Diário dos Açores

A nuvem do não-saber

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ESTOU MEDITANDO ENTRE E COM “A NUVEM DO NÃO-SABER”, numa sociedade dita do “conhecimento” onde há tanto lixo que se embrulha, nem sequer reciclável, como se de Saber e Conhecimento fossem (até nas Instituições educativas). O Grande Filósofo Sócrates, da época clássica grega, defendia a douta ignorância, uma ignorância fértil que nos faz sentir e dizer “só sei que nada sei mas sei mais do que aqueles que nem isso sabem”, numa tomada de consciência profunda de Ser. Desaprender é constituinte do verbo Aprender, por isso alguns, poucos, chegam à SABEDORIA, que inclui a consciência do imenso de que não se sabe. São tão poucos os que admitem que não sabem, como se isso fosse uma fraqueza ou diminuição, pelo contrário. Essa Coragem fica para os Doutos, para os verdadeiramente humildes- só esses são verdadeiramente Sábios, na curiosidade imensa do infinito, do Conhecimento Humano e do Universo. Num mundo com tanta ação,- para um suposto e perigoso progresso - que é mais, afinal, o ativismo inútil e criminoso da guerra. Há que reValorar e perceber a Profundidade formativa da Contemplação, como densidade de Ser, de Vida.
Há muito que eu procurava essa obra: “A NUVEM DO NÃO-SABER”. Por acaso, entre outros livros, encontrei esse livro numa livraria, para minha profunda alegria. Foi uma espécie de encontro com aquele livro que procurava mas longe de mim saber que, logo ali, o pudesse encontrar. Foi no dia 25 de janeiro de 2019. (A funcionária ao ver a minha admiração e alegria perguntou-me: “O que é que esse livro tem de tão importante?”, perguntou com vontade de saber, ao que respondi: “A Sra. é que devia saber, trabalha aqui todos os dias”!. E não respondi. Naquele momento fiquei a “andar nas nuvens”, uma atitude de que se precisa quando o pragmatismo é deveras rude e destrutivo. De novo à Contemplação. Ação e Contemplação, como na passagem bíblica de Marta e Maria. Bem sabemos a atitude e resposta de Jesus. É uma passagem de profunda utilidade para a vida, em todas as dimensões.
Na contra capa do livro podemos ler:
“A Nuvem do Não-Saber é um tratado sobre contemplação, escrito por um anónimo inglês, em finais do século XIV. Considerada a obra mais importante da mística inglesa, é enorme o fascínio e a influência que tem exercido até aos nossos dias, tanto pela profundidade de pensamento como pela estética da linguagem. Entre os seus leitores podemos mencionar nomes tão diversos como os de Augustine Baker, J.H. Newman, T. S. Eliot, Thomas Merton e Malcolm Muggeride. Há até quem admita que São João da Cruz terá conhecido uma tradução latina da obra, tal é a afinidade da sua doutrina com a do místico inglês. Concebida como uma carta de orientação dirigida a um jovem contemplativo. “A Nuvem do Não-Saber” continua a ser um guia estimulante e seguro para quantos se interessam pelos caminhos do espírito.”

Nota: Texto originariamente publicado, no dia 4 de julho de 2022, na Página do FB, de Emanuel Oliveira Medeiros

*Doutorado e Agregado em Educação e na  Especialidade de Filosofia da Educação

Emanuel Oliveira Medeiros*
Professor Universitário

 

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