Diário dos Açores

António Frias: Desportista exemplar pioneiro do basquetebol terceirense

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Desportistas do meu tempo

Ainda andávamos nos primeiros anos do Liceu Nacional de Angra do Heroísmoquando, num domingo à tarde, fomos ver um jogo de basquetebol, entre as equipas  dos Escuteiros da Base e do Ginásio do Lawn Ténis Club, no antigo ginásio (já substituído) do departamento americano da Base das Lajes. Embora o encontro decorresse bastante equilibrado, desde logo ficámos deveras impressionado com a qualidade de um jogador do Ginásio, que nunca tínhamos visto actuar. Pouco depois, disseram-nos que era um praticante com experiência, de seu nome António Frias, que já tinha jogado no Uniãode Coimbra.
Poucos anos mais tarde, quando a rapaziada da nossa idade, por impedimento dos mais velhos, que entretanto tinham ido para o serviço militar obrigatório, avançámos para a equipa principal de basquetebol dos Escuteiros da Base (fundados pelo Padre Lino - Capelão da Base Aérea nº 4). A prioridade nos confrontos com o Ginásio era anular o António Frias. A tarefa não era fácil, não só pela diferença de idade como também pela nossa falta de experiência. Quantos menos pontos ele marcasse mais hipóteses tínhamos de vencer os jogos e, assim foi a estratégia adoptada com o decorrer do tempo, até finalizarmos o percurso liceaL e irmos para Lisboa frequentar o Instituto Nacional de Educação Física (INEF), então a única escola de formação de professores de educação física em Portugal.
Enquanto estudante no ensino superior fora do arquipélago, aproveitávamos as férias grandes, passadas na ilha Terceira, para participar nos torneios de verão de basquetebol que se realizavam no Ringue de Patinagem, com o objectivo de revermos os amigos e de nos mantermos em forma. Nessas ocasiões, para além de termos o prazer da companhia de antigos colegas do Liceu (José Couto, Clínio Costa, José Duarte, Henrique Monteiro, José Pato François e outros) também tínhamos o António Frias, nãocomo adversário, mas sim como companheiro de equipa (Ginásio), atendendo a que a equipa dos Escuteiros já tinha sido extinta há alguns anos. Foi, nesse nosso novo relacionamento, que o ficámos aconhecer melhor através do seu dinamismo, do seu entusiasmo contagiante, assim como, doempenhamento em conseguir apoios para a organização eparticipação em torneios de basquetebol, que mantivessem a malta aderente em permanente actividade e regular convívio.

No seu percurso de vida, ligado ao desporto, fez parte da selecção da Terceira de basquetebol orientada pelo Prof. Monteiro Paes que, na cidade da Horta,  venceram as congéneres do Faial e de S.Miguel num torneio regional ali realizado.Foi o principal responsável pelo aparecimento da equipa feminina de basquetebol do Ginásio do Lawn Tenis Club, da qual também foi seu treinador. Exerceu funções de coordenação da modalidade na Delegação Distrital de Angra do Heroísmo da Direcção Geral dos Desportos e, ainda teve tempo, para ser Presidente do Sport Clube Lusitânia.
Entretanto, os anos decorreram mas o  António Frias continuou a ser o grande impulsionar da rapaziada veterana na  participação nos torneios, deste escalão etário, nos quadros competitivos organizados pelodepartamento norte americano estacionado na Base das Lajes.Como desportista exemplar de desportos colectivos, procurou sempre que as actividades que organizava ou se propunha participar, fossem extensivas aos seus amigos também praticantes de basquetebol.Tivemos a oportunidade de alinhar, no período de 1982 a 1989, enquanto desempenhámos as funçõesde DREFD na Secretaria Regional da Educação, nos referidos torneios de veteranos na Base das Lajes, que eram sempre complementados com uns jantares de convívio na freguesia das Lajes.
Entretanto, na década de 80, as associações de desportos  desdobraram-se  em associações de modalidade. As forças vivas do basquetebol terceirense escolheram, por unanimidade, o António Frias como Presidente da nóvel Associação de Basquetebol da Ilha Terceira, como meio de reconhecimento e agradecimento por tudo quanto ele tinha feito pelo basquetebol da ilha lilás. Uma escolha justa pela sua dedicação e competência nos assuntos específicos da modalidade. Um voto de confiança na futura equipa de trabalho, que ele viesse a escolher, para dirigir os destinos da modalidade na  ilha com grande prestígio no basquetebol açoriano.
O António Frias teve um papel preponderante na promoção do basquetebol em particular e do desportoem geral, junto da juventude terceirense e açoriana ao longo de muitas gerações. O seu percurso como praticante, treinador e dirigente fala por si, tendo servido de exemplo para muitos  desportistas (rapazes e meninas) da ilha Terceira. A sua dedicação ao desporto, durante tão longo período, fez com que tenha granjeado muitos amigos e admiradores.
Até sempre Amigo Frias.

Eduardo Monteiro *

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