“Não há ruptura de cereais mas os preços vão continuar a aumentar”
Diário dos Açores

“Não há ruptura de cereais mas os preços vão continuar a aumentar”

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Jorge Rita ao Diário dos Açores

O Presidente da Associação Agrícola de S. Miguel disse ao Diário dos Açores que não existe ruptura de cereais na região, mas os preços vão continuar a aumentar devido à escassez do produto nos mercados internacionais.
“A  produção de cereais nos Açores é muito residual, pelo que é praticamente tudo importado, com as dificuldades que todos conhecemos no presente, mas não há ruptura na Região “, declara Jorge Rita, face às preocupações que se têm levantado nos últimos tempos, nomeadamente no mercado nacional.
“Continuamos a abastecer-nos nos mercados internacionais, mas face às dificuldades os preços estão a aumentar substancialmente e vão continuar a aumentar”, acrescenta.
Segundo o líder dos lavradores, “o único alimento onde ainda somos autossuficientes é no milho forrageiro para alimento dos animais”, mas para o composto das rações temos que importar”.

Voltar a produzir
cereais na Região?

Para Jorge Rita, é benéfico que a Região se preocupe, agora, em reflectir sobre o regresso à produção de cereais nos Açores, nomeadamente milho e trigo, “mas ainda temos um longo caminho a percorrer, porque não temos armazéns de secagem, não há silos suficientes e, portanto, é todo um novo ciclo que tem de começar e isto não se faz de um momento para outro”.
Mesmo para a eventual importação de grandes quantidades de cereais, Jorge Rita afirma que não temos as infraestruturas necessárias para tal.
“Contratar um grande cargueiro para ir ao mercado internacional é caríssimo, trazê-lo é outro problema porque não temos 3 rebocadores como estes grandes cargueiros exigem, não temos gruas suficientes e a capacidade de resposta é insuficiente para grandes celeiros”, explica o Presidente da Associação Agrícola, concluindo que, devido a todas estas dificuldades, os preços dos alimentos, nomeadamente das rações, vão continuar a subir.

Preocupações no país

No país também não há, por agora, ruptura de alimentos, mas há quem esteja preocupado com o futuro.
Jorge Tomás Henriques, Presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), não tem dúvidas em concluir que, perante a destruição da estrutura logística de produção e transporte de cereais a partir da Ucrânia — que abastece regularmente Portugal —, “mais cedo ou mais tarde vamos ser confrontados com escassez de bens para a agroindústria e, por outro lado, com preços dos alimentos a dispararem”.
Segundo a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, “a União Europeia apenas produz 40% dos cereais que consome e, quando olhamos para Portugal, o país apenas produz 18% dos cereais que consome. Não existe autonomia, e do ponto de vista da politica publica, temos que introduzir melhorias para criar condições para aumentar essa autonomia e não ficarmos reféns, como agora nos sentimos, ao importarmos, por exemplo, 40% do milho a partir da Ucrânia”.
A governante fez questão de salientar que o abastecimento em Portugal não está comprometido por causa da crise dos cereais, ainda assim fez questão de sublinhar que Portugal está a trabalhar, em consonância com a União Europeia, para que o país passe a produzir 38% do que consome em vez dos atuais 18%.

Aumentar
o autoaprovisionamento

“Estamos a trabalhar para aumentar o nosso nível de autoaprovisionamento. Não seremos autossuficientes, mas queremos trabalhar com o setor, para aumentar a nossa autonomia estratégica e isso significa chegarmos a cerca de 38%”, sublinhou.
Para esse efeito, o Governo está a preparar uma medida, neste momento em aprovação em Bruxelas, no âmbito do Plano Estratégico da PAC (Politica Agrícola, Comum) a implementar a partir de janeiro de 2023, que se destina a apoiar financeiramente os produtores de cereais, para que a competitividade e a produtividade possam estar garantidas.
“Apresentamos às confederações de agricultores, medidas para o setor, por exemplo, um apoio financeiro de 37 euros por hectare para os cereais de regadio, e de 15 euros para os cereais de sequeiro”, adiantou.
“Com isto, queremos garantir que o impacto que esta crise, que decorre do aumento dos custos de produção e que aqui tem a ver com a energia, mas também com os fertilizantes e com as próprias sementes utilizadas, possam ser minimizadas e este setor possa continuar a produzir, usufruindo já no próximo ano deste plano estratégico “, acrescentou.

 

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