Diário dos Açores

Valdemar Belo: Uma Águia Açoriana com a pontaria direcionada ao cêsto de Basquetebol

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Desportistas do meu tempo

O Valdemar nasceu, em 1951, na freguesia das Lajes e deu os seus primeiros passos, em termos de aprendizagens, na Escola Primária do Alto das Covas. Quando completou o ensino primário optou por um curso secundário mais prático tendo ingressado na Escola Industrial de Angra do Heroísmo. Neste estabelecimento de ensino teve como colegas o  Eliseu, o Luís Samuel, o José Agostinho e muitos outros bons desportistas da nossa  praça. O professor Tavares da Silva foi a sua grande referência em termos de desenvolvimento motor e ensino desportivo. A aprendizagem  das diversas modalidades desportivas foi bem sucedida a nível escolar face à boa organização das aulas de educação desportiva. Descendente de uma família de futebolistas foi muito naturalmente encaminhado para o futebol onde se iniciou ainda criança.
 No entanto, as actividades desportivas escolares (ensino secundário) proporcionaram-lhe a aprendizagem de outros  desportos (andebol, basquetebol e voleibol) pelo que, aos 15 anos de idade, entendeu trocar os treinos de futebol pelos de basquetebol e dedicar-se, exclusivamente, ao jogo da Bola ao Cêsto. Inscreveu-se nos juvenisdo Sport Clube Angrense por onde começou a jogar nas competições associativas, então organizadas pela Associação dos Desportos de Angra do Heroísmo. Quando fez 16 anos de idade as  suas qualidades atléticas (comprovadas em exame médico-desportivo) e técnico-desportivas, permitiram a sua imediata ascensão à equipa senior e, por consequência, à participação nos respectivos quadros competitivos.
Entretanto, em 1971, o serviço militar obrigatório bateu-lhe à porta, tendo  sido enviado para Angola onde permaneceu (1973 e 1974), fazendo parte duma companhia cujo comandante era o Tenente Coronel Cunha Lopes (actualmente General aposentado), nosso colega no Liceu de Angra do Heroísmo e companheiro de viagem no autocarro dos estudantes no percurso diário entre a Base das Lajes (onde residíamos) e o Liceu Nacional de Angra do Heroísmo (onde estudávamos). Após o regresso de Angola e a consequente  desmobilização do serviço militar foi, durante algum tempo, funcionário das finanças na cidade algarvia de Tavira tendo sido, em 1976, transferido profissionalmente para a sua terra natal, a ilha Terceira.
Com o retorno a Angra do Heroísmo, teve a oportunidade de voltar a jogar basquetebol no Sport Clube Angrense até aos 37 anos de idade, data em que o clube acabou com a modalidade. Como se sentia em condições de continuar a jogar, a um ritmo elevado, ingressou no Sport Club Lusitânia onde permaneceu durante 6 épocas, período em a equipa foi apurada para competir em competições nacionais, sob a orientação do professor Amoroso Lopes (antigo jogador da Académica de Coimbrae da Académica de Lourenço Marques e internacional universitário).A sua participação nesta equipa, que se estendeu ao longo daquele período, proporcionou-lhe ter como companheiros de equipa  jogadores açorianos bastante mais jovens (Arruda, Barata, Barroso, Brasil, Botelho, Caravela, Veríssimo e outros).  A presença do Valdemar representava uma mais valia para o grupo de trabalho na medida em que a sua experiência e as suas qualidades de lançador eram um enorme contributo em termos ofensivos. Esta aventura competitiva, a nível nacional, foi extremamente enriquecedora como praticante duma modalidade de desportos colectivos e conferiu-lhe a aquisição de novos conhecimentossobre o basquetebol.
Entretanto, a chegada aos 43 anos de idade não foi impedimento para continuar a praticar basquetebol. Não na área federada, mas sim no escalão de veteranos, fazendo parte integrante da nossa equipa que participava, com regularidade, nos torneios de veteranos organizados pelo departamento norte americano da Base das Lajes. Deste modo, fomos companheiros de equipa, na década de 80, juntamente com o António Frias, José Borges, Oldemiro Carvalho, Luís Samuel, José Couto, José Sá, Paulo Azevedo e tantos outros. O Valdemar, como todos sabemos, foi sempre um homem do desporto com uma grande paixão pelo basquetebol, pelo que também teve a oportunidade de arranjar tempo livre para ensinar o jogo aos praticantes mais jovens.Assim, foi treinador das equipas de seniores femininas do S.C. Angrense, do T.A.C., do S.C. Lusitânia e do C.C.D. na década de 70 e, posteriormente,da selecção de iniciados da ilha Terceira(1982/1983), da equipa de cadetes masculinos do S.C.Lusitânia (1983/1984) e das juniores femininas do Boa Viagem (1998/1999). Um currículo de realce, a nível regional, num período em que a formação de treinadores era quase inexistente.
O Valdemar Belo, enquanto praticante, fez parte de diversas selecções de basquetebol da Associação de Desportos de Angra do Heroísmo, com maior notoriedade para a que participou num torneio com a selecção de S.Miguel e a  equipa principal do Sport Lisboa e Benfica, ainda no tempo em que o único recinto coberto (com medidas regulamentares) era o Ringue de Patinagem. Na qualidade de dirigente desportivo foi responsável pelas modalidades extra-futebol do Sport Club Angrense.A sociedade civil não esqueceu o contributo que o Valdemar deu ao desenvolvimento desportivo da ilha Terceira e, em particular, ao basquetebol regional  pelo que, na devida ocasião, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo o distinguiu com a  atribuíção da Medalha Municipal de Mérito Desportivo.
Para nós, que conhecemos o Valdemar há muitos anos, que o vimos jogar imensas vezes e que, na qualidade de veteranos fizemos parte da mesma equipa em dezenas de encontros internacionais(com equipas norte americanas) não temos a menor dúvida em afirmar, que se trata de um grande desportista com uma enormeauto-motivação e longevidade impressionante, que faz inveja aos melhores praticantes desportivos que vimos em acção ao longo da nossa vida. Que continue a lançar ao cêsto durante muitos anos.

Eduardo Monteiro *

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