Alerta em São Jorge!

Alerta em São Jorge!

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Como se já não bastasse a inquietação em que estamos todos com a invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia e a horrível guerra assim imposta, bem como as inerentes consequências, que já começam a fazer-se sentir e vão sê-lo ainda mais nos tempos próximos, brindou-nos agora a Mãe-Natureza com uma forte crise sismo-vulcânica na Ilha de São Jorge.
A nossa solidariedade com os Jorgenses é total e completa! Estamos, todos os Açorianos, irmanados na mesma fragilidade da beleza das  nossas ilhas, dispersas no meio do mar, assentes sobre três diferentes placas tectónicas, que em profundidade entre si interagem, em choque perpétuo, por vezes sentido na superfície do planeta, que é precisamente onde há muitas gerações, quase precisamente há meio milénio, os nossos antepassados se fixaram.
O que estão agora sofrendo os Jorgenses, em susto e incerteza, poderia estar, e de facto já esteve em outras alturas, a passar-se com cada um de nós, nas nossas ilhas de origem ou residência. Daí a nossa preocupação com a saúde e o bem-estar daqueles nosso concidadãos, e a plena disposição de os ajudar em tudo o que estiver ao nosso alcance.
É de resto de louvar a pronta atitude de serviço que estão dando as nossa legítimas autoridades regionais, sob a liderança directa do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, presentes no terreno, a orientar o comportamento dos serviços e dando exemplo, bem necessário, de calma e tranquilidade. E o mesmo vale para todos os que, com responsabilidades públicas ou na qualidade de simples cidadãos, já se disponibilizaram para acolher, ou até estão mesmo já acolhendo, as pessoas que decidiram deixar as suas casas e refugiarem-se temporariamente em lugar seguro.
Já passámos por muitas crises deste género e temos por isso experiência e saber acumulado sobre o que se deve e o que se não deve fazer em tais circunstâncias. Resta-nos por isso cumprir as responsabilidades de cada um com serenidade, sem precipitações nem especiais nervosismos.
É admirável o progresso feito na monitorização científica da crise, conforme aliás sublinhou o Presidente da República, ao visitar no Domingo passado a Ilha de São Jorge, para exprimir o seu apoio ás autoridades regionais, que estão na direcção da resposta aos acontecimentos, com o auxílio dos meios facilitados pelas Forças Armadas, sempre prontas para acorrer onde seja preciso.
 A este respeito comprova-se uma vez mais, embora nem seja necessário, a importância da existência da Universidade dos Açores, onde se aloja o CIVISA, que mantém uma vigilância permanente, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sobre as nossas vulnerabilidades sismo-vulcânicas. Tudo o que seja facilitar a permanente modernização dos equipamentos disponíveis e o progresso da especialização dos peritos empenhados em tal serviço é de absoluta prioridade, para melhor defesa do interesse regional.
Vem aqui a propósito uma reflexão sobre a apressada vinda para o local da crise de múltiplos cientistas, de variada proveniência, todos trazendo sofisticados equipamentos e ansiosos par valorizar a sua presença junto dos órgãos de comunicação social, também deslocados à pressa para a Ilha de São Jorge, para dela emitirem em directo. O risco de discursos diferentes e apreciações mais ou menos alarmistas é real e deveria ser evitado, desde que, como a prudência aconselha, os visitantes, que são sempre bem-vindos, se articulassem com os técnicos do CIVISA, em vez de se aventurarem pelos campos por sua conta e risco e  saltarem depois para a frente dos microfones, em criticável ânsia de protagonismo e para mostrarem serviço feito.
Em registo totalmente diferente se colocaram as intervenções do Presidente Marcelo, secundando os apelos à calma e contra qualquer forma de alarmismo do Presidente Bolieiro, que se mantém, como é devido, no se posto de comando, que os Açores são uma Região Autónoma, isto é, que se governa a si própria através de órgãos de governo próprio democraticamente legitimados. Em situações de crise, como a presente, estar lá, onde tudo se está passando e as pessoas estão sofrendo, é absolutamente imprescindível!
Quando se fala da possibilidade de uma erupção vulcânica, que já aconteceu em São Jorge, em tempos históricos, ficamos todos aterrados, pois temos bem presentes as imagens horríveis de destruição deixadas pelo recente vulcão da Ilha da Palma, nas Canárias. Mas os que têm mais idade ainda se lembram do que se passou no Faial, durante a erupção do Vulcão dos Capelinhos.
Sobre grandes terramotos, ficou-nos a experiência terrível do de 1 de Janeiro de 1980, que destruiu a cidade de Angra do Heroísmo e boa parte da Ilha Terceira e ainda da Graciosa e de São Jorge. Menos grave foi o de 1998, no Faial, e também sentido nas outras Ilhas do Triângulo. A Reconstrução levou o seu tempo e seguiu vias diferentes, mas em ambos os casos acabou melhorando as condições de vida da população.
Esperemos que Nosso Senhor tenha dó de nós, nada disso aconteça agora em São Jorge e que a crise se supere, retornando a normalidade do nosso pacato viver ilhéu.

 

* Por convicção pessoal, o Autor não respeita o assim chamado
Acordo Ortográfico  

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