Industriais de P. Delgada alertam para dificuldades no sector e avisam que preços vão aumentar mais
Diário dos Açores

Industriais de P. Delgada alertam para dificuldades no sector e avisam que preços vão aumentar mais

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A Direção e a Comissão Especializada da Indústria da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (Associação Empresarial das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria) reuniram em P. Delgada, com o objetivo de analisarem e discutirem os problemas da indústria e perspetivas para o curto, médio e longo prazo.
Segundo comunicado daquela estrutura, foi realçada a importância do sector, nas suas diversas valências de transformação de pescado, leite, carne, madeira, alimentos compostos para animais, bebidas, entre outras, na economia regional, através das exportações, da criação de riqueza e de postos de trabalho, bem como o seu papel charneira designadamente com o sector primário, com o comércio e com o turismo, situação que deve ser cada vez mais potenciada e criadas condições para uma maior sinergia entre eles, no processo de diversificação necessário.
“Foi reafirmado que a actual conjuntura económica revela-se muito desfavorável para a generalidade das actividades da indústria, algumas das quais ainda se encontram a sofrer as repercussões da pandemia e que agora se vêm confrontadas com os impactos decorrentes da guerra na Ucrânia, que estão a ser sentidos fortemente pelas empresas”, lê-se na nota enviada ao nosso jornal.
Dos principais constrangimentos que estão a afectar mais fortemente o sector industrial, “que são geradores de forte preocupação”, foram destacados os seguintes:
•    aumento muito significativo dos preços de matérias primas e outros materiais, com alterações contínuas, nomeadamente as embalagens;
•    dificuldade na aquisição de algumas matérias primas, devido à sua escassez no mercado;
•    aumento dos preços dos combustíveis e energia, com impactos fortes no agravamento dos custos em toda a cadeia produtiva e de distribuição;
•    subida das taxas de juro, contribuindo para a degradação financeira das empresas;
•    custos elevados dos transportes na importação e na exportação;
•    insuficiência da promoção externa e dos apoios à exportação dos produtos regionais e outros ligados à internacionalização, cujos limites de valores se revelam manifestamente inadequados ao estímulo e à sua competitividade nos mercados externos;
•    dificuldades muito significativas no recrutamento e retenção de recursos humanos, designadamente de técnicos médios e de técnicos superiores especializados nomeadamente nas áreas das engenharias e das tecnologias, levando a que a falta de recursos humanos leve a que muitas empresas não estejam a utilizar em plenitude a sua capacidade produtiva;
•    inadequação ou inexistência dos cursos profissionais direcionados para áreas específicas da indústria e sector primário e também por falta de uma maior ligação da Universidade dos Açores com o sector;
•    atraso na implementação do PO Açores 2030, o que significa ausência de apoios financeiros ao investimento, colocando em questão a oportunidade do sector realizar atempadamente os seus projectos. Aguarda-se que o referido PO venha a responder às necessidades da indústria e que seja desburocratizado, ágil e célere na análise, aprovação e pagamento dos incentivos;
•    dificuldades logísticas no porto de Ponta Delgada, devido à falta de equipamentos e às operações em geral.
Segundo os industriais, o quadro traçado “é altamente condicionador da actividade da indústria, situação que, a manter-se, irá originar aumentos significativos dos preços dos produtos, com inerentes impactos nos consumidores e na competitividade externa das exportações”.
“Foi, por isso, considerado muito importante a existência de políticas públicas que minorem esta situação e que tenham também uma perspetiva de médio e longo prazo de estímulo para que o setor se modernize, inove, faça a transição energética e digital e possa acrescentar cada vez mais valor aos produtos dos Açores”, acrescentam.
Em face do diagnóstico feito foi realçado a necessidade de actuação imediata nas seguintes linhas:
1.    tornar os transportes marítimos e aéreos de mercadorias mais económicos e mais eficientes sob pena de continuarem a degradar a nossa competitividade externa;
2.    tornar os apoios do PRR e do próximo PO2030, mais efectivos para as empresas particularmente no que concerne a modernização para a competitividade, a transição energética e a transição digital;
3.    acelerar o desenvolvimento da nova geração de sistemas de apoio ao abrigo do PO2030 insistindo na desburocratização dos processos que pairam meses sem fim nos serviços de análise e de pagamento;
4.    retomar, a sério, a promoção externa dos produtos dos Açores e a participação em feiras e certames internacionais;
5.    acelerar a reforma do ensino profissional para que seja melhor financiado e mais direccionado para as necessidades efectivas do sector industrial, assim como revisitar o papel da Universidade dos Açores na formação necessária e na investigação aplicada às indústrias dos Açores;
6.    rever os processos de licenciamento para os desburocratizar e tornar mais racionais;
7.    promover a criação de “clusters” que possam ajudar a dinamizar a evolução do sector;
8.    encontrar alternativas aos combustíveis tradicionais e estimular a concertação entre empresas nesta procura de soluções;
9.    promover a monitorização da competitividade da cadeia de valor da fileira agroindustrial exportadora.  
“A Direcção e a Comissão Especializada da Indústria reforçam a necessidade de uma maior atenção dedicada aos factores que condicionam este sector. Os assuntos abordados e as sugestões serão discutidos em reuniões a solicitar pela Direcção da CCIPD com o Presidente do Governo, com os titulares das secretarias responsáveis pela formação, pelos transportes, pela agricultura e pelas finanças, com a Reitoria da Universidade dos Açores e com a Federação Agrícola dos Açores”, conclui a nota.

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