A negligência  nas alterações climáticas
Alexandra Manes

A negligência nas alterações climáticas

Previous Article Previous Article Empresa de família açoriana constrói edifício mais alto de Boston em cimento armado
Next Article O Futuro joga-se na História mundial O Futuro joga-se na História mundial

Após décadas a tratar o nosso planeta como uma lixeira infinita, temos agora consciência da necessidade urgente de preservar e reabilitar os ecossistemas ambientais.
As gerações mais novas alertaram-nos para esta nova realidade: o planeta não aguenta mais estes níveis de poluição, nem a contínua destruição do que ainda é natural. O “mau cuidar” incrementou a atual realidade das drásticas alterações climáticas, com furacões cada vez mais fortes e frequentes, com o degelo dos glaciares, com a subida do nível dos oceanos, com as chuvas ou raras ou muito violentas, que ditam a necessidade internacional, nacional e local de adequar medidas políticas e comportamentos individuais, para minimizar estes fenómenos.
Nos Açores, também já se fizeram sentir. É bem recente a memória dos danos provocados pelo furacão Lorenzo, mesmo com a sorte de nos ter atingido num baixo nível de intensidade, mas que mesmo assim, deixou o porto comercial de Lajes das Flores destruído e mais de 3000 pessoas sem abastecimento de bens, por via marítima.
Para além do que já vivenciamos, os estudos científicos também nos indicam que nada nos protegerá desta nova realidade, que causará danos estruturais e colocará em risco a vida de açorianas e açorianos.  
Em virtude do resultado de um estudo da DECO, foi notícia, na passada semana, o facto de 18 dos 19 municípios da nossa região, não ter qualquer tipo de medidas de combate às alterações climáticas delineado e convertido num plano que permita aceder a um conjunto de linhas políticas orientadoras para a mitigação e adaptação a uma realidade que já nos afecta.
No entanto, o estudo da DECO concluiu também que nenhum município apostana transparência da informação que é facilitada aos munícipes através dos sites municipais, seja nas políticas implementadas no respetivo concelho, nos impactos das alterações climáticas ou na pegada ecológica do concelho. Ou seja, não disponibilizam qualquer tipo de informação a este respeito.
Esta conclusão é preocupante, pois é sinal de que se está a negligenciar as alterações climáticas que nos afetarão com fenómenos atmosféricos severos. Também é a prova de que fóruns, comunicações sem que se adequem os discursos à prática, de nada servem.
Há, sem dúvida, um caminho a percorrer no sentido de preparar a nossa região. Está mais do que na hora de envolver as e os cidadãos, preparando cada concelho, protegendo-nos a todas e a todos.
Hora de apostar em soluções na mobilidade, na habitação, na gestão de resíduos, na alimentação e na eficiência energética.
Caberá, essencialmente, às autarquias promover a segurança da população, avaliando o grau de exposição do seu município às manifestações das alterações climáticas.
Fica aqui a nota, mais uma vez, do mau exemplo que está a ser dado pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, que persiste no erro ambiental de construir uma obra de betão em cima de uma duna que oferece proteção natural. Isto é um exemplo do que não se deve fazer!

* Deputada do BE na ALRAA

Share

Print

Theme picker