Frutuosas Descobertas & Auto da Índia, de Gil Vicente - Gala Lírica
Diário dos Açores

Frutuosas Descobertas & Auto da Índia, de Gil Vicente - Gala Lírica

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A Direcção Regional dos Assuntos Culturais promove a realização da Gala Lírica “Frutuosas Descobertas & Auto da índia, de Gil Vicente”, por ocasião do 500.º centenário do nascimento de Gaspar Frutuoso. A Gala Lírica terá lugar hoje, 24 de Agosto, no Teatro Ribeiragrandense, no Município da Ribeira Grande, em São Miguel, pelas 21h30. Este evento acontece no âmbito da Temporada Cultural 2022 da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, e têm o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
Gala lírica, por ocasião do 500.º centenário do nascimento de Gaspar Frutuoso: Nascido em Ponta Delgada, cerca de 1522, e falecido na Ribeira Grande, a 24 de Agosto de 1591, Gaspar Frutuoso destacou-se pela sua obra, “Saudades da Terra”, na qual faz uma pormenorizada descrição da geografia e da história, não só das ilhas açorianas, como também das madeirenses, canarinas, cabo-verdianas e de outras regiões do Atlântico. O interesse pelo conhecimento da Macaronésia faz de Frutuoso um autêntico cronista insular.
A primeira parte da gala lírica, intitulada Frutuosas Descobertas, é constituída por uma selecção de textos, recolhidos do Livro V de Saudades da Terra, no qual, de uma forma ficcional, a «Verdade» relata à «Fama» - personagens alegóricas e personificadas, marca típica do Renascimento – num género bucólico, a história de dois amigos obrigados a viver longe de casa. Alguns estudiosos de Frutuoso, visionam uma autobiografia do cronista/poeta e do seu condiscípulo Gaspar Gonçalves, médico, também natural da ilha de São Miguel. Termina esta parte com uma colação de textos, extraídos de “Saudades do Céu”, na qual se faz uma reflexão filosófico-teológica. Frutuoso permuta os géneros narrativo e lírico, que usou em “Saudades da Terra”, por um estilo introspectivo; assim, em “Saudades do Céu”, Frutuoso prepara-se, como penitente, para alcançar a eternidade. Há estudiosos que vêm, como cenário destas reflexões de Frutuoso, a conjuntura açoriana por ocasião da crise de sucessão de 1580.
Na segunda parte, assistir-se-á a uma representação do reverso da epopeia das descobertas portuguesas. No género dramático, Gil Vicente, em Auto da Índia, expõe os problemas morais e sociais que os Descobrimentos aportaram: saques, pilhagens, abandono das famílias, adultérios e, como invetiva Camões, pela boca do Velho do Restelo, em Os Lusíadas: «Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Desta vaidade, a quem chamamos Fama!»
O espectáculo é composto de dois momentos. Uma visão histórica e lírica das ilhas açorianas, recém-descobertas, com textos de Gaspar Frutuoso, e uma leitura crítica e satírica da odisseia dos Descobrimentos, através do Auto da Índia, de Gil Vicente. A música, encomendada pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais, é original do compositor terceirense Evandro Meneses, que confere ao texto, numa linguagem do século XXI, um estilo pastoril e lírico, com laivos renascentistas, onde perpassam temas da música popular açoriana. Na segunda parte, usando a mesma linguagem, Evandro Meneses remete-nos para ambientes medievo-renascentistas, numa alegria e paródia que fazem lembrar, se bem que de forma estilizada, os bailinhos carnavalescos.
Interpretam os papéis da Fama, da Verdade, de Narrador, de Rodrigo e de Juan Pastor, na primeira parte, e de Ama (Constança), Moça, Castelhano, Lemos e Marido, respectivamente, os seguintes cantores: Helena Castro Ferreira (soprano), Carina Gonçalves (soprano), Rui Baeta (barítono), Miguel Maduro-Dias (baixo) e José Corvelo (barítono).
O grupo instrumental é composto por flauta, clarinete, trompa, percussão, guitarra, primeiro e segundo violinos, viola e violoncelo. Na Ribeira Grande, teremos instrumentistas micaelenses, e, em Angra do Heroísmo, terceirenses. Pela ordem dos instrumentos, respectivamente na Ribeira Grande e em Angra do Heroísmo, os intérpretes serão: Henrique Andrade / César Cardoso; Valter Ponte/Taras Poustovgar; Derek Aguiar/Gaspar Inácio; Miguel Almeida/Nuno Pinheiro; José Sousa – na Ribeira Grande e em Angra do Heroísmo –; João Andrade/Elena Kharambura; Sara Cymbron/Rebeca Roxo; Beatriz Teves / Ostap Kharambura; e Henrique Constância/Denis Poustovgar. Para além de músicos profissionais, os ensembles incluem alunos finalistas dos nossos conservatórios.
Informação da Bilheteira – Ribeira Grande: Aquisição de bilhetes no dia 24 de Agosto na Bilheteira do Teatro Ribeiragrandense 1 hora antes do espectáculo.

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