Diário dos Açores

Vitor Fragueiro: Lider carismático no Escutismo e no Desporto

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Desportistas do meu tempo

Quando entrei para os Escuteiros, como Lobito (escalão etário mais novo), do Agrupamento CXI da Base das Lajes o nosso chefe era o António Amorim, enquanto o Padre Lino, Capelão da Base Aérea nº 4, era o lider espiritual de toda a miúdagem. O chefe Amorim, após vários anos como líder do agrupamento, teve a perfeita visão de que o futuro dos escuteiros naquele recanto da ilha Terceira, passava pela formação contínua dos mais velhos, de forma a assegurar as futuras chefias junto dos diferentes grupos etários que constituíam o agrupamento de escuteiros (Lobitos, Exploradores e Caminheiros).
Nesse sentido, começou a prepará-los transmitindo conhecimentos e responsabilidades na sua actuação junto dos mais novos. À medida que íamos crescendo e adquirindo experiência nas áreas do Campismo, do Desporto, da Solidariedade (havia jovens com muitas dificuldades que viviam nas cercanias da Base) e da Religião (éramos escuteiros católicos) fomos, progressivamente, ocupando diversas posições de colaboração activa numa entreajuda a que ninguém se furtava. Foi assim, que ainda muito jovem, conheci o Vitor Fragueiro que, desde muito cedo, começou a assumir a liderança operacional do Agrupamento, muito bem apoiado pelo Manuel Figueiredo, face às maiores responsabilidades assumidas ao nível familiar e profissional pelo Chefe Amorim.
 Para além do Campismo cuja actividade se concentrava, essencialmente, nos meses de verão, a prioridade era o preenchimento dos tempos livres da rapaziada atravésda prática desportiva durante o resto do ano. Assim, nasceu a nossa equipa de basquetebol que, na sua fase inicial, era constituída pelos mais velhos (Caminheiros): Vitor Fragueiro, Francisco José, Luís Alexandrino, Ilídio Gomes, João Valentim, José Carreiro eOlindo Matias, que começaram a marcar uma determinada hegemonia no basquetebol terceirense ao nível da formação e dos resultados desportivos. As gerações seguintes aproveitaram a oportunidade e deram continuidade ao trabalho anteriormente realizado pelos mais velhos.
O Vitor Hugo foi um praticante desportivo de formação eclética na medida em que jogou basquetebol nos Escuteiros da Base das Lajes, Sport Club Angrense, Sport Club Praiense e na selecção da ilha Terceira. No hóquei em patins representou o Angrense e  a selecção da ilha liláz em diversos confrontos de âmbito regional. Foi campeão de voleibol com os Escuteiros da Base nos campeonatos organizados pelo destacamento norte americano das Lajes. Mas a sua maior qualidade e referência para os mais novos assentava no comportamento exemplar que assumia nas competições desportivas em que participava. Foi sempre um bom intérprete do “Fair Play” perante os companheiros de equipa, adversários e entusiastas de todas as idades que assistiam aos seus jogos.
Entretanto, com a saída definitiva do Chefe Amorim, os novos chefes Vitor Fragueiro e Manuel Figueiredo, mostravam qualidades notáveis para o exercício de uma liderança conjunta na condução da rapaziada que por ali circulava. Sucediam-se os acampamentos em diferentes locais da Terceira e, num ápice, estávamos a navegar nos barcos de passageiros de então (Espírito Santo, Terra Alta, Santo Amaro e Espalamaca) à descoberta de outras ilhas (Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial).  A metodologia do trabalho efectuado na preparação das deslocações era meticulosa e realizada com grande antecedência, tal como se fôssemos os novos navegadores e aventureiros daquela época no Atlântico. Nesse aspecto, aprendemos muito com os mais velhos e, graças a eles, fomos capazes de assegurar a chefia da rapaziada quando eles foram convocados para o serviço militar obrigatório ou decidido enveredar pela emigração para os Estados Unidos da América.
Todos os escuteiros, que por ali passaram, fizeram enormes laços de amizade que perduraram para sempre, independentemente dos caminhos trilhados por força do cumprimento do serviço militar obrigatório, da continuação dos estudos no território continental, da necessidade de emigração ou da transferência dos pais militares para outras paragens.
O Vitor Fragueiro após ter ingressado, juntamente com o Ilídio Gomes, Luis Alexandrino e João Valentim  na Força Aérea, foi destacado em serviço para o continente africano onde esteve alguns anos. Posteriormente, na qualidade de aposentado viveu um período na Califórnia com os seus  familiares. Contudo, a determinada altura da sua vida, entendeu que era chegado o momento de regressar aos Açores e assumir a sua grande paixão  ao serviço dos jovens açorianos, “O Escutismo”. Nesse sentido, desempenhou as funções de Chefe Regional dos Escuteiros Católicos (CNE), enquanto as forças o permitiram. Um Grande Senhor cuja vida foi, em grande parte, dedicada à Juventude Açoriana. Obrigado.

Até sempre Vitor Fragueiro

Eduardo Monteiro *

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