Diário dos Açores

O Reencontro

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É impossível ficar indiferente à enorme manifestação de Fé que se vive, por estes dias, em Ponta Delgada, com epicentro no Campo de S. Francisco.
O reencontro deste ano tem uma emoção especial, depois da longa pandemia que obrigou à suspensão das festas, dos enormes sacrifícios por que passaram famílias e empresas e, agora, com os relatos incríveis da guerra na Ucrânia, que nos convoca a todos a uma reflexão conjunta sobre o futuro da humanidade.
Foi uma decisão de bom senso de todos os envolvidos em voltar a organizar as festas deste ano com as suas formas tradicionais, religiosas e profanas, acrescidas com a bonita ideia de manter a Imagem do Senhor Santo Cristo exposta no adro do Santuário durante algumas horas nestes dias.
A presença de D. José Tolentino Mendonça é uma honra para todos os açorianos e é preciso que ele leve consigo para Roma, para além da enorme manifestação de Fé deste povo, o nosso descontentamento pela demora na nomeação de um bispo e no tratamento pouco cuidado que tem sido dado ao processo de beatificação de Madre Teresa d’Anunciada.
Cá dentro, também não se compreende a demora na criação de um Museu, no Convento da Esperança, dedicado à riqueza exemplar do tesouro do Senhor Santo Cristo, com uma das colecções mais ricas de todo a Península Ibérica.
Em Janeiro de 2007, o antigo Reitor do Santuário, Monsenhor Agostinho Tavares, já defendia a construção da estrutura, tendo recebido o apoio da Câmara Municipal de Ponta Delgada, com a intenção de tornar acessível ao público um património que todos reconhecem de grande alcance internacional.
Não é por falta de espaço. O Convento da Esperança tem um espaço com mais de 12 mil metros quadrados, com jardins, pátios, hortas, um imóvel com cinco pisos e uma área coberta total de cerca de 5 mil metros quadrados.
As vontades têm surgido, começando pela Irmandade, cujo anterior Presidente, o empenhado Eng. António Costa Santos, já dizia que era “um sonho com muitos anos, pois o Tesouro merece, de facto, outra organização e segurança”.
Há mais de dez anos foi pedido ao então Director do Museu de Ponta Delgada e sua esposa, especialistas em museologia, um projecto condigno para o efeito.
O documento foi elaborado, com trajecto definido, separação de vidro em determinadas zonas, acompanhamento musical, catálogo e outros equipamento adequados.
O Bispo de Angra terá recebido a proposta e respondeu que iria estudar o assunto. Até hoje!
Recordava então o Presidente da Irmandade que “em todo o sítio do mundo civilizado, paga-se uma entrada simbólica para ver os tesouros da Igreja, para ajudar as Dioceses. Por outro lado, tratas-e de mostrar às pessoas o que representa a Fé de todos nós, pois tudo o que lá está foi oferecido por nós”.
Aos anos que vimos repetindo esta velha aspiração, em todos os domingos do Senhor Santo Cristo, esperando-se que, desta vez, haja mais luz.
Para já, o que importa é o Reencontro de hoje.
A alegria da Festa é o sinal por excelência da retoma à normalidade das nossas vidas, que tanto ansiamos.
Mais uma vez saberemos celebrar este retorno à vida, cada um com dimensão diferente, mas com o mesmo olhar Naquele que é a concentração das nossas atenções e preces por estes dias.
Boas Festas!

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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