Residentes entre Velas e Fajã das Almas devem abandonar as suas casas
Diário dos Açores

Residentes entre Velas e Fajã das Almas devem abandonar as suas casas

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Possibilidade real de erupção vulcânica

O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”, adiantou o Governo Regional.
“Foi comunicada a subida para o nível V4 de alerta vulcânico, o que significa possibilidade real de erupção”, afirmou o Secretário Regional da Saúde dos Açores, Clélio Meneses, que tutela a Protecção Civil, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Perante este cenário, o Executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afectada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
“O que se aconselha às pessoas que vivem, entre as Velas e a Fajã das Almas, é que façam uma deslocação das suas residências, sobretudo pessoas com mobilidade reduzida, pessoas dependentes de terceiros para as suas actividades básicas, pessoas residentes em edifícios sem garantias de segurança antissísmica e residentes em zonas próximas de vertentes ou falésias de particular perigosidade de deslizamento ou desabamento, como são as fajãs”, afirmou.

Accionado Plano Regional
de Emergência

Entretanto, a Protecção Civil dos Açores activou o Plano Regional de Emergência devido à elevada actividade sísmica.
A informação foi adiantada por Clélio Meneses, acrescentando que os planos de emergência municipais dos dois concelhos de São Jorge, Calheta e Velas, também já foram activados.
Segundo o Secretário Regional, que também tutela a Proteção Civil, as medidas preventivas estão a ser tomadas com base no conhecimento do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), “em colaboração com cientistas e grupos de Islândia, Espanha e Itália”.
Várias entidades regionais e nacionais, como a Proteção Civil nacional, o INEM e a Cruz Vermelha estão também a “preparar a sua intervenção numa possível situação de catástrofe”, disse ainda.
Desde Sábado, já se registaram mais de 2.000 sismos na ilha de São Jorge, 142 dos quais sentidos pela população.
Num comunicado divulgado já depois da conferência de imprensa, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) indica que a activação do Plano Regional de Emergência de Proteção Civil tem “efeitos imediatos”.
“Mais se informa que, considerando que a presente situação implica a adopção de medidas especiais, nos termos previstos no Plano Regional de Emergência de Protecção Civil dos Açores, ficam acionados os agentes de Protecção Civil da Região necessários aos trabalhos para a resolução das ocorrências, sem prejuízo das decisões tomadas pelo comandante das operações de socorro”, lê-se na mesma nota.
De acordo com a Protecção Civil dos Açores, “ficam ainda acionadas todas as entidades e pessoas com especial dever de colaboração” nos termos do plano.
A ilha de São Jorge, de origem vulcânica, tem 3.437 habitantes no concelho da Calheta e 4.936 habitantes no das Velas, para um total de 8.373 pessoas, segundo os dados provisórios dos Censos2021.

Bolieiro em São Jorge

O Presidente do Governo dos Açores elogiou o “comportamento cívico” da população da ilha de São Jorge durante a crise sísmica e reiterou que “antes excesso de prudência” do que negligência.
“Quero deixar uma palavra também de satisfação e congratulação à população que, apesar da ansiedade, tem sido, sob ponto vista do seu comportamento cívico, muito tranquilizadora”, começou por dizer José Manuel Bolieiro, em declarações aos jornalistas, no aeroporto de São Jorge.
O líder do Governo Regional chegou ontem a São Jorge para acompanhar a crise sismovulcânica.
“Apesar dos eventos não terem sido ainda dramáticos no sentido de provocar danos, é bom estarmos vigilantes e, neste caso, antes com excesso de prudência do que negligente na acção”, acrescentou.
O Presidente do Governo disse ainda que “está tudo preparado” para a retirada de pessoas de São Jorge, incluindo um reforço de voos, porque já existem intenções de sair da ilha.

Tudo preparado para a retirada
de pessoas

“Temos tudo preparado. O Serviço Regional de Proteção Civil, o CIVISA [Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica]. Temos todas as forças preparadas”, afirmou José Manuel Bolieiro.
O social-democrata indicou que os voos para São Jorge vão ser reforçados para permitir a saída da população.
“Estamos a reforçar os voos para quem queira e já há manifestações de intenções de saída da ilha de São Jorge. Estamos já a alocar os meios e está tudo preparado. Por isso uma palavra de tranquilização”, apontou.
Questionado sobre se a saída de população é prematura, José Manuel Bolieiro disse compreender a “ansiedade” dos cidadãos e reiterou que “antes excessivo na prudência do que negligente na ação”.
“Esta ansiedade é natural e a saída é prudencial na medida em que os familiares [dos jorgenses] que não estão na ilha de São Jorge estão de braços abertos para receber e acolher. Por isso é até uma metodologia e um método muito bom”, apontou.
Sobre as expectativas para o desenvolvimento da crise sismovulcânica, Bolieiro sinalizou que “tudo pode acontecer”.
“Não podemos ter informação que nos possa ser afirmativa e peremptória quanto ao que vai acontecer. Tudo pode acontecer, nada pode acontecer”, declarou.

Pontos de referência
para a retirada

O município das Velas divulgou os “pontos de referência” (para as pessoas que precisam de transporte), os “pontos de receção” (os destinos finais) e os “caminhos de referência” a utilizar em caso de ordem para evacuação das freguesias de Manadas, Urzelina, Santo Amaro, Velas, Norte Grande e Rosais. O município acrescentou que o “alerta de evacuação será transmitido através da rádio local, das redes sociais das entidades competentes e também através dos sinos das igrejas”.
A actividade sísmica na ilha de São Jorge “continua acima do normal” e nas últimas horas “foram sentidos 11 sismos”, informou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica.

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