O Papa Francisco acaba de enviar uma carta aos jovens açorianos concedendo-lhes uma bênção apostólica, através da qual pede para que eles não deixem de rezar, se fortaleçam na fé, e não desistam dos seus sonhos.
“O Santo Padre agradece as confidências que lhe fizeram os seus amigos dos Açores e sobre as mesmas implora as graças do Céu para que as esperanças anunciadas frutifiquem em muitas acções boas na vida de cada um”, diz a carta assinada pelo substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, D. Edgar Peña Parra, em resposta à carta enviada pelos jovens açorianos.
No passado diz 10 de abril os jovens açorianos enviaram uma carta ao Papa Francisco pedindo-lhe uma “forçazinha” para conseguirem tornar os seus sonhos realidade, nomeadamente no que diz respeito a uma igreja mais inclusiva, mais próxima e favorável aos jovens e menos formal.
Na resposta, o Santo Padre pede oração, maior resiliência na fé e mais ação e compromisso dos jovens.
“Não concedas espaço aos pensamentos amargos e obscuros; se erraste levanta-te(…) Tais erros não se devem tornar para ti numa prisão. E se voltares a errar no futuro, não temas. Levanta-te porque Deus é teu amigo”, mesmo Quando o mal for demasiado grande e pesado”, refere o Sumo Pontifíce na carta enviada aos jovens açorianos.
O Papa Francisco recorda ainda aos jovens que “não estão sozinhos”.
“Quando te encontrares amedrontado, diante das dificuldades da vida, recorda-te que não vives vives só para ti mesmo. A vida não cessa com a tua existência: a este mundo virão outras gerações que sucederão á nossa, e muitas outras ainda”, refere Francisco.
“O nosso inimigo mais pérfido nada pode contra a fé”, conclui o Papa que termina a carta pedindo aos jovens açorianos para rezarem por si.
A carta dos jovens
Os jovens açorianos escreveram em abril uma carta ao papa Francisco pedindo-lhe que seja o defensor de um mundo, de uma igreja e de uma sociedade “sem medos nem fingimentos”, onde os jovens sejam os protagonistas.
“Sonhamos com um mundo, uma Igreja e uma sociedade em que valha a pena sermos jovens sem medos ou fingimentos, onde nada nem ninguém nos roube a alegria de sonhar e viver, onde possamos ser quem somos, dando o nosso melhor e, mesmo quando erramos, quando falhamos, saber que estamos a caminho e a crescer, dando o nosso melhor e, sobretudo, que nunca deixamos de ser queridos e amados pelo nosso Jesus” diz a carta entregue esta tarde ao Núncio Apostólico, num encontro promovido pela pastoral juvenil, em Ponta Delgada, para assinalar o Domingo de Ramos.
Os jovens açorianos pedem ao Papa que “sonhe com eles e juntos sonhemos os sonhos de Deus”.
Não desistir dos valores cristãos
“Consigo, Papa Francisco, Jesus fica-nos mais perto e acessível! Obrigado! Obrigado pelo seu “Sim” e pelo que é! Agora dizemos-Lhe como já nos disse: “não deixe que lhe roubem a esperança, a ousadia e a alegria”, refere a carta que fala abundantemente da importância dos jovens serem os protagonistas “do hoje” da Igreja e do mundo”, afirmam.
“Coragem”, “ousadia”, “fidelidade”, “testemunho”, “simplicidade” e “humildade” são porventura atitudes mais sublinhadas na missiva que os jovens enviam para o Vaticano, assumindo o compromisso de não desistir da defesa dos valores cristãos.
“Não queremos deixar que nos roubem a esperança e a alegria! Mas, Santo Padre, há momentos em que é difícil que isso não aconteça! Há momentos em que parece que nada faz sentido, onde faltam-nos razões para continuarmos a acreditar!” dizem os jovens açorianos denunciando os “ventos contrários” e o “mar revolto” que tornam “difícil reconhecer e sentir que Jesus está na barca connosco e, mesmo dormindo, não nos deixa morrer!”.
A guerra em vez do diálogo; a morte de crianças inocentes; as famílias desfeitas; a fome e a injustiça são algumas das denuncias que os jovens enumeram nesta missiva entregue a D. Ivo Scapolo.
A falta de um Bispo nos Açores
“É-nos difícil, como jovens, aceitar que na nossa Igreja ainda exista tanta hipocrisia e tanta falta de verdade, onde, por vezes custa-nos reconhecer Jesus na vida e na ação de tantos que se dizem cristãos!”, dizem ainda alertando para a primazia do “ritualismo” em detrimento do verdadeiro cristianismo.
Na carta, os jovens açorianos comprometiam-se ainda a participar ativamente na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa.
“Encontrar-nos-emos em Lisboa para partilharmos uns com os outros e consigo, a alegria de acreditarmos em Jesus, de sermos Igreja e de sermos jovens. Tal como nos pede, creia que rezamos por Si!”.
Na missiva vai, ainda um post scriptum relativo à sede vacante em que a diocese de Angra se encontra desde o dia 21 de setembro de 2021: “A nossa Diocese está sem bispo há já alguns meses! Apesar de não sermos “ovelhas sem pastor”, logo que seja possível, envie-nos um Bispo que seja pastor, próximo, que nos escute e nos compreenda, que seja um de nós e um por nós!”.