Diário dos Açores

Doenças reumáticas e músculo esqueléticas

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Conselhos de médico

1 – As doenças reumáticas e músculo esqueléticas afetam em especial os ossos, as articulações e as estruturas peri articulares, tais como os ligamentos, músculos e tendões. Também podem afetar outros órgãos nobres do nosso organismo (em especial coração, pulmões e aparelho digestivo).
2 – Vários estudos apontam que mais de 50% da população portuguesa sofre destas doenças. O custo estimado do impacto social e laboral é superior a mil milhões de euros / ano em Portugal. O absentismo laboral e as reformas antecipadas por invalidez são os principais “resultados” diretos destas doenças.
3 – As doenças reumáticas e músculo esqueléticas mais frequentes são as seguintes:
Lombalgias (também cervicalgias e dorsalgias), doenças peri articulares (tendinites e bursites), osteoporose (muito mais frequente nas mulheres), artrose dos joelhos, artrose das mãos e punhos, artrose das ancas, fibromialgias, espondilose, gota, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus eritematoso disseminado e polimialgia reumática.
4 – As doenças reumáticas e músculo esqueléticas são um dos 3 principais motivos de consulta médica na medicina geral e familiar. Algumas estatísticas referem que são o principal. O “consumo” de recursos em saúde é superior neste grupo de doentes quando comparado com os doentes com outras patologias. Mais internamentos. Mais necessidade de apoio domiciliário. Maior consumo de medicação para a ansiedade e depressão. A despesa com estes doentes (consultas, internamentos, cirurgias, medicação, reabilitação, etc.) é cerca do dobro da despesa com as outras patologias.
5 –Existem evidências científicas em que o diagnóstico, e as diversas intervenções terapêuticas atempadas, pode reduzir o impacto destas doenças na qualidade de vida destes cidadãos e na sociedade em geral. Se os serviços de saúde “estiverem para aqui virados” podemos mudar significativamente a evolução da doença, prevenindo o agravamento de danos estruturais, incapacidade funcional, maior dependência de terceira pessoa e mais mortalidade precoce.
6 –Algumas destas doenças são autoimunes (por exemplo a Artrite Reumatoide). Isto significa que o nosso organismo é que reage “contra si”. Mesmo aqui, não sendo possível evitar a doença, é muito importante a deteção “precoce” e o seu tratamento adequado, com igualdade de oportunidade para todos os açorianos de Santa Maria ao Corvo. Nas outras doenças, do tipo degenerativo como as artroses, muitas delas não são uma fatalidade por vivermos mais anos. Elas são a consequência de um estilo de vida pouco saudável, onde se inclui o sedentarismo e a obesidade.
NOTA 1 - Uma verdadeira “Task force” para intervenção nesta área deverá incluir o Governo Regional, as Autarquias, os Hospitais e Centros de Saúde, a Educação e os profissionais de saúde mais diretamente ligados a este tipo de patologias como os médicos reumatologistas, fisiatras, medicina geral e familiar, ortopedistas e outros, não esquecendo nutricionistas, profissionais de exercício físico, fisioterapeutas, enfermeiros e muitos mais.
NOTA 2 – Perante tudo isto qual o plano do Governo para esta área? ZERO. Ficar parado é ver o problema agravar de ano para ano. Haja saúde. Haja saúde.

 

* Médico fisiatra
e especialista em Medicina Desportiva

 

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