Acompanhado, mas nem tanto. Só, mas nem tanto.
Dionísio Fernandes

Acompanhado, mas nem tanto. Só, mas nem tanto.

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Enfim sofrer , enfim angustiar , enfim desiludir, enfim ter dúvidas,
faz parte da natureza humana, e ainda não criaram um antídoto contra a vida.
Mas podemos suportar melhor tudo isto quando nos sentimos perto de outras pessoas, amigos , familiares e até os pouco conhecidos que partilham experiências semelhantes. Quando partilhamos as nossas com uma comunidade, que pode ser um grupo de terapia, um grupo religioso ou simplesmente um grupo de amigos que se encontra regularmente, tendemos a ter uma vida mais significativa.
Lembrei-me disto ao ver o espírito dos ucranianos. O apoio que procuram, que encontram, que precisam, que me faz lembrar que “nenhum homem é uma ilha”.
Vivemos num tempo de individualidades. Tu é que és importante, conta só contigo, tens de aprender a viver, desligar do mundo e viver a tua vida. Um mito, ou mitos, inútil e ineficaz, para lidar com a vida.
Problemas e dificuldades todos nós temos. Ninguém vive num mar de rosas o tempo todo. Espinhos fazem parte. Temos dificuldades no trabalho, em casa, no suportar as contas, do trânsito caótico, por causa do telefone que não toca , do e-mail que não chega, Por causa do “eu amo-te” não dito ou dito na hora errada. Por causa do diálogo que já não flui como antes, ou por causa de um problema de saúde que pode ser na gente mesmo ou em alguém que nos importa.
Nenhum homem é uma ilha.
E é tudo uma questão de equilíbrio. Nem de mais nem de menos.
Precisamos dos outros, que pode ser gente que se encontra para estudar algo ou fazer arte, jogar cartas ou xadrez, ou praticar desporto. Pode ser um grupo que se encontra apenas para conversar e misturar risos com lágrimas. Não importa. Estar junto é o que acaba fazendo a diferença. Se as pessoas não podem solucionar os nossos problemas (e devemos evitar substituir, mas intervir para , podem pelo menos mostrar aos outros e até a nós que não estamos sozinhos, que a vida é assim mesmo, mas que mesmo assim a gente vai sobrevivendo com a ajuda das pessoas que nos amam. Mas vale ressaltar que tais pessoas não podem ser meros conhecidos. Precisamos criar vínculos e tirar as máscaras sociais diante destes grupos se desejamos realmente uma lavagem na alma.
De volta aos equilíbrios.
Conviver com gente “persona”, daquelas, que só conta somar a seu proveito, e que nunca abre mão de si e se envolve, pode ser ainda mais solitário e devastador. Precisamos de pessoas inteiras , que se revelam, para sentirmos o poder da integração. Gente que desce do pedestal, que se assume com qualidades positivas e negativas, que não se imagina correta e superior, a tempo inteiro ou a “part-time”, ou que faz de vitima. Precisamos de gente que ri, que chora, que diz asneira , que ama demais, que se engana , que se revolta e que acima de tudo abraça e acolhe.
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Haja saúde

 

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