Consumidores açorianos preocupados com aumento dos preços dos bens essenciais
Diário dos Açores

Consumidores açorianos preocupados com aumento dos preços dos bens essenciais

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Inflação faz-se sentir todos os dias

Os preços dos bens essenciais estão a aumentar e os consumidores já sentem na carteira, no dia a dia, os efeitos da inflação.
“No início do ano enchia este carrinho com muita fruta e hortaliça e agora, com o mesmo dinheiro, só dá para metade do mesmo carrinho”, afirma-nos uma consumidora habitual do Mercado da Graça.
Numa das grandes superfícies comerciais de Ponta Delgada o sentimento é o mesmo entre os consumidores, todos a queixarem-se da subida galopante dos preços.
“Já nem vou à peixaria, nem ao talho, mas a gente quer fugir para outros produtos menos nobres e os preços também estão proibitivos, qualquer dia é só pão com um bocadinho de queijo como antigamente”, queixa-se outro consumidor.

Taxa de 6% nos Açores

 A inflação nos Açores está nos 6% (mais de 8% no Continente), mas há quem afirme que esta média não tem nada a ver com muitos produtos essenciais, que aumentaram muito mais do que 6%, incluindo materiais essenciais para a construção ou para outras indústrias.
“E o pior é encontrar materiais e equipamentos”, diz-nos um trabalhador de construção civil, “pois está escasso e as encomendas chegam com grandes atrasos por dificuldades já na origem, devido a dificuldades com matéria prima”.
A taxa de inflação média dos últimos 12 meses na Região Autónoma dos Açores era apenas de 1,20% no final do 1.º trimestre deste ano, pelo que neste segundo trimestre deu um salto muito maior, notando-se agora os efeitos nos bens essenciais.
No primeiro trimestre, as classes que apresentam maiores variações médias dos últimos doze meses são: Transportes, Bebidas alcoólicas e tabaco (positivas), Educação e Hotéis, cafés e restaurantes (negativas), o que já está diferente neste segundo trimestre.
Numa análise ao primeiro trimestre o SREA explicava que a inflação média subjacente, que é compilada excluindo do índice total os produtos alimentares não transformados e os produtos energéticos, com o objetivo principal de eliminar algumas das componentes mais expostas a “choques” temporários, subiu para 0,76% no final do trimestre.
Analisando a taxa homóloga no final do mesmo trimestre, verificamos que o cabaz de bens e serviços analisado pelo IPC, já estava mais caro cerca de 2,38% do que em março de 2021.
Daí para cá disparou ainda mais.

O Governo e as críticas
sobre falta de medidas

José Manuel Bolieiro não aceita as críticas da oposição sobre a falta de medidas para combater a inflação e lembra que foi o seu Governo que diminuiu as taxas do IRS (Imposto sobre o Rendimento Singular), do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), do IRC (Impostos sobre o Rendimento Coletivo) e do ISP (Impostos sobre os produtos petrolíferos), até ao “máximo possível previsto na lei de finanças das regiões autónomas”.
“É negligente a observação de alguns políticos da oposição, que dizem que é preciso combater a inflação agora, quando eles votaram contra a descida dos impostos”, recordou o chefe do executivo açoriano, adiantando que foi o seu governo que antecipou o objetivo de “dar mais liquidez ao rendimento das pessoas, das famílias e das empresas”, afirma.

À espera dos parceiros sociais

José Manuel Bolieiro lembra que a economia dos Açores apresenta uma inflação “mais baixa” do que no resto do país, mas admitiu, ainda assim, estar “sensível” para criar novas medidas para mitigar os impactos da inflação, sobretudo junto das famílias mais carenciadas.
O presidente do Governo tinha já anunciado a convocação de uma reunião do Conselho Permanente de Concertação Social do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) para a próxima semana, sem divulgar, no entanto, a agenda do encontro.
Compete à Comissão Permanente de Concertação Social promover o diálogo e a concertação social entre os parceiros da área laboral e da área empresarial, emitir parecer sobre o Plano Regional de Emprego e propor medidas nos domínios do emprego, formação profissional e segurança social.

Taxas de juros:
outra dor de cabeça

A taxa de juro implícita nos novos créditos à habitação ultrapassou 1% no mês passado, algo que não acontecia desde o final de 2020.
Trata-se de um aumento de 18,8 pontos base face ao mês anterior.
De acordo com dados divulgados pelo INE, os juros nos contratos celebrados nos últimos três anos aceleraram de 0,970% em maio para 1,158% em junho, refletindo o novo contexto de subida das taxas de juro, que tem agravado o preço do dinheiro às famílias portuguesas.
Já a taxa implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação também aumentou, mas a um ritmo inferior, ao subir em 3,2 pontos base, avançando de de 0,826% em maio para 0,858% em junho, segundo o gabinete nacional de estatísticas.
Os dados do INE começam a refletir a subida dos juros nos mercados, numa altura em que as taxas Euribor, usadas como indexante nos créditos à habitação, também já regressaram a terreno positivo, na expectativa da subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE), como estava previsto pelas próprias autoridades.

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