírito Desportivo (Fair Play) e valores fundamentais do Olimpismo.
Ter sido companheiro de Liceu do Luís Bretão e colaborador activo em diversas situações de âmbito profissional fez com que a nossa amizade seja para sempre.

Share

Print

Theme picker