Diário dos Açores

As falsas promessas

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Desde tenra idade que tenho por hábito ler jornais. Inicialmente as tiragens em papel dos periódicos da nossa região, dificilmente chegavam às Flores, a não ser o saudoso “Telégrafo” que, devido às condições atmosféricas adversas, chegavam com duas ou mais semanas de atraso. Nas Flores tínhamos o jornal “As Flores”, tendo mais tarde surgido “O Monchique”. Ambos se mantiveram durante os anos em que a persistência falou mais alto. Hoje, infelizmente, não há nenhum.
Voltando à frase inicial, desde tenra idade que tenho por hábito ler jornais e foi este hábito que permitiu com que me cruzasse com uma entrevista do atual Presidente da Câmara Municipal da Horta, na qual tece algumas críticas à atuação do Governo Regional relativamente ao Faial. Neste caso, Carlos Ferreira revelava a sua insatisfação relativa à falta de apoio, por parte do Governo Regional, à regata Les Sables -Açores-Les Sables, que este ano registou um número recorde de participantes, tendo sido a maior, até hoje, a envolver os Açores.
De facto, é de lamentar que um Governo Regional que não mede despesas em idas ao estrangeiro, para captura, e bem, de novos nichos, não perceba o potencial que esta regata tem para a nossa região, quando no seu manifesto eleitoral, o PSD, afirmava a consolidação da Horta como Capital do Mar.
As críticas de Carlos Ferreira e as recentes respostas aos requerimentos do BE relativos a projetos para as obras prometidas na Graciosa e porto comercial da Praia da Vitória, (ou seja, a cada requerimento que se faz, a resposta leva-nos para “está a ser estudado”, “em breve será contratualizado o projeto”) levam-me a confirmar que este governo, em quase dois anos de governação, age numa lógica de falta de critérios e de atuação cirúrgica, mas sem os investimentos prometidos.
Afinal, o que foi feito de estruturante no Faial?  O que fez o Governo Regional relativamente à ampliação do aeroporto? Anunciou o apoio no pagamento de 40% do projeto. Utilizou da reivindicação junto da ANA Vinci e do Governo da República? E a instalação do Observatório do Atlântico, no Faial? Exigiu? Ou foram só verbos de ação para os manifestos eleitorais?
A Escola do Mar? Era para ser potenciada como centro de formação para as profissões ligadas ao mar, no entanto, a primeira coisa que se associa a esta escola é a forma atribulada como este governo lidou com a mesma, fazendo cair a sua direção, como se de uma brincadeira de escola se tratasse.
Eas Termas do Varadouro continuam lá. No Varadouro. As obras de requalificação que foram durante anos alvo de requerimentos, de proposta em orçamento, para quando?
E a zona de varagem com infraestruturas adequadas para a manutenção e reparação naval, de forma a servir de zona de invernagem? Quando terá o “carimbo” da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas?
Já se conhece o relatório do LNEC relativamente às obras no Porto da Horta. Que fará o Governo Regional? Cumprirá o que prometeu e tanto criticou no passado?
De facto, e verificando os manifestos eleitorais, percebe-se que de estruturante para o desenvolvimento sócio económico da nossa região, nada tem sido feito. Foi a Covid 19, a guerra e, agora, a inflação a servir de desculpa para a luta inglória de Bolieiro que se vê obrigado a responder aos ímpetos dos seus parceiros, que têm feito com que alguns responsáveis por secretarias bebam o tal “copo de água até ao fim”, como o caso recente de Clélio Meneses ter de dar “Ámen” ao Conselho de Administração do HDES depois de mais uma das suas decisões ditatoriais.
No fim de contas, já percebemos que os investimentos necessários a estas 9 ilhas servirão de campanha para as próximas eleições. Serviram em 2020 e servirão em 2024.


* Deputada na ALRAA pelo BE

Alexandra Manes*

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