Diário dos Açores

O Conselho de (In)Segurança

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Transparência

O português António Guterres, ex-primeiro-ministro, ex-líder do Partido Socialista Português, o mal-amado por muitos socialistas que por aí andam (agora exaltando o Secretário-Geral da ONU), o político abandonado que deixou Portugal e foi continuar a sua profissão-de-fé política na ONU, anda na boca do mundo inteiro pelas suas intervenções a favor da Paz, no conflito provocado pela evasão russa à Ucrânia.
Com absoluta consciência do desastre humanitário provocado até agora e com o perigo de calamidade global que podeextraviar em derradeiro apocalipse nuclear, António Guterres não se tem poupado em esforços para tentar acalmar e pede confronto com a razão a todas as partes envolvidas.
A hedionda evasão do desvario russo à Ucrânia, lembra a ocupação da Polónia por Hitler em 1939, despoletando a II Guerra Mundial e todo o holocausto que se seguiu até 1945. O poderio militar era diferente, localmente mortífero. Nos tempos atuais, o poderio militar é globalmente letal. Nenhum país do mundo pode excluir-se da mortandade que um conflito nuclear pode provocar.
António Guterresestá à frente de uma organização que foi criada pelas boas vontades dos que não queriam ver outro conflito mundial como o que acabava de terminar. A Organização das Nações Unidas (ONU) nasce nos finais de 1945 com cerca de 50 estados membros. Nunca preencheu plenamente o seu papel de órgão pacificador de conflitos de forma veemente, enérgica.
Ao criar o seu contrapoder chamado Conselho de Segurança, os membros mais influentes e poderosos no xadrez político passaram a dominar os restantes, com o seu voto preponderante (direito de veto). Dos quinze membros deste órgão, dez são eleitos e cinco permanentes. São estes cinco: China, EUA, França, Reino Unido e Rússia. Exatamente alguns dos conflituosos no presente contexto bélico.
Perante esta ambiguidade complexa e difícil, António Guterres tenta ser o fiel de uma balança desequilibrada. E o peso do Secretário-Geral é apenas aquele que os membros quiserem que seja…!
A presente situação mundial mostra-se perene em toda a sua dimensão. A China, com a sua reivindicação sobre Taiwan e a Rússia com desejos de expansionismo territorial sobre a Ucrânia, sendo dois países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, provocam as nuvens negras que pairam sobre o planeta em que todos habitamos.
Seria o conflito de todos os conflitos, de que ninguém estaria à espera neste século.
Assim, a missão do Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo para a Paz, entrou em rota de colisão consigo próprio, podendo implodir de forma avassaladora.
António Guterres enfrenta o desafio da sua vida e, se conseguir um acordo, qualquer acordo para impedir o pior, merecerá o Nobel da Paz.
Além de que será o candidato imbatível à presidência da República Portuguesa pelo Partido Socialista… sucedendo a Marcelo.
Se ele quiser…!

José Soares *

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