“É necessário criar formas de apoio que visem combater as desigualdades sociais e a consequente exclusão social e pobreza.”
Diário dos Açores

“É necessário criar formas de apoio que visem combater as desigualdades sociais e a consequente exclusão social e pobreza.”

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Embora haja, em pleno século XXI, uma tentativa constante de colmatar a desigualdade social e de oportunidades, a verdade é que a mesma ainda é bem patente na nossa sociedade. Deste modo, como forma de contrariar esta realidade e impulsionar a inclusão e integração social, foi criada em 2018, a ADI – Associação de Desenvolvimento Intergeracional. Sediada na freguesia de Santo António, concelho de Ponta Delgada, esta instituição social, sem fins lucrativos, trabalha em prol da criação de oportunidades e na promoção da saúde e o seu desenvolvimento pessoal dos seus integrantes.  
O Diário dos Açores esteve à conversa com a socióloga e coordenadora da ADI, Catarina Botelho Paiva para compreender que desafios e importância detêm instituições e associações como a ADI, cujo impacto das mesmas permite colmatar algumas lacunas sociais perceptíveis tanto a nível da população local bem como das freguesias adjacentes limítrofes.

Fale-nos um pouco sobre si?
Chamo-me Catarina Botelho Paiva, tenho 36 anos, sou casada, mãe de um menino de 11 anos, licenciei-me em sociologia pela Universidade dos Açores, e sou coordenadora da ADI – Associação de Desenvolvimento Intergeracional, desde 2020.

O que motivou a criação da ADI - Associação de Desenvolvimento Intergeracional?
A ADI é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada no ano de 2018, com sede na Estrada Regional, freguesia de Santo António, numa infra-estrutura cedida pela empresa Fromageries BEL Portugal, S.A.
A nossa IPSS, surge com a necessidade de colmatar algumas lacunas sociais, na freguesia de Santo António e freguesias limítrofes.

A ADI apresenta-se como uma associação que pretende desenvolver actividades no âmbito da promoção da igualdade de oportunidades e do princípio da não discriminação. Quais as actividades desenvolvidas pela mesma?
A Associação tem como objectivos principais a promoção da igualdade de oportunidades, promoção do princípio da não discriminação, respeito pela diferença, diversidade e inclusão. Promoção e valorização do voluntariado.
As actividades por nós desenvolvidas, passam pela Terapia Snoezelen, com crianças, pessoas idosas e utentes de diversas associações; Implementação de actividades de sensibilização e informação na temática da igualdade, inclusão e voluntariado com crianças.
Realizamos actividades recreativas e culturais com recurso a Sessões Familiares nas pausas lectivas e abertas à comunidade em geral, de modo a explorarem diversas sensações e desfrutarem de um momento de bem-estar em família.
Ateliers inclusivos nas férias de verão, com recurso a metodologia das Histórias Multissensoriais conjuga histórias com intervenção sensorial, são histórias com sentidos dentro, sentidos que transportam o mundo inteiro para cada criança, onde são abordadas temáticas da igualdade, inclusão, respeito pela diferença, diversidade e a importância da participação cívica.

Nos últimos anos, o covid-19 obrigou a muitas mudanças por parte de muitas instituições, de modo a adaptar-se às dificuldades sentidas. No caso da ADI, de que forma esta situação veio afectar a vossa actividade?
O contexto pandémico dos últimos anos foi responsável por mudanças profundas na vida de cada cidadão e na sociedade em geral. O que se repercutiu não apenas a nível de saúde pública, mas também a nível social, político, económico e cultural.
No caso das instituições, como a ADI, foram realmente tempos muito exigentes e desafiadores, pois tínhamos idealizado e projectado um conjunto de actividades que não foram possíveis de realizar. A própria divulgação do projecto e actividades ficou comprometida, contudo com a nossa persistência e dedicação, conseguimos realizar e adaptar as actividades seguindo as directivas da Direcção Regional da Saúde.

Na actualidade, que desafios a AID enfrenta? Existem apoios suficientes?
Neste momento, a nossa principal preocupação deparara-se ao nível das nossas instalações e recursos humanos, não conseguirmos dar resposta às solicitações que nos chegam. Outra dificuldade sentida é a manutenção dos equipamentos da nossa sala de terapia.
Ao nível de apoios, contamos com o financiamento de entidades parceiras, como é o caso da Direcção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, tutelada pela Vice-Presidência do Governo Regional.
A Câmara Municipal de Ponta Delgada, através do apoio que assegura anualmente a todas as IPSS do concelho. Contamos, ainda, com o apoio da Junta de Freguesia de Santo António.

A desigualdade ainda está bem patente na nossa sociedade. O que podemos fazer, enquanto cidadãos, para ajudar a reverte esta situação?
Sim, as desigualdades sociais continuam a ser um aspecto estruturante e transversal na nossa sociedade. Actualmente, com a agravante de termos atravessado uma pandemia, a qual a OMS ainda não decretou fim, estarmos num momento extremamente difícil com o conflito na Ucrânia.
É necessário criar formas de apoio que visem combater as desigualdades sociais e a consequente exclusão social e pobreza. A guerra veio trazer uma escalada de preços que afecta a todos, em especial os mais vulneráveis. Numa primeira linha, cabe ao Estado trabalhando em rede com o sector social, assegurar os direitos básicos dos cidadãos e a igualdade de oportunidades, assim como, promover o bem-estar e a coesão social. A nível regional, denoto que o Governo tem vindo a implementar medidas de relevo, de forma a mitigar as desigualdades sociais.
Contudo, enquanto cidadãos temos o dever, em conjunto com o sistema social, de promover esses direitos básicos e a inclusão social, fundamentados na ética e justiça social.
Só assim contribuiremos para a verdadeira inclusão social, onde cada pessoa poderá aceder aos seus direitos de cidadania e participação social na sua plenitude, em que teremos uma sociedade mais justa e igualitária.

A ADI - Associação de Desenvolvimento Intergeracional possui novos projectos ou investimentos a fazer nos próximos tempos?
Para além de dar continuidade e fortalecer o projecto Nuvem de Sonhos, que durante o último ano alcançou cerca de cinco centenas de pessoas, estamos a trabalhar, em articulação com o Governo Regional, na construção de um equipamento social, uma Creche para 44 crianças, a ser construída num terreno que adquirimos na freguesia de Santo António. Temos a plena convicção que esta será uma obra com forte impacto social e que irá promover a coesão territorial.

Quais as suas expectativas para o futuro?
O meu foco está direccionado na ADI. E como tal, a enorme expectativa que esta trará, paralelamente ao seu contexto social, inúmeros contributos, visando um crescimento pleno, baseado no bem-estar social, centrado na sustentabilidade dos recursos naturais e a inclusão social. Fomentando, ainda, o voluntariado como uma responsabilidade social.

por: Ana Catarina Rosa

jornal@diariodosacores.pt

 

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