De volta às origens: Projecto Viva Açores  Conhecer é Viver!
Diário dos Açores

De volta às origens: Projecto Viva Açores Conhecer é Viver!

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Numa iniciativa inédita, o Grupo ND de Santa Catarina, no Brasil, acaba de criar um projeto multiplataforma de comunicação e negócios que celebrará os 275 anos de povoamento açoriano naquele estado brasileiro.
Várias ações, nos seus diversos canais de comunicação, estão previstas até janeiro de 2023, data do aniversário de imigração ao território brasileiro.
Uma comitiva do Governo Regional dos Açores composta pelo Secretário Regional da Agricultura, António Ventura, em representação do Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, pelo Diretor Regional das Comunidades, José Andrade e a equipa de comunicação oficial, esteve no Brasil, de 23 a 29 de março, para cumprir agenda pela ocasião do 270º aniversário de presença açoriana na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.
Depois dirigiu-se à cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, para o lançamento do projeto especial que atenderá a interesses bilaterais “Viva Açores – Viver é Conhecer!”.
Participou também, de forma independente da comitiva, um grupo de jornalistas da Agência Lusa de Notícias, RTP e Antena 1.
Localmente, o grupo foi acompanhado pelo Presidente da Casa dos Açores no Estado de Santa Catarina, Sérgio Luiz Ferreira, pelo Conselheiro da Diáspora Açoriana de Santa Catarina, Willian Agostinho Marques, e pela correspondente do Diário dos Açores.
“É um projeto do coração” - assim define o Presidente Executivo do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli, a sua motivação na concepção do “Viva Açores -Conhecer é Viver!”, um sentimento que nasceu depois de sua visita ao arquipélago.
“A gente vive aqui muito próximo dos Açores, falando, ouvindo, interagindo com a cultura, a culinária, a história, mas pouco conhecemos de forma física e palpável. Então foi isso que nos tocou”, revelou Petrelli a uma plateia de uma centena de pessoas no Palácio Cruz e Sousa.
Estão previstas 36 reportagens especiais e uma série com duas horas de duração no final de 2022.
Nas redes sociais e jornal impresso serão diversos conteúdos, incluindo programa de música açoriana exclusivo na rádio web.
Petrelli prometeu o empenho de muita energia e investimento “para que o projeto seja um divisor de águas em termos de integração entre os dois mundos, dois hemisférios, do passado, presente para o futuro. Esse é o legado”.
Segundo o diretor de conteúdo do Grupo ND, Luís Meneghim, do ponto de vista editorial, é um projeto jornalístico.
“Começou com a ideia de dar visibilidade para Santa Catariana aos açorianos e fazer com que os catarinenses conhecessem Açores. E daí evoluiu para mostrar as similaridades que existem no turismo, na gastronomia, na arquitetura, na questão da religiosidade e o que há de novo em termos de empreendedorismo e tecnologia. A partir daí, vai valorizar esse povo que construiu Santa Catarina: Florianópolis, Itajaí, São Francisco do Sul e muito da região sul do estado”, completou Meneghim.
Custeado pelo Grupo ND, em parceria comercial com a iniciativa privada, principalmente aquela de raízes açorianas, contará com o envolvimento de mais de 300 profissionais, entre jornalistas e equipa de produção no Brasil, no continente português e na região.
Segundo Meneghim, todo o conteúdo produzido será repassado de forma gratuita aos meios de comunicação açorianos.
O projeto “Viva Açores – Conhecer é Viver!” começa em abril e vai até o início de 2023.

