Diário dos Açores

Universidade… afunda-se!

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1 –No passado dia 28 de maio de 2022 publiquei as minhas impressões sobre a fatídica “eleição” da Doutora Susana Mira Leal (Professora Associada) para reitora da Universidade dos Açores. Com verdadeira preocupação, imagino que a dita senhora vai seguir os passos do seu protetor João Luís Gaspar (reitor interino), também e apenas Professor Associado da Universidade dos Açores. A outra candidata (Doutora Teresa Medeiros) embora catedrática e com currículo vasto e brilhante, foi preterida pela Comissão Eleitoral; assim a Doutora Susana Leal foi selecionada como Reitora da UAç, ultrapassando regras, condutas e tradições. Tal escolha pareceu um “bailinho da Madeira” e os critérios de seleção lembram-me a primavera “marcelista” (do Prof. Marcelo Caetano, herdeiro do Prof. Oliveira Salazar) esperançosa, mas rapidamente em rota de colisão contra um regime democrático. A Doutora Susana Mira Leal caiu numa verdadeira farsa eleitoral, pois não vai liderar uns 4 anos de renovação e de arejamento; pura e simplesmente vai seguir o que o grupo do Doutor João Gaspar pretende mandar, de alucinantes fabricações megalómanas e desmobilizadoras. O reitorado do Prof. João Gaspar encerra com uma universidade sem aliciantes propostas de ensino, cada vez com menos alunos e cada vez mais inerte e sem alma.
2 – A “eleição” de 20 de abril foi repelente e inadmissível e creio que ali se cometeram maquiavélicos atropelos e possíveis ilegalidades. De facto, o Conselho Geral, de 15 elementos, foi uma autêntica “muralha” de proteção da candidata Susana Leal, agindo descaradamente e a eito. Comecemos pela representatividade dos votantes – Os 2 alunos foram escolhidos pelos seus colegas? A senhora representante dos funcionários consultou os seus colegas? Os representantes dos professores/ investigadores resultaram da seleção entre os 3 pólos? Ou autonomearam-se?
Nas universidades continentais e na da Madeira o presidente do Conselho Geral é uma personalidade de nome e de experiência universitária. No caso da Universidade dos Açores tal cargo tem sido exercido por vulgaríssimos licenciados, sem dúvida bons profissionais, mas academicamente inexperientes. Enfim, uma descarada feira de vaidades.
3 – Eu não sabia da existência da Doutora Susana Leal como Pró-Reitora para os assuntos internacionais, nacionais e regionais. E no seu currículo não vislumbrei quaisquer medidas, cursos ou atividades dignas de realce; nem livros, nem cursos, nem conferências que a evidenciassem como vanguardista dum movimento, de uma causa ou duma equipa. Mira Leal não passa de uma vulgar docente. Apenas os seus heróicos alunos (e poucos mais) a conhecem (e mal).
4 – Quanto à corajosa candidata, Professora Doutora Teresa Medeiros, o seu vasto currículo (aulas, livros, revistas da especialidade, congressos), além de ser catedrática, é personalidade culta, criativa e com espírito de equipa. A Professora Teresa Medeiros gere condutas, é inovadora, é corajosa (por isso não teve receio de “dar a cara” quando todos sabem das manhas e atrocidades colocadas pelo chefe da banda…).
5 – A ocorrida eleição para Reitor foi uma vergonha para os meus colegas Catedráticos. Apenas uma avançou (T.M.); os restantes encontram-se muito ocupados com os seus negócios ou receiam discutir, lutar, criar e liderar. Chegados ao topo da carreira docente universitária, acomodaram-se, sofrem da “massa cinzenta” e preferem o lento caminho da demência. Deviam reler Freud e Lenine…
A Universidade da minha terra caminha para o nível duma escola secundária (2.000 alunos?) e necessita de verdadeiros docentes/ investigadores dos tempos modernos, competitivos e realçáveis. A Reitoria não pode voltar a ser a casinha das senhoras Berquós, com um laguinho à entrada, com patinhos e peixinhos vermelhos. E uns chazinhos das madames.
O programa da Doutora Mira Leal é megalómano. Parece um jogo da “batalha naval”…
Quem acorre?

Adenda 1: Os quatro elementos do Conselho Geral (1 advogado, 1 médica cardiologista, 1 gestor do Grupo Bensaúde e 1 gestor do Grupo Açoriano Oriental) sentem-se realmente representantes da “sociedade envolvente”? Apesar de serem bons profissionais, conhecem os atualizados desafios importados às universidades portuguesas? É que as universidades continentais inserem nos seus conselhos gerais nomes sonantes e experientes, tais como o Juiz Conselheiro Laborinho Lúcio (U. Minho e U. Coimbra), a ex-Procuradora Geral Joana Marques Vidal (U. Minho), o ex-Secretário de Estado Fernando de Sousa, etc, etc.
Quem escolheu este naipe de 4 votantes? E que critérios seletivos foram seguidos?
Adenda 2: A lei admite que o Conselho Geral seja constituído por 25 elementos. A UAç, preferiu que sejam 15 os votantes, possivelmente por ser um agrupamento de mais fácil manobra… Marcelo Caetano atuava assim…


* Vulcanólogo/ Prof. Catedrático

Victor-Hugo Forjaz*

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