Diário dos Açores

O exemplo de Itália

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O que aconteceu nas eleições em Itália resume-se a isto: quando os partidos não ligam às pessoas, as pessoas encarregam-se de se desligar dos partidos.
Os partidos tradicionais da faixa moderada andam convencidos que os cidadãos não ligam aos extremos, os governantes não ouvem os sinais do eleitorado, não promovem as reformas necessárias e sentam-se nos seus gabinetes julgando que o mundo não mudou.
O que se está passar com alguns partidos moderados na Europa é o mesmo que aconteceu em Portugal com o PCP, desligado da realidade e actuando como se estivéssemos no século XIX.
Por cá também temos disso, com partidos medrosos em reformar, instalados nos gabinetes parlamentares discursando apenas entre si ou longe da realidade em que os cidadãos vivem.
Alguns parecem mesmo desmiolados, julgando que os cidadãos são tontos e desprovidos de memória.
 O caso da convocação da titular dos Transportes e do Presidente da SATA para explicarem os prejuízos da empresa no primeiro semestre é de bradar aos céus.
Alguém diga ao PS que foram os seus governos que provocaram a falência da SATA, deixando-nos uma factura de 400 milhões de euros para todos nós, contribuintes, pagarmos.
Em todos os governos dos últimos anos do PS a SATA deu elevados prejuízos e nunca vimos um único deputado chamar ao parlamento a titular de então e o Presidente da transportadora para explicarem o descalabro.
Pior, aquando do vergonhoso negócio do avião “cachalote”, fizeram a festa e depois esconderam-se todos perante o escândalo.
Casos destes marcam as pessoas e reflectem-se nas urnas.
É como o PSD (desaparecido em combate na Região), que pede ao Estado português que subsidie o transporte marítimo de mercadorias entre o Continente e as Regiões Autónomas, mas em dois anos de governação na região é incapaz de arranjar uma solução para o transporte marítimo entre S. Miguel e Santa Maria.
Os partidos do arco da governação, cá dentro e lá fora, andam a brincar com o fogo e depois queixam-se do aumento dos extremismos.
É neste sentido que a Itália não é surpresa nenhuma.
Aprendam a lição!

 

As viagens de Marcelo


O Presidente da República cumpre bem a sua missão de afectos.
Sabe estar com as pessoas, distribui beijos e abraços a toda a gente, tornou-se num outro “optimista irritante” e é, reconhecidamente, um bom embaixador de Portugal junto da diáspora portuguesa.
O problema é que, por vezes, deslumbra-se com o papel que desempenha e exagera no modelo.
Foi o que aconteceu, por estes dias, com a visita oficial à Califórnia.
Então nenhuma alminha do Palácio de Belém lembrou ao Sr. Presidente que ia para um lugar onde a esmagadora maioria dos emigrantes é toda oriunda dos Açores? Com a agravante de condecorar emigrantes açorianos, reunir com os congressistas e senadores oriundos de famílias açorianas... e não convida ninguém dos órgãos regionais dos Açores, parlamento ou governo, para representar esta Região?
A desculpa esfarrapada é própria de quem foi apanhado em falso.
Fez bem o PS dos Açores em criticar a situação, já que os partidos da coligação andam desaparecidos, mas também é preciso lembrar que, certa vez, o  então Ministro dos Negócios Estrangeiros, de seu nome Augusto Santos Silva, deslocou-se ao mesmo país com uma agenda de contactos com a diáspora e reuniões com a administração americana sobre a Base das Lajes... e não levou ninguém consigo.
Nos Palácios de Lisboa há muitos preconceitos em relação às Ilhas.
Pelos vistos, a doença continua.

 

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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