Sobre o GRUPO ND

Sediado na cidade de Florianópolis, é um dos maiores conglomerados de mídia brasileiro, com mais de 600 colaboradores e alcance de milhões de impactos diários.
Além do Portal ND+, líder de audiência do estado na internet, reúne canais de comunicações multiplataforma.
- Jornal Notícias do Dia
- NDTV Florianópolis
- NDTV Blumenau
- NDTV Chapecó
- NDTV Criciúma
- NDTV Itajaí
- NDTV Joinville
- Record News SC (por meio de acordo operacional)
- Revistas Show me e Its
- ND Rádio
- Rede sociais Instagram, Facebook e mais de uma centena de grupos no WhatsApp

Gravação de Bolieiro

Devido à crise sísmica, o Presidente José Manuel Bolieiro cancelou a sua participação. Em nota gravada declarou: “muito nos orgulha este projeto que não só resgata os ‘santa catarinenses’ de origem açoriana, como igualmente ajuda nesse presente e para o futuro”.
Segundo estatísticas, no décimo estado mais populoso do Brasil, com mais de sete milhões e trezentos mil catarinenses, 1 em cada 5 habitantes é de origem açoriana.
Por outro lado, António Ventura destacou a criatividade do projeto, considerando este atributo como um dos principais desafios da humanidade atual no desenvolvimento de todas as áreas. No aspecto da comunicação, Ventura ponderou que a criatividade é quem faz a mensagem ser entendida por mais pessoas e que vai garantir o sucesso do projeto Viva Açores, que julga ser extremamente criativo.  

Fomento de negócios bilaterais

A seguir ao evento de abertura, o Governador do estado, Carlos Moisés, ofereceu um almoço a um seleto grupo de convidados na Casa d’Agronômica, afirmando que “o Governo do Estado de Santa Catarina caminha lado a lado com este projeto”.
Já na pauta açoriana, a comitiva mostrou que não veio em turismo.
Ventura frisou a importância do incremento de negócios entre Brasil e Açores, principalmente no tocante à exportação dos produtos da marca Açores, muitos deles de qualidade premium e Denominação de Origem Protegida – DOP.
Segundo o Secretário Regional, “não se trata de quantidade, mas de qualidade. Os produtos são muito adequados ao consumidor gourmet brasileiro. Há-de-se encontrar uma política alfandegária mais flexível para que isso aconteça”.
Do lado da iniciativa privada, o projeto também tem a intenção de despertar o interesse de mais brasileiros participarem da Comunidade Europeia, a partir dos Açores.
Petrelli destacou o potencial de negócios ligado ao projeto: “essa integração do comercial, do capital é muito importante, porque não dizer, as pessoas saírem daqui para empreender lá e formarem lá suas famílias, numa pequena colonização e retribuição a tudo que os Açores nos deram.”
Por fonte não revelada, partiu a informação de que uma grande rede de supermercados já estaria interessada em importar a marca Açores, de forma localizada, e assim rentabilizar a divulgação do programa com a venda dos produtos regionais.
O lançamento do Projeto Viva Açores foi o último compromisso institucional de Gean Loureiro, como Prefeito de Florianópolis, pela arrancada pela sua campanha eleitoral a governador.
Para Loureiro “o projeto é um fortalecimento da integração Açores-Florianópolis. Isso refortalece o nosso turismo, a nossa cultura e é um orgulho para quem vive em Florianópolis”.

Desbravar o melhor
das origens açorianas

A escritora e socióloga, Lélia Pereira da Silva Nunes, colaboradora regular do “Diário dos Açores”, será a responsável pela curadoria do projeto.
Há tempos vem sendo articuladora e embaixadora da cultura açoriana em Santa Catariana.
Por meio de seu vasto conhecimento sobre as relações entre Brasil e Açores, Nunes dará um grande contributo ligado aos fatores históricos e culturais e também promete dar atenção ao património imaterial envolvido, como a gastronomia, os festejos, principalmente a Festa do Divino, e outras manifestações.
Autora de obras que exploram esta ligação tão especial, Lélia Nunes já se ocupou de várias posições de ordem pública e atua também como membro da Academia de Letras de Santa Catarina.
A curadora foi firme no seu pedido pessoal de cooperação ao Governador Carlos Moisés durante o encontro com a comitiva.
Segundo ela, “o convite foi inesperado, mas é a realização de um antigo sonho”.

