Os pais referem a parentalidade como muito gratificante, mas difícil: dá um significado de propósito positivo à vida adulta mas as responsabilidades e exigências de educar filhos saudáveis testam cada vez mais os limites, geram stresse e sentimentos de sobrecarga. Os desafios da parentalidade dependem das características e circunstâncias individuais dos pais e dos filhos e, cada vez mais, de um contexto social e cultural complexo, ambíguo e dinâmico. O (des)equilíbrio entre a vida familiar e a profissional, o ritmo de vida acelerado, a sobrecarga de informação e a parentalidade digital, a cultura de culpa, a exigência de felicidade ou sucesso e a saída tardia dos filhos da casa dos pais são desafios atuais. É importante refletir sobre estas condições stressantes e tão diferentes das de há décadas atrás, considerando que a saúde psicológica dos pais reflete-se na dos filhos e, em termos gerais, nas comunidades e na sociedade (OPP). Verificamos a necessidade de investir no autocuidado e prevenir a exaustão parental pois os pais também precisam de ajuda quando se sentem ansiosos, zangados, culpados ou completamente esgotados. É importante gerir o equilíbrio entre os diferentes papéis e objetivos dos vários domínios do quotidiano e ainda lidar com alguns mitos, como o de que existem pais perfeitos ou o da necessidade de superproteção dos filhos. Na realidade, para garantir o desenvolvimento de pessoas saudáveis, confiantes, competentes, autónomas e capazes de tomar e assumir as suas próprias decisões, os pais devem oferecer aos filhos afeto, sentimentos de segurança e estrutura ensinando-lhes assim a lidar com as incertezas do futuro e a serem resilientes.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
*Psicóloga Clínica e da Saúde
Elisa Alves*