“Qualquer jovem fica tentado às condições oferecidas pelo Canadá”
Diário dos Açores

“Qualquer jovem fica tentado às condições oferecidas pelo Canadá”

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Diogo Ponte, jovem arrifense que partiu em busca dos seus sonhos

Diogo Ponte, um jovem natural da maior freguesia dos Açores em termos de área, decidiu partir para o continente americano em busca de um futuro risonho.
O Diário dos Açores esteve à conversa com o jovem emigrante que partilhou a sua experiência.

Fale-nos um pouco de si.
Sou o Diogo, tenho 23 anos, nasci em São Miguel e actualmente resido no Canadá.
Sou um jovem honesto, trabalhador e ambicioso, lutando como todos para conquistar os seus sonhos.

Sempre desejou emigrar?
Emigrar nunca foi a minha prioridade, mas também nunca descartei a hipótese.
Claro que casa é casa e é sempre difícil tomar a decisão de a abandonar.
É como se diz, um barco no Porto é seguro, mas não foi para isso que foram feitos.
Devido a ter também familiares a residir no estrangeiro, e tendo em conta a situação em que vivemos durante a última década em Portugal.
Foram factores que contribuíram para que a emigração ganhasse mais força nos meus planos futuros.

Em que contexto surgiu a oportunidade de ir viver no Canadá? Este país foi a primeira opção?
A oportunidade de emigrar surgiu através de familiares, como na maioria dos casos.
Canadá sempre foi o meu país de eleição, no caso de emigrar. Um país desenvolvido, com muita oferta no que toca ao mercado de trabalho, e que em termos financeiros encontra-se em outros contextos.
Também, a qualidade de vida, que motiva qualquer pessoa, não só jovens como eu, mas pessoas de qualquer idade a procurarem algo melhor para si e para as suas famílias.

O que mais aprecia na sua área de actuação?
Actuo na área de construção civil. Aqui, aprecio principalmente a segurança e organização.
Segurança pois no Canadá é a prioridade.
Em qualquer construção, é nos sempre reforçado diariamente a importância de realizarmos o nosso trabalho em segurança, para que não existam danos humanos, pois sem nós, nada é feito.
Organização, pois é um país em que cada pessoa está no seu lugar, cada tarefa é estudada e programada, e tudo é realizado dentro dos eixos do início ao fim.


“A quantidade de emigrantes e descendentes açorianos que residem aqui fala por si.”

 

Quais as principais diferenças culturais aquando da sua mudança?
Acredito que a maior barreira cultural seja a linguística.
Outro idioma é sempre algo que nos condiciona no nosso dia-a-dia.
 Também, por estarmos noutro continente que não o europeu, existem facilidades que não são concedidas aqui.
O clima também é uma barreira que não posso deixar de lembrar.
De Verão atinge-se temperaturas altíssimas e de Inverno muito baixas.
É também um factor de difícil adaptação, visto que em Portugal as temperaturas não oscilam tanto.

Considera ser possível aos jovens nos Açores ter as mesmas oportunidades que na América do norte?
Acredito que na América do Norte a oferta de emprego seja maior que nos Açores.
A quantidade de emigrantes e descendentes açorianos que residem aqui fala por si.
Também dou o exemplo do Canadá, país relativamente novo com pouco mais de 150 anos, e sendo o segundo maior país do mundo ainda tem muito que construir.
Assim, no sector da construção civil, será muito difícil a oferta ser igualada.

“É como se diz, um barco no Porto é seguro, mas não foi para isso que foram feitos.”
“Num todo acredito que qualquer jovem fica tentado às condições oferecidas pelo país canadiano.”

Que vantagens acredita que oferece o Canadá em comparação com o arquipélago açoriano?
A qualidade de vida é, sem dúvida, uma vantagem. Estabilidade financeira, custo de vida e a segurança também.
Num todo acredito que qualquer jovem fica tentado às condições oferecidas pelo país canadiano.

Qual o seu ponto de vista sobre a recente vaga de emigração de jovens açorianos?
Infelizmente, as dificuldades em conseguir estabilidade no geral, em começar uma vida com independência, construir uma família em Portugal, está muito difícil. Temos vivenciado tempos difíceis em Portugal já desde há uns anos.
Com isto, acredito que seja compreensível a procura dos jovens por oportunidades em outros países.
Países que proporcionem melhores condições para lutarem pelas suas vidas.

Tenciona regressar aos Açores?
Casa é casa, e o dia de amanhã nunca saberemos como será.
Nos próximos anos não está nos meus planos mas, quem sabe, um dia.
No entanto, mantenho a esperança de que as coisas melhorem.
É uma pena estarmos a formar jovens com grandes capacidades, que se tornam excelentes profissionais e “perdê-los” para países estrangeiros.

 jornal@diariodosacores.pt

por Creusa Raposo *

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