Diário dos Açores

O facto, o número e o nome

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Olhar do Sul

O facto...

A nova vida da SATA

Muitos - sobretudo aqueles para quem uma companhia de aviação é pouco mais do que aviões e tripulações - traçavam-lhe, nos últimos anos, por força de uma dívida acumulada muito significativa, a morte como destino mais que provável.
Não nos esqueçamos, porém, que a aviação é uma das indústrias mais complexas da atualidade, para mais num período pós-pandémico, em que a recuperação económica do setor é a absoluta prioridade das grandes marcas.
E é, justamente por isso, uma gestão para especialistas, para gente habituada a desafios, e transformar dificuldades estruturais em várias oportunidades conjunturais e em definir estratégias de médio e longo prazo, entendendo o mercado, as suas oscilações, os fatores mais ameaçadores e aqueles de que podemos tirar partido.
A entrevista concedida pelo presidente do grupo SATA à RTP Açores, esta semana, representa um ponto de viragem na imagem, na comunicação e no posicionamento da transportadora aérea açoriana. Desde logo, nas relações internas, entre Conselho de Administração e órgãos representativos dos trabalhadores, dos pilotos ao “handling”, da manutenção ao “marketing”. A transparência e a clareza de processos têm sido uma arma habilmente aproveitada por Luís Rodrigues e seus pares, na certeza de que qualquer plano de reestruturação da companhia se constrói e complementa com os principais ativos do grupo: os que, diariamente, são a imagem da SATA perante o consumidor final.
Está agora estabilizada a frota, com 14 aviões. Na SATA Air Açores, os quatro Dash Q400 e os dois Dash Q200, cuja fiabilidade e operacionalidade nos aeroportos e aeródromos açorianos é conhecida; na Azores Airlines, os três Airbus A320, os dois Airbus A321neo e os três Airbus A321neo LR, garantindo as operações domésticas e internacionais e partir do arquipélago mas, também, uma imensa flexibilidade para, na época baixa, “atacar” as operações “charter” como modo de rentabilização dos equipamentos e tripulações e como forma, também, de projeção da imagem dos Açores em mercados menos regulares.
Rodrigues foi absolutamente claro, como nenhum outro anterior líder do grupo havia sido aos “media” da região: a aprovação do plano de reestruturação por parte da Comissão Europeia, sendo um passo determinante é apenas isso, um passo. Seguir-se-ão outros, igualmente importantes, sempre em consonância com os interesses e a estratégia de médio e longo prazo da companhia.
O processo de privatização de 51 por cento da Azores Airlines é uma das próximas metas.
E quem diria, há alguns anos, que a SATA e a sua “marca de exportação” seriam tão apetecíveis ao setor? Haverá decerto interessados, e os próximos tempos prometem. Entretanto, as taxas de fiabilidade e pontualidade melhoram significativamente, os trabalhadores do grupo, através de um processo de comunicação interna transversal e eficaz, conhecem os planos e o seu papel fundamental neles, e os Açores começam a perceber que, se é necessário ir buscar fora do arquipélago “know how” e “expertise” em áreas sensíveis e decisivas, esse terá mesmo de ser o caminho, para lamento permanente de alguns “velhos do Restelo” que ainda pensam que as fronteiras do arquipélago devem ditar todas as escolhas..

O número...

167 (canal Meo da Azores TV)

É mais um sinal importante. A VITEC, com sede na ilha Terceira, tem, ao longo dos últimos anos, consolidado a sua posição no mercado audiovisual açoriano através de uma estratégia cautelosa e atempada de investimento em meios estruturais e móveis.
Agora, surge com um “line up” de emissão contínua num dos canais Meo (o 167, para quem segue nos Açores).
Sendo a televisão um meio frio e caro (fazer televisão custa dinheiro, fazer boa televisão custa muito dinheiro…), é interessante seguir a avaliar o percurso da operadora terceirense, sobretudo numa lógica de abertura do mercado a privados que queiram, efetivamente, lançar-se no éter. A televisão nos Açores não é (jamais o poderá ser, quer concetualmente quer na prática), um exclusivo do setor público. Já lá vai o tempo em que um jornalista, um apresentador ou um repórter de imagem encontrava a sua plena realização profissional quando “chamado” pelo operador público de rádio e televisão, constituindo esse facto o momento mais alto ou valioso da sua carreira.
Se é verdade que as condições proporcionadas pelo setor público são ainda (ou deveriam ser…) mais atraentes, nos Açores, do que as do setor privado, não deixa de ser igualmente verídico que os passos dados entretanto, com um posicionamento realista e faseado, por algumas empresas privadas abre uma interessante perspetiva aos profissionais da área. E ao telespetador (de dentro e da diáspora), que deve ser sempre o objetivo final do trabalho realizado no setor.

O nome...

Tiago Pinheiro

Destaco o Tiago, porque se sagrou campeão mundial de ginástica aeróbica, ao serviço da seleção nacional, em Guimarães, no último fim de semana. Mas, com o seu esforço e absoluta dedicação, falo também da Matilde Cymbron e do Manuel Resendes, vice-campeões juvenis em par misto.
E todos os outros sete integrantes açorianos da equipa portuguesa, com resultados de realce na mais importante competição internacional da modalidade que abraçaram.
Fruto de muito trabalho, de muitas horas de treino e de abstinência de coisas simples da sua vida de jovens, de uma entrega sem igual da sua parte, com a colaboração dos pais e a intervenção de clubes e treinadores.
Só desta forma se consegue a excelência em qualquer atividade. E esta é, mais uma vez, a prova cabal de que, nos Açores, o talento e a vocação, quando despistados, acompanhados e potenciados, resultam em momentos únicos e em objetivos doirados.

 

 

(*) Jornalista e Apresentador de Televisão

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