Diário dos Açores

Açores não souberam aproveitar Mário Mesquita

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Têm surgido muitas manifestações de pêsames, obviamente justificadas e sentidas, pelo falecimento do açoriano Mário Mesquita, figura pública maior do nosso país, como fundador do PS, professor universitário, investigador, escritor e vice-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), além de muitas outras funções que desempenhou, nomeadamente na Comunicação Social, como jornalista que também foi. Marcou ainda presença na Assembleia Constituinte e na Assembleia da República como deputado eleito pelo PS, partido de que mais tarde se afastou.
O momento é de homenagem à memória a todos os títulos ilustre de Mário António da Mota Mesquita, de seu nome completo, mas também é preciso dizer, igualmente em sua homenagem, que ele, estranhamente, nunca foi muito aproveitado ou aproveitado mesmo pelos Governos Regionais dos Açores do PSD e mesmo do PS. Poderia fazer “sombra” aos dignitários políticos regionais...É o que parece. A Universidade dos Açores também poderia ter aproveitado os enormes méritos intelectuais de tão distinto açoriano.
Efectivamente, Mário Mesquita, com o seu muito saber e com a sua vasta experiência política e profissional, poderia ter dado importantes contributos para a vida pública açoriana e para o progresso dos Açores, se para tal tivesse sido chamado ou convidado a fazê-lo. Que se saiba ou pelo menos que eu saiba, era muito considerado no arquipélago, mas tudo ficou praticamente circunscrito a esse âmbito. E Mário Mesquita, generoso como era e amante da terra açoriana como também era, não teria recusado, como se compreende, qualquer colaboração, qualquer contributo e qualquer apoio ao desenvolvimento das ilhas açorianas.
Conheci-o pessoalmente na Casa dos Açores em Lisboa, muito educado e muito simpático. De resto, o pai dele foi colega do meu pai no Grupo Bensaúde, durante muitos anos.
De Mário Mesquita, que desaparece do nosso convívio aos 72 anos de idade, fica, sem qualquer dúvida, a recordação de um cidadão impoluto, de um homem culto e de uma pessoa sempre empenhada em boas causas, defensor convicto do regime democrático, como o melhor meio para fazer progredir Portugal. Deixa um notável exemplo de bom português e de bom açoriano!

Tomás Quental Mota Vieira *

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