É preciso facilitar a contratação no estrangeiro para colmatar a falta de mão-de-obra
Diário dos Açores

É preciso facilitar a contratação no estrangeiro para colmatar a falta de mão-de-obra

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Empresários só vêem uma solução

A falta de mão-de-obra em diversas actividades nos Açores, especialmente na área do turismo, só poderá ser ultrapassada contratando gente de fora, facilitando uma imigração controlada como se faz noutros países.
Esta é a opinião de vários empresários contactados pelo nosso jornal, que não escondem a sua frustração por não terem pessoal suficiente para responder à imensa procura.
Há mesmo empresários que defendem uma mudança nas leis laborais para flexibilizar a contratação, nomeadamente recorrendo nas épocas sazonais aos jovens estudantes que estão de férias, como acontece nos EUA e noutros países, em que é permitido este tipo de trabalho para jovens de 16 e 17 anos, sobretudo na restauração.

Jovens estudantes a trabalhar nas férias

“Se fosse permitida esta situação a empresa facturava mais e seria possível pagar melhor aos empregados”, afirma um empresário de Ponta Delgada, que até recorreu a jovens repatriados, mas que depois desistiram.
O problema é geral e a  AHRESP tem vindo a apresentar várias propostas aos governos para colmatar este problema a nível nacional.
Dados do INE revelaram que nos últimos dois anos se perderam mais de 76 mil postos de trabalho durante os últimos dois anos em Portugal - menos 16.100 trabalhadores no alojamento turístico e menos 60.200 na restauração e similares.

Portugal perdeu na pandemia milhares de trabalhadores no turismo e restauração

“É uma situação sem precedentes e que, tal como a AHRESP tem vindo a alertar, poderá comprometer a sustentabilidade das empresas e a qualidade do serviço”, afirma a associação de hotelaria e restauração.
A AHRESP tem vindo a defender que a contratação de trabalhadores estrangeiros, nomeadamente provenientes dos PALOP, pode fazer parte da solução e ajudar a colmatar a falta de trabalhadores.
Mas para que tal seja assim, devem existir programas de imigração organizada e com todas as condições de trabalho, quer ao nível da formação, da inserção profissional e familiar, quer ao nível da habitação.

Empresas já oferecem passagem e alojamento

Com o talento a escassear em Portugal, as empresas viram-se para o estrangeiro para atrair trabalhadores, aos quais oferecem uma série de benefícios para facilitar a realocação, como revela o Jornal Económico na sua última edição.
Com a escassez de talento nacional como pano de fundo, as empresas que por cá têm operações estão a olhar para o exterior à procura de soluções e já recrutam talento estrangeiro, oferecendo uma série de benefícios a quem esteja disponível para vir para Portugal, refere o jornal.
Pagam os voos, ajudam a procurar casa e garantem alojamento enquanto essa busca decorre, além de estarem disponíveis para ajudar com os processos administrativos e com a abertura da conta bancária.
Estas ofertas são mais frequentes entre as empresas tecnológicas, mas não se ficam por aí.
Na construção, há já quem comparticipe a renda de casa, e na agricultura ajuda-se com o processo do visto.

Preocupação a nível mundial

Esta é também uma preocupação de muitos outros países, que se deparam com o mesmo problema.
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) e a Comissão Europeia de Viagens (ETC) alertam, por exemplo, que a recuperação do setor de Viagens e Turismo pode ser colocada em sério risco se quase 1,2 milhões de postos de trabalho permanecerem vagos em toda a União Europeia (UE).
Em 2020, o setor perdeu quase 1,7 milhões de postos de trabalho em toda a UE.
Em 2021, quando começaram a ser aliviadas as restrições de viagens e a confiança dos consumidores melhorou, a contribuição direta do setor do turismo para a economia europeia recuperou 30,4% e 571 mil novos empregos foram criados.
 Este ano, o WTTC projeta que a recuperação do setor continuará a acelerar e quase atingirá os níveis pré-pandemia, com um aumento esperado de 32,9% na sua contribuição direta para a economia da UE.
Contudo, Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC, reitera: “A Europa mostrou uma das recuperações mais fortes em 2021, acima da média global. No entanto, a atual escassez de mão de obra pode atrasar essa tendência e pressionar ainda mais um setor já em dificuldades”.
Em consonância, Luís Araújo, presidente da ETC, afirma: “A Europa, como o destino turístico líder e mais competitivo do mundo, está empenhada em se tornar mais sustentável. Mas o objetivo da dupla transição (verde e digital) só será alcançado se conseguirmos atrair e reter talentos para o setor. Este é um dos maiores desafios para o setor e necessita de soluções coordenadas, multifacetadas e conjuntas (públicas e privadas).”

Propostas para resolver o problema

Assim, o WTTC e o ETC identificaram seis medidas que os governos e o setor privado podem implementar para resolver esse problema urgente:
• facilitar a mobilidade de mão de obra dentro dos países e além-fronteiras, fortalecendo a colaboração em todos os níveis e fornecendo vistos e autorizações de trabalho;
•   permitir o trabalho flexível e remoto sempre que possível;
•   garantir a dignidade do trabalho, fornecer redes de proteção social e destacar oportunidades de crescimento na carreira;
•  capacitar e requalificar talentos e oferecer formação abrangente, para equipar a força de trabalho com novas e aprimoradas capacidades;
•  criar e promover educação e aprendizagem – com políticas eficazes e colaboração público-privada, que apoiem programas educacionais e formação baseada na aprendizagem;
•  adotar soluções tecnológicas e digitais inovadoras para melhoria das operações diárias, bem como mobilidade e segurança nas fronteiras para garantir viagens seguras e uma melhor experiência para o cliente.

 

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