Materiais para construção civil aumentam 20 a 40%
Diário dos Açores

Materiais para construção civil aumentam 20 a 40%

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Empresários preocupados com subida do preço dos contentores

Os preços dos materiais de construção civil nos Açores estão a subir de forma galopante, entre 20 e 40%, conforme o material e a sua origem, segundo disseram ao nosso jornal empresários ligados ao sector.
A agravar este problema, os empresários estão preocupados com o aumento do preço dos contentores do Continente para os Açores, que também vai encarecer os produtos vendidos aos clientes.
Pedro Correia, do Grupo Papagaio, da Ribeira Grande, um dos maiores líderes do mercado na venda de materiais de construção, demonstrou a sua preocupação ao Diário dos Açores, afirmando que o problema já foi apresentado à Câmara do Comércio e à AICOPA, “mas eles não se entendem, nem fazem nada”.
“Estou a receber contentores com material de Lisboa e Porto em que antes pagava 3.200 euros e agora os armadores pedem 4 mil euros”, revela o empresário ribeiragrandense, adiantando que “quem vai, depois, pagar por tudo isso no final é o cliente”.
O encarecimento dos materiais de construção está a provocar uma debandada dos empreiteiros das obras públicas, cujos concursos para adjudicação ficam desertos, “porque os empreiteiros consideram que os preços estão desactualizados e têm receio de pegar na obra, porque os preços estão sempre a alterar”.
Os preços dos materiais estão a aumentar entre 20 a 40%, sendo que as empresas mais pequenas estão a sentir mais dificuldades, enquanto que as maiores têm mais facilidade em criar stocks, notando-se menos a falta de material.
Mais de 60% dos fabricantes nacionais estão a ter problemas em adquirir materiais no mercado internacional, não só devido à crise da guerra, mas também a problemas de transportes.
Pedro Correia explicou ao nosso jornal que os materiais com os maiores aumentos de preços são os derivados do petróleo e do ferro, como tubagens para saneamento básico e água potável.
“Os nossos fornecedores nacionais têm problemas na importação de materiais porque, lá fora, as fábricas vão cancelando encomendas devido à falta de matéria prima”, adianta o empresário, que aguardava poucos dias por uma encomenda, quando agora são vários meses.

Bens alimentares continuam
a aumentar

O aumento do preço dos bens alimentares também continua a verificar-se no mercado regional, como demos conta na semana passada com o exemplo das carnes e derivados.
A fruta importada também já sofreu novos preços, segundo alguns vendedores, o mesmo verificando-se em hortaliças e legumes.
Por enquanto não tem havido registo de ruptura de bens.
Gonçalo Lobo Xavier, Director-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), garante mesmo que não haverá uma ruptura de produtos nos supermercados, isto apesar de as expectativas apontarem para um aumento médio dos bens alimentares na ordem dos 30%, naquele que é um cenário de disrupção no mercado agravado pela guerra na Ucrânia.
“Quero começar por sossegar toda a plateia: não vai haver uma rutura de produtos. Não é preciso ir a correr aos supermercados”, disse o responsável da APED na conferência anual da Associação de Instituições de Crédito Especializada, em Lisboa.
De acordo com Gonçalo Lobo Xavier, há um “conjunto de riscos intrínsecos a tudo o que está a acontecer”, nomeadamente a escalada de preços.
E isto está a “provocar uma distorção na cadeia”, disse o Director-geral da associação que representa as empresas de distribuição.
Ainda assim, garante que não vamos assistir a uma rutura do stock nos supermercados.
A subida dos preços, que já estava em curso, veio agravar-se com invasão russa à Ucrânia, tanto ao nível da energia e dos combustíveis, como das matérias-primas.
Um aumento que já se sente nos bolsos dos consumidores.
 “O aumento médio dos bens alimentares vai ser na ordem dos 30%”, detalhou o diretor-geral da APED, considerando que isto vai ter consequências para os rendimentos das famílias.  “É um desafio enorme que vamos ter seja nas vendas digitais seja nas vendas físicas”.

Vai haver retração
do consumo

“Vai haver uma retração do consumo”, afirmou, por outro lado,  João Vieira Lopes, Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).
“Em Portugal, vai haver um choque entre a inflação” e as dificuldades financeiras que as famílias vão sentir, num cenário em que é “impossível” as empresas acompanharem o nível da inflação com um crescimento dos salários.
“Temos provavelmente espaço para haver alguma instabilidade social”, referiu, notando que, neste momento, “a situação que vivemos é a tempestade perfeita”.
Há a questão da inflação, que “já se percebeu que pelo menos nos próximos tempos vai ser uma característica estrutural”.  Por outro lado, “temos as taxas de juro”, que vão ter tendência para subir, e os problemas nas cadeias de abastecimento, que “não vai ser simples voltar a estabelecer”, disse João Vieira Lopes.
Isto depois de um período de dois anos marcado pelo impacto da pandemia em vários sectores da economia, nomeadamente turismo, mas também o sector automóvel.
Hélder Pedro, Secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), recordou que a crise pandémica levou a uma escassez de matéria-prima para o fabrico de carros novos, o que levou a um aumento da procura por carros usados.
“Há procura, mas não há produto”, referiu, numa altura em que ainda não foi possível responder por completo à procura por automóveis.

Transporte aéreo
a subir

A escalda dos preços do petróleo e o aumento do jet fuel (combustível utilizado nos aviões) têm sido agravados nas últimas semanas, à boleia da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Várias transportadoras aéreas já reagiram com o aumento dos preços praticados nas viagens, através da aplicação de uma sobretaxa de combustível.
Para já, a subida das tarifas ainda não desmotivou a procura por viagens aéreas, indicador que tem estado a evoluir a um ritmo optimista na fase pós-pandemia. Mas o cenário pode mudar rapidamente.
A despesa com combustível representa uma fatia de aproximadamente um terço dos custos operacionais das companhias de aviação que, vendo a factura disparar, estão a castigar as tarifas pagas pelo consumidor final.

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