Neste texto vamos apresentar alguns aspetos do livro EDUCAR É AMAR. Para o Pacto Educativo Global do Papa Francisco, da autoria do Professor Doutor José Ribeiro Dias, na juventude e maturidade dos seus 92 anos de idade; Logo na Introdução, afirma o Autor: “O Papa Francisco, fiel à sua reconhecida vocação de liderança no mundo de hoje, anunciou para o ano de 2020, a intenção de promover um Pacto Educativo Global.”
E continua José Ribeiro Dias, citando o Papa Francisco:
“Na apresentação do projeto, apelou à necessidade de “reavivar o compromisso em prol e com as gerações mais jovens” e”de estimular “uma ampla aliança educativa para formar pessoas maduras capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma Humanidade mais fraterna”, uma aliança entre os Habitantes da Terra e a “casa comum” à qual devemos cuidado e respeito, uma aliança de paz, justiça, aceitação entre todos os povos da Família Humana, bem como de diálogo entre as religiões”.
E acrescenta, de acordo com a dinâmica sinodal (do Grego odos, “caimnho”, + sin, “em conjunto”, que tem vindo a promover dentro da Igreja, que convida “cada um para ser protagonista desta aliança”. Eis um forte desafio para todos e cada um, cada um deve sentir-se interpelado e chamado.
E afirma José Ribeiro Dias, sempre atento ao mundo da vida, ao mundo em todas as dimensões, desde o local ao global:
“E logo atento à realidade vivida, em termos globais, com a pandemia, afirma José Ribeiro Dias: “Nesta situação e da minha parte, enquanto profissional comprometido há largos anos com o setor da Educação, dispus-me a responder ao convite. No entanto, encontrei-me, como todos nós, nesta estranha e inesperada quarentena imposta pela covid-19 e, após desorientação inicial, verifiquei que nos encontrávamos todos em processo educativo a aprender a maior lição, no etimológico de “ recolher,, reunir, ler”, sobre como vivemos,, o que sabemos e o que amamos e ainda em relação com o passado, o presente e o futuro.”
E adianta com grande clarividência: “Com efeito, sofremos a quase paralisação do que era o nosso viver no passado” e enumera o que foram as realidades por nós vividas e as acompanhadas pela Comunicação Social. O vazio público e os enormes constrangimentos que vieram alterar as nossas vidas familiares, pessoais e sociais.”
Outra afirmação faz-nos pensar: “Simultaneamente, a tão antiga sensação do nosso não saber anda a ser plenamente revivida no Presente” e mais adiante afirma: “ a nossa ignorância é outra já velha pandemia”. Parece que várias têm sido as pandemias, num mundo que já é de uma globalização em retração. Antes era a euforia da globalização, como dado adquirido, agora temos “uma globalização em retração”. Somos uma parte do “Todo”, “na sua dimensão de global, porque é invisível é também inominável” (Dias, 2021, p. 11) A parte face ao Todo torna-se incapaz.
Afirma José Ribeiro Dias:
“Trata-se de um raciocínio lógico muito simples: no que diz respeito a qualquer coisa, antes de falar é preciso ver, caso contrário, mesmo continuando a haver muitas palavras disponíveis, não podemos verdadeiramente falar.
Talvez por isso os etimólogos, através do grego mû e do latim arcaico mu, levam-nos a remontar ainda mais longe, à raiz onomatopeia mu, caracterizada pelo fechamento dos lábios e que pode reduzir-nos simplesmente a nos mantermos mudos, ou apenas a procurarmos imitar o murmúrio de uma corrente suave, ou a mugir –mu! mu! – como as vacas, ou o balir – mé!mé! – como as cabras e as ovelhas.” (Dias, 2021, pp: 11-12)
Há que ter a visão do Todo, do Global, que não é fácil.
Afirma José Ribeiro Dias:
“Por outras palavras, ao abordar as questões, não basta ter em conta cada ponto de vista, nem mesmo o conjunto dos pontos de vista, mas a vista de todos os pontos. “ Nós, como partes, estamos face ao Todo, mais estamos perante o inefável, o Mistério.
Falámos em Educação, Global, falta uma breve referência a Pacto. O Pacto não é da ordem do negócio. O Pacto é da ordem de pagar, com a paz, fazer a paz,
“no sentido da fórmula mais elevada do verbo intermediário latino pacare, recebemos recebemos pacificar. (Dias, 2021, p. 14), “por todos os meios chegar ao acordo, ao consenso, ao ajuste e à convenção que constituem um verdadeiro pacto e nos proporcionem uma verdadeira paz” (Dias, 2021, p. 14)
E eis a decisão metodológica, fruto de uma longa vida e de uma longa carreira:
“Ponderando tudo isto e ao longo desta quarentena, fui sendo levado a concluir que a melhor contribuição que me é possível prestar para o projeto do Para Francisco deverá consistir não em eu escrever pessoalmente mais coisas diretamente sobre o tema educação, mas em rever, relacionar, assimilar e transmitir valiosos contributos dos muitos autores que fui recolhendo nas publicações mais recentes e que, nos últimos tempos, ando a difundir no Facebook.
Assim, passo a apresentar esta contribuição, pessoalmente modesta, nas três partes do projeto anunciado:
*evolução do sentido da palavra educar;
*como aceder à dimensão global;
*como chegar a um verdadeiro pacto” (Dias, 2021, pp: 14-15).
Tendo em conta a estrutura do livro, destacamos os macro temas do livro: Capítulo I Evolução do sentido da Palavra Educar: 1. Condições sociais de base 2. A escola e a sua função educativa; 3. A lenta transição de ensino para educação (3.1. Declaração Universal dos Direitos do Homem; 3.2. Avaliação das reformas educativas; 3.3. Educação de adultos; 3.4. Convenção sobre os Direitos da Criança. 4. A Educação como área científica da Universidade; 5. O verbo educar como expressão do verbo amara. Capítulo II – Como aceder à dimensão global. 1. A lenta procura no passado histórico. 2. As nossas recentes aprendizagens. 3. Os novos tipos de inteligência 4. A Globalidade da Família Humana que nos permite ver 5. A Globalidade da Família Divina que nos permite escutar 6. Deus-Trindade é a Globalidade de Amar e de Educar. Capítulo III. 1. Encontrámo-nos 2. Procura da resposta a três perguntas. Procurar o pacto entre as religiões. Procurar o Pacto a partir da Igreja cristã. Conclusão- Síntese.
Depois de sistemáticos aprofundamentos e sínteses, o livro termina assim:
“Costumamos dizer “amor com amor se paga”.
Por isto em prática é assinarmos o Pacto.
E assinalarmos o registo: “Estamos pagos”.
E sentirmo-nos pacificados.
Em Paz.
Síntese: se AMAR é dar-se
e EDUCAR é dar-se ao Outro
e ajudá-lo a crescer
para Ele se dar também,
é por demais evidente
que EDUCAR É AMAR” (Dias, 2021, p. 185)
Quanto nos falta crescer e subir para ver, por dentro, essa Verdade de Luz e de Ser! Caminhar juntos, eis a que somos chamados.
*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia da Educação
Emanuel Oliveira Medeiros*
Professor Universitário