Diário dos Açores

O que veio na bagagem dos Manezinhos?

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Cinquenta manezinhos da Ilha de Santa Catarina desembarcaram no aeroporto João Paulo II. Cansados .Porém, na maior alegria por estarem na Ilha de São Miguel, nos Açores. O dia era emblemático: 7 de setembro – aniversário de 200 anos da Independência do Brasil. Chegaram um dia depois do previsto, graças a TAP que ofereceu 22 horas de atraso e uma dormida em Fátima(!!!). Nem o desrespeito da TAP desde São Paulo até Ponta Delgada arrefeceu o entusiasmo dos catarinenses. Portanto, com um dia de atraso teve início a 35ª digressão do “Grupo Manezinhos da Ilha”, liderados pelo advogado Nestor Lodetti para quem “estar em Ponta Delgada é um privilégio e um orgulho por poder contribuir para que a tão necessária simbiose entre Santa Catarina e os Açores seja abreviada.” 
Em missão cultural, a primeira dama de Florianópolis, Dra Beatriz Silveira, engenheira, advogada, artista plástica, participou da programação dos Manezinhose cumpriu um intenso programa de visitas nas Ilhas de São Miguel, Faial, Pico e Terceira, numa verdadeira missão cultural. Na bagagem da delegação dos manezinhos, que contava com diversos empresários, líderes em seus segmentos no Estado de Santa Catarina e até da Argentina-  os “manezinhos de coração”, levaram muitos planos e projetos que já começam a sair do papel.
Aceitei de primeira o convite para regressar aos Açores meses depois de ter estado em São Miguel e ter recebido a Insígnia Autónomica de Reconhecimento, pelas mãos do Presidente José Manuel Bolieiro. Outorga que desencadeou emoções vividas desde o pisar na Ilha e adentrar no São Miguel ParkHotel, deparando com um belo Quarto do Espírito Santo, erguido por prendadas mãos das suas funcionárias, até a cerimônia celebrativa do Dia da Região realizada na cidade da Lagoa. Naquela segunda-feira, 6 de junho, vivenciei um dos momentos de maior relevância da trajetória profissional e pessoal e por extensão na história de vida da minha família.
Não poderia dizer “não” a um convite desses! Até porque já virou uma missão continuar a trabalhar nos dois lados do Atlântico, por “um povo único que a lonjura do tempo e da geografia não consegue separar” citando as sábias palavras de José Andrade, o incansável e competente Diretor Regional das Comunidades.
Os veteranos Manezinhos realizaram dois jogos. O primeiro, já no dia da chegada, com o time master da Fundação Pauleta contando com a presença do craque nacional e do PSG,Pedro Pauleta. Perderam de 2x1 (gol do carismático Pauleta vestindo a “camisola” dos Manezinhos). No dia 9, depois de um dia a passear pela Ilha, comer cozido nas Furnas e banhar-se na piscina do parque Terra Nostra Hotel, enfrentaram os veteranos do Clube Desportivo Santa Clara, no Estádio Municipal Jácome Correia. Desta feita empataram de 3x3. Os Manezinhos foram homenageados pelos dois times e homenagearam os anfitriões com o tradicional “Troféu Cidade de Florianópolis – Viva Açores” numa referência ao Projeto Viva Açores, conhecer é viver! do Grupo ND. Autoridades açorianas marcaram presença no jogo com o Santa Clara: o Diretor das Comunidades, José Andrade, em nome do Governo Regional e o Presidente da C.M. de Ponta Delgada, Pedro Cabral, cidade irmã de Florianópolis. Faltou vitória dentro das quatro linhas? Não faltou, não! A maior vitória foi a sintonia perfeita entre os times, o fazer amigos e o convívio fraterno documentado.
Na sequência do venturoso encontro na Fundação Pauleta que, há 16 anos, dedica-se ao apoio e fomento desportivo e pessoal dos jovens da instituição, ações de cariz social e solidário, o Prefeito Municipal, Topázio Silveira Neto,  emitiu convite à  Fundação Pauleta para o aniversário de 350 anos de fundação da cidade de Florianópolis a ser comemorado a 23 de março de 2023 e para celebrar os 275 anos da presença açoriana em nossa terra. Pretende-se a realização de um “Torneio Quadrangular” comemorativo às datas históricas, reunindo as equipes dos veteranos do Figueirense Futebol Clube e do Manezinhos da Ilha e de dois times de veteranos dos Açores.
Afinal, o que veio na bagagem para além da beleza paradisíaca das Ilhas Açorianas? Da gastronomia farta e rica?  Do seu património histórico? Das casas brancas com cantarias em pedra basáltica às lindíssimas igrejas barrocas, altares em estilo rococó, outras de composição plástica singela e igualmente belas. Do povo alegre no seu jeito celebrar as festas populares ou religiosas a exemplo da Festa da N.S. dos Milagres da Serreta que assistimos na segunda-feira, 12 de setembro na Ilha Terceira, com direito a uma corrida de touros singular. Ou, ainda, a extrema riqueza do desenho rendilhado dos currais da paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico, Patrimônio Mundial da Humanidade. E não paro por aqui... porque inúmeras foram as audiências e os encontros com pessoas prá lá de especiais e que deram muito de si para que soubéssemos mais sobre os Açores, sobretudo no programa organizado com muita atenção pela Direção Regional das Comunidades para a primeira dama de Florianópolis, Dra Beatriz Silveira. 
    Ao cabo, decidi dividir este artigo em duas partes, antes que vire um relatório e perca o seu verdadeiro sentido – contar o que trouxemos dessa missão cultural cujos resultados ainda estamos saboreando devagarinho  tal qual o sorver prazeroso do“Gin-tónico” do Peter Café Sport, fincado entre a ponta da Espalamaca