A crise sismovulcânica vivida na ilha de São Jorge, foi também uma fase de crise psicológica para a maioria dosseus habitantes, visitantes e familiares residentes externamente.
Eventos de elevada frequência, inesperados eatípicos, provocaram, naturalmente, reações de stress, com o surgimento/aumento dos sintomas de Ansiedade.
A Ansiedade tem um grande valor evolutivo na história da sobrevivência da humanidade, pois é através da perceção de um perigo real que o medo pode funcionar como um mecanismo de proteção. Na crise sismovulcânica temeu-se uma catástrofe, que mobilizou a população a proteger-se, mas também a proteger os bens pessoais e/ou profissionais.
A forma e a intensidade desta experiênciadependeramdas características internas de cada um (ex.,gestão emocional,crises prévias, rede de suporte) e dos respetivos fatores externos (ex., informação,residência).
Os meios de comunicação foram um fator de grande influência: Termostécnicos, desconhecidos e que se revestiram de uma ameaça incerta, aliciaram a uma busca incessante por certezas, que se transformou, diversas vezes, em desinformação.
Isto remete-nos para o Controlo Interno e Externo. Penso que uma postura mais construtiva sobre a informação e um progressivo equilíbrio entre a aceitação daquilo que está ao nosso alcance e do que não conseguimos exercer influência, permitiu avançar para uma fasedetranquilidade ou “tranquilidade vigilante.”
Atualmente, apesar do impactopsicológico e socioeconómico, a população tenta restabelecer-se e adaptar-se, demonstrando que também nas crises se pode crescer!
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos! Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
* Psicóloga Clínica na Unidade de Saúde da Ilha de São Jorge/ Mestre em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Integrativa, pela Universidade de Lisboa/ Formadora certificada pelo IEFP
Elisabel Barcelos*