Diário dos Açores

Irmãos Clínio e José Agostinho: Liberdade, habilidade e criatividade na valorização desportiva

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Desportistas do meu tempo

Por força da profissão do pai, o Clínio veio a nascer na cidade da Horta, viajando pouco tempo depois para o Porto onde, dois anos mais tarde, nascia o irmão José Agostinho. Após algum tempo a viver entre Lisboa e Porto a família fez as malas e assentou raízes na capital da ilha Terceira.Aqui, o mais novo frequentava a 3ª classe e o mais velho concluía o ensino primário. No ano lectivo seguinte, entrámos com o Clínio para o Liceu Nacional de Angra do Heroísmo e tivemos como colegas de turma os irmãos Adelino eAdriano Paím, Francisco José, Emídio, Egberto, Amilcar Cabral, Carlos Alves, Luís Emídio, Rui Laranjeira, Vitor Claudino e o Pedro Alberto.
Tal, como toda a outra rapaziada do liceu começámos a dar os primeiros pontapés na bola no saudoso campo empedrado(com umas árvores à mistura) apelidado de “Estádio da Pedra”, localizado no espaço exterior do Convento de S. Francisco. Um páteo interior, em terra batida, foi transformado num campo improvisado que permitia ao Prof. Monteiro Paes o ensino do andebol e basquetebol, modalidades desportivas que eram a mais recente novidade no desporto regional.Entretanto,o José Agostinho inscreveu-sena Escola Industrial na procura de uma formação técnico-profissional e nas horas de lazer  mostrava as suas habilidades futebolísticas no campo  de terra ali existente.
Durante o período estudantil no ensino secundário os dois irmãos, embora alunos de distintos estabelecimentos de ensino, com percursos escolares diferenciados, tiveram a oportunidade de participar em inúmeras actividades escolares de diferentes modalidades desportivas que, pela sua diversidade prática, lhes proporcionaram um bom desenvolvimento motor e uma acentuada evolução técnico desportiva.
Entretanto, a contratação pelo Sport Clube Angrense do veterano treinador Alberto Augusto (antigo jogador internacional do Sport Lisboa e Benfica) como responsável pela formação de jogadores, atraiu imensos jovens para o clube encarnado, dos quais faziam parte o Clínio, José Agostinho, Dedi, Claudemiro, David Brás, Eduardo, Ricardo Costa, Humberto, Jorge Jacinto, João Berbereia e Paulino. Esta geração de jogadores de futebol, deu origem à constituição da equipa de principiantes no Angrense (1960-62), que alcançou bons resultados vencendo todas as provas oficiais naquele período. Como corolário do bom trabalho técnico-desportivo, efectuado por Alberto Augusto, muitos destes jovens transitaram mais tarde para os seniores do clube.
Clínio e José Agostinho foram sempre dois bons companheiros de equipa, com uma relação fácil com todo o grupo, sempre motivados para as situações de treino e jogo formal. Na sua maneira de jogar predominava a liberdade de movimentação  no campo, as habilidades motoras específicas do jogo e a criatividade ao serviço do colectivo. Deste modo, dava gosto jogar com eles na medida em que, em qualquer momento, disfrutávamos de um passe decisivo ou de uma ajuda na recuperação da posse de bola.
Assim, não foi por acaso, que ambos tenham actuado na equipa principal do S.C.Angrense durante muitos anos, tendo o José Agostinho sido campeão açoriano (1967) numa fase final realizada na cidade da Horta.Por outro lado, as habilidades motoras dos dois irmãos permitiu-lhes representar o clube em torneios de andebol e basquetebol organizados pela Associação de Desportos. Por sua vez, o Clínio ainda foi tricampeão distrital (1963-64-65) de ténis de mesa, juntamente com o Couto e o Alexandre, em representação do Grupo Juvenil Católico da Sé e campeão de basquetebol com a equipa do Ginásio do Lawn Tenis Club.
Após a conclusão do curso liceal, o Clínio foi recrutado para o serviço militar obrigatório tendo sido enviado, posteriormente, para Angola onde permaneceu de 1967 a 1970. Terminada a prestação militar enveredou pela carreira profissional de funcionário de finanças (15 anos) tendo, em 1978, optado pela emigração para os Estados Unidos da América onde durante 24 anos exerceu funções de assistente social junto da comunidade lusófona residente, na costa Este, da América do Norte. Durante a sua permanência nos Estados Unidos, na qualidade de dirigente desportivo voluntário, foi secretário do Clube Luís de Camões na cidade de Peabody. Agora, divide a sua vida de aposentado entre os Estados Unidos, onde tem a maioria dos familiares, e a ilha Terceira (recordações da sua adolescência) desfrutando com regularidade e entusiasmo das famosas touradas à corda.
O José Agostinho, após a conclusão dos seus estudos na Escola Industrial, enveredou pela profissão de funcionário judicial em Angra do Heroísmo.Como praticante desportivo, continuou a jogar futebol no seu clube de sempre, o Sport Clube Angrense, por um largo período, tendo sido uma grande referência do clube. Após o 25 de Abril, também resolveu emigrar para os USA onde foi empresário na área da restauração, exercendo nos seus tempos livres funções de treinador em equipas da comunidade açoriana radicada no continente americano. Infelizmente faleceu ainda bastante jovem deixando gratas recordações aos seus familiares e companheiros de equipa com quem actuou.
Até sempre José Agostinho

Eduardo Monteiro *

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