Casa dos Açores
em Santa Catarina

O Diretor Regional das Comunidades do Governo de Açores, José Andrade, acompanhou o lançamento com bons olhos, como objetivo maior de aproximar as “10 ilhas”, Florianópolis e todo o arquipélago.
Para a Casa dos Açores de Santa Catarina a boa nova do projeto é um possível restauro do imóvel histórico para instalação de nova sede, no distrito de Santo António de Lisboa.
O presidente, Sérgio Luiz Ferreira, acredita que a iniciativa ajudará muitos açorianos a conhecer mais os seus antepassados, uma das principais missões da entidade.
O conselheiro da Diáspora Açoriana em Santa Catarina, William Agostinho Marques, ressalvou ainda que são milhares de denominações “Açores” por todo o estado, em edifícios, empresas, produtos e estabelecimentos de diversos tipos, sem que haja o conhecimento de fato das origens.

Honrar a todas as
manifestações culturais

A cerimónia no Palácio Cruz e Sousa contou com a abertura da exposição “Paisagem Açoriana”, que regista as expedições pelo arquipélago, da autoria do fotógrafo Joel Pacheco, descendente de açorianos.
No seu livro, intitulado “Florianópolis -A Décima Ilha dos Açores – O Encontro das Origens”, Pacheco traçou visualmente as muitas similitudes entre a geografia insular, a arquitetura, náutica, modo de vida e costumes.
“Procurei deixar aqui uma imagem de cada ilha. Quando eles (os açorianos) sabem que você é brasileiro, oferecem-nos para conhecer as suas casas, experimentar os melhores queijos, os melhores vinhos. É muito gratificante e formoso mostrar esse trabalho agora”, agradeceu o fotógrafo.
Eula Maciel e Edson Machado, ativistas da arte à frente do Instituto Internacional Juarez Machado, comemoraram (O projeto Viva Açores), que vai resgatar tanto a história como a contemporaneidade.
“Esse caminho de duas vias vai fortalecer o nosso processo cultural entre os dois países. E sobretudo aqui em Santa Catarina, a descendência açoriana sai enriquecida com este diálogo efetivo a partir de agora. A cultura agradece”, afirmou Machado.

Devoção ao Divino além-mar

O Padre Marcos Mario Bubniak, coordenador da Pastoral do Migrante na Arquidiocese de Santa Catarina, celebrou missa-homenagem na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, a única que ainda não tinha sua própria coroa do Divino Espírito Santo.
Mediante a assembleia e comitiva,  Bubniak enalteceu a doação, pregando que “a fé do povo e a religiosidade na festa do divino aqui da prainha vão crescer ainda mais, porque são os migrantes que nos ensinam a valorizar a fé. Como diz o Papa Francisco ‘cada imigrante leva a sua fé consigo’. Nós fomos contagiados de geração em geração e hoje essa fé vai ser mais fortalecida por essa coroa, que simboliza muito para nós e para toda a igreja”.

A migração Açoriana em SC

6 de janeiro de 1748
Chega à Santa Catarina o primeiro grupo de 461 açorianos e açorianas
De 1748 a 1754
O movimento migratório totaliza mais de 6 mil pessoas, principalmente do conjunto  de ilhas centrais: Graciosa, Terceira, São Jorge, Pico e Faial;
A partir de 1930
O deslocamento açoriano ao Brasil diminui com o decreto de cotas de imigração pelo então presidenteGetúlio Vargas;
De 1966 a 1975
Um fenómeno migratório recomeça em função do Salazarismo. Mais de 100 mil açorianos deixaram o arquipélago, mas poucos vieram para o Brasil.
1999
Criação da Casa dos Açores de Santa Catarina

jornal@diariodosacores.pt

 

Por Marisa Furtado, enviada especial
do Diário dos Açores

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