Diário dos Açores

O facto, o número e o nome

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Olhar do Sul

O facto...

O “novo” Secretariado do PS Açores

Em política, saber ler, interpretar e concluir sobre os sinais dados pelo eleitorado é certa,ente mais de meio caminho andado para a correção e adaptação de posturas e propostas e, naturalmente, de renovação de protagonistas.
Desde logo porque - e sempre o defendemos, em quaisquer enquadramentos ou circunstâncias - a política deve ser encarada como uma missão de serviço público e, como tal, muito bem definida no espaço, no âmbito e no tempo. A perpetuação de caras e nomes é prejudicial para as próprias forças políticas e, junto do cidadão, exerce exatamente o efeito contrário do pretendido. Ter “experiência de governação” ou de exercício de cargos de eleição ou nomeação só nos seve na exata medida em que pudermos e conseguirmos servir despidos de vícios, preconceitos ou ditames ideológicos. Não há carreiras políticas. Ou não deve haver, para bem dos titulares e da génese da atividade política.
Ora o Partido Socialista, avisado claramente pelo eleitorado açoriano nas últimas legislativas regionais, teve uma excelente oportunidade para passar à prática uma efetiva e notória renovação dos seus quadros dirigentes e consultores, ao designar o Presidente da “nova” Comissão Regional, o principal órgão entre Congressos, e os integrantes do Secretariado Regional, estrutura executiva do PS Açores.
De Sérgio Ávila (presidente da mesa da Comissão Regional), aos 22 membros do Secretariado, assiste-se a um desfile de nomes conhecidos, recorrentes e, alguns, absolutamente gastos na esfera política açoriana. Gente com experiência de múltiplos cargos, em exercício de alguns outros, mas com uma gritante (e, para muitos setores de base do PS Açores, preocupante) falta de perspetiva de futuro e de renovação de “quadro”.
O PS encara os próximos tempos com a naftalina quase rejeitada pelos eleitores. E, mais ainda, questionada no seio do partido. Os interesses instalados (e que são imensos) levaram a melhor sobre uma avisada e sensata reestruturação, sem lugares cativos e com novas visões.
Não foi isso que sucedeu. O futuro eleitoral ditará a sua lei. Mas a simples indicação deixada é a antítese do que julgamos ideal para a indispensável retoma da confiança do cidadão nos políticos e na sua atividade.

O número...

150 (euros por noite…)

Basta uma rápida procura pelos buscadores internacionais de alojamentos para se perceber que, no mês de agosto, é já praticamente impossível encontrar quartos nas cidades açorianas. Ponta Delgada, Ribeira Grande, Lagoa, Angra do Heroísmo, Praia da Vitória e Horta, mas também os restantes concelhos (as ilhas do Pico, das Flores, de Santa Maria e do Corvo são disso exemplos), apresentam lotação esgotada na sua oferta de alojamento, seja na hotelaria tradicional, seja no alojamento local ou no turismo rural.
O ano é, verdadeiramente, o primeiro pós-pandemia, e como tal está a ser aproveitado pelos fluxos turísticos mais determinantes para a retoma do setor nos Açores: o britânico, o alemão, o da diáspora e, sobretudo, o de Portugal Continental, “abastecedor” privilegiado da hotelaria e restauração dos Açores.
Não há camas, é verdade. Porém, mesmo que houvesse, elas seriam comercializadas a preço de ouro: bem para cima de 100 euros a noite, atingindo com facilidade 150 ou 180 euros. Com o aproveitamento absurdo de outro setor fundamental (o do aluguer de viaturas), que subiu exponencialmente os seus preços ao ponto de serem pedidos valor3s na ordem dos 200 euros por dia e por carro, os empresários do setor têm excelentes motivos para, mesmo a jusante do pico do verão, esfregarem as mãos.
Continua, porém, a preocupação essencial: a qualidade do serviço prestado a tamanha quantidade de procura, e se ele - o serviço… - corresponde na exata proporção à exorbitância dos valores pelos quais é comercializado. Algo me diz que não. Redondamente não. E isso, a jusante, será sempre penalizador para o setor e para a imagem dos Açores.

O nome...

“Diário  dos Açores”

É em causa própria, bem sabemos. Mas é por uma boa causa própria: o “Diário dos Açores”, forçado pela falta de capacidade de oferta de papel do mercado a enveredar temporariamente, em exclusivo, pela edição digital, continua a trilhar o seu caminho.
Normalmente, é isso mesmo que sucede a todos os projetos com história mas que nela não repousam. Os projetos que se reinventam, que encontam oportunidades perante as mais inusitadas dificuldades, que buscam novos caminhos para continuar a cumprir na íntegra a sua missão.
O “Diário dos Açores” aí está, todos os dias e a todas as horas, disponível para o que é mais importante na nossa indústria (dos “media”) e na nossa profissão (de jornalista): servir o leitor, seja em formato físico ou digital, com a mesma qualidade, independência, honestidade, credibilidade, latitude ideológica e equidistância dos poderes.
E assim, decerto, continuaremos.

Nota final:
O “Olhar do Sul” vai, nas próximas semanas, passar por outras latitudes: pelo Cairo, por Madrid, por Lisboa, pela Horta, por Ponta Delgada, por Angra do Heroísmo e por Amesterdão, antes de regressar, no final de agosto, a Joanesburgo.
Por isso temos encontro marcado para o próximo dia 4 de setembro.
Até lá, sorriam, aproveitem a vida, não virem a cara à luta e descubram novas oportunidades. Um abraço!


(*) Jornalista e Apresentador de Televisão

Rui Almeida (*)

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