Diário dos Açores

Teoria da Educação e Formação de Professores: Conceções, Perspetivas e Práticas

Previous Article Açores não souberam aproveitar Mário Mesquita
Next Article Teatro regressa à Domingos Rebelo Teatro regressa à Domingos Rebelo

Estou lendo a Página do MIL - Movimento Internacional Lusófono. Já tornaram público um outro livro publicado pelas Edições MIL, livro Coordenado por mim, Intitulo “Teoria da Educação e Formação de Professores. Conceções, Perspetivas e Práticas”, com a colaboração de vários/as professores/as de vários Países, incluindo Portugal (Açores), naturalmente, Cabo Verde e Brasil. O livro foi editado no passado mês de abril deste ano de 2022. No livro participam 22 professores/a, uma Colega do Ensino Secundário e os outros/as Colegas do Ensino Superior Universitário e Politécnico.

Referência:
Medeiros, Emanuel Oliveira [2022] (Coordenador). Teoria da Educação e Formação de Professores. Conceções, Perspetivas e Práticas. Lisboa: Edições MIL.
De seguida fica, para partilha. o texto da “Introdução” ao livro. em livro em unidade e pluralidade, na Complexidade do Conhecimento.
Um Livro de Referência, com traço internacional, que esperamos aprofundar e alargar noutros livros, se Deus quiser.

Aqui fica a “Introdução” à Obra Teoria da Educação e Formação de Professores: Conceções, Perspetivas e Práticas

É com grande alegria que vejo tomar corpo e forma este livro. Não é mais um. Cada livro é singular, tem uma fisionomia própria e uma enunciação que é sempre única e singular. Antes de mais, quero dirigir um agradecimento especial a todos/as os/as professores/as e investigadores/as colaborantes, com partilhas e aportações de autoria única ou em co-autoria. Lançamos o desafio e houve manifesto acolhimento de profissionais do ensino – todos estão no ativo, mesmo que estejam na chamada reforma. Em cada dia reformamo-nos. Se atendemos à palavra ela própria nos diz e elucida Reforma, afinal, o que acontece é um processo de transformação num processo de ensino e educação ao longo da vida. Mesmo quem está numa cama fala-nos e interpela-nos, ensina-nos, educa-nos e conduz-nos. Quem acompanha, com amor, pessoas idosas sabe que os olhos falam numa profundidade intensa e, até, comovente. É a vida, é o Milagre da vida, que é muito mais do que aprendizagem ao longo da vida. Prefiro dizer, com fundamento, Educação ao Longo da vida, um processo dinâmico que passa por aprendizagens mas também desaprendizagens num caminhar de Sabedoria. No livro Pensar (1992), - último livro em vida – Vergílio Ferreira afirma: “Levei quarenta anos a explicar coisas aos alunos. Ficou-me assim o vício de explicar, mesmo o inexplicável. Precisava agora de outros quarenta anos para desaprender a explicação do que expliquei”. (Ferreira, Vergílio, Pensar. Lisboa: Bertrand, p. 178, 1ª edição). Afinal, desaprender é constitutivo do próprio ato de aprender. Além disso há que integrar a aprendizagem na Educação, bem como na Cultura. Mais do que professores reflexivos, muitas vezes não passa de mera retórica, precisamos de professores cultos, capazes de terem uma Compreensão da Complexidade dos fenómenos, como tanto tem aprofundado Edgar Morin. E da sua vasta Obra destaco um pequeno grande livro, como a própria enunciação o revela, desde logo: Amor, Poesia e Sageza.
E foi com sageza que os autores/as deste livro escreveram os seus textos. Não vou fazer nenhuma recensão dos textos. Isso fica para cada leitor/a, em unidade e diversidade, no mesmo modo que foi em unidade e diversidade que cada autor/a enunciou o seu próprio texto, a partir de um tema proposto, assim enunciado: Teoria da Educação e Formação de Professores: Conceções, Perspetivas e Práticas.
Mas quero, também neste contexto, afirmar que neste livro há abraços da e na Lusofonia, que espero que cresçam no futuro e nisso procurarei dar sempre o meu contributo. Neste livro temos a colaboração de Professores/as de Portugal, incluindo os Açores, naturalmente, Cabo Verde e Brasil. Ainda mais nos dias de hoje ser amigo é um tesouro. Também quero destacar a presença de uma colaboração de uma Professora de Espanha, o que também é sinal da internacionalização, para além da Lusofonia, que só por si mesma já marca a internacionalização.
Pela sua diversidade e unidade, este livro dará um contributo decisivo – assim desejamos – na e para a Formação Educadores/as de Professores/as, uma Formação Pluridimensional, na expressão profunda do Professor Doutor Manuel Ferreira Patrício, de Saudosa Memória.
Este livro coletivo, bem como outros, da minha autoria, foram publicados pelo MIL – Movimento Internacional Lusófono. Agradeço ao Professor Doutor Renato Epifânio toda a colaboração e acolhimento.
Este livro é um contributo para a Formação de Professores/as mais Cultos e atentos à complexidade dos fenómenos educativos, que vão muito para além da escola. Somos Pessoas e Professores/as, Profissionais do Ensino e da Educação. Um dos textos tem a peculiaridade de traçar epistemologias pessoais e profissionais, cruzando com histórias de vida, trata-se de um método e objeto de reflexão e investigação à qual também conferimos muita importância.
Precisamos de Professores/as que saibam mais de educação e educar, que enraízem a Cultura das suas práticas formativas, com a consciência de que em educação estamos sempre a recomeçar tendo em vista a formação de todos e de cada um/a como pessoas, cidadãos e Futuros/as Profissionais. Numa Sociedade educativa e numa Sociedade do Conhecimento é fundamental uma Filosofia da Educação e uma Teoria da Educação que nos ajude a compreender e a caminhar, em dinâmicas de interação de vivências, experiências e saberes que constituem potência para a própria Filosofia da Educação em diálogos vivos, atuantes e verdadeiramente formativos.
A cada um/a dos Participantes solicitámos uma Nota Biográfica (Biobibliográfica)/Notas Curriculares, alguns elementos dos respetivos currículos, de cada Curriculum Vitae. E nos nossos currículos também cabe o que não fizemos e as razões dessas (im)possibilidades. Mas a possibilidade tem já, em si, um mínimo de ser. Somos seres em construção. Somos aquilo que, por tantas razões, coube – ou não coube – no nosso Curriculum Vitae, que nunca se faz em reta línea, se humano é. Desejos, Motivações, condições, condicionalismos, mas também liberdade, também a liberdade de aceitarmos o nosso passado, tal como foi, mas ele nunca é como foi porque há sempre um luz que vem do (nosso) passado e se projeta no (nosso) futuro. Tudo passa menos a luz. Esta época não tem tempo, vive mais das evocações, vivas, do passado e do desejo de um futuro de luz. No fundo somos a luz do nosso interior. A chama que nos fez – e faz – ser a pessoa e o/a professor/a único e singular que fomos e somos, a Ser, na Maravilha de Ser, do Ser que há em nós, nos outros, no universo, no mundo, na Transcendência, no Absoluto que nos visita, e, até, habita.
Pese, embora, todos os condicionalismos, que muitas vezes para superar é preciso “engenho e arte”, numa altura em que os professores/as estão cansados/as e desmotivados/as, muitas vezes por motivos que lhes são alheios mas por determinações que lhes são (des)respeitosamente impostas, com prejuízo da sua Autonomia, condição fundamental para sermos em ato as nossas potências e possibilidades. Quantas realizações não acontecem devido a regulamentalismos e institucionalismos sufocantes, que urge revogar e romper. Só o essencial é fundamental, mesmo que tenhamos de dar muita atenção aos detalhes. É tempo de ser em Autonomia, Responsabilidade e corresponsabilidade, para que outra Sociedade seja, de facto, possível.
Eis um livro de textos de autoria, ou em co-autoria, num e noutro caso, vozes de professores/as e investigadores/as que falam do que sabem e investigam e atualizam, sem parar, a reflexão e o conhecimento da área de Formação de Professores, saberes sempre atuais, atuantes e atualizáveis. Mais do que nunca é preciso um pensamento educacional em diálogo com a prática, a práxis, que interliga, sem alienação, teoria e prática, sem cair em praticismos redutores e inertes. Há que elevar o pensamento, interrogar e agir, mas na dimensão da Transcendência. Num tempo de secularismo inóspito, que tende a anular a pessoa, na sua dignidade e direitos – olhemos o mundo global- urge dar, de novo, lugar ao Sagrado, que nos habita, em Luz, num Tempo e num Lugar. Porque somos de um lugar, somos universais. Eis desafios maiores para melhor aprofundarmos o pensar e o agir em Educação. Temas que, pela sua complexidade, suscitam, sempre, novas interpelações e aprofundamentos. Aqui fica o Desafio.

* Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia da Educação

 

Emanuel Oliveira Medeiros
Professor Universitário*

Share

Print

Theme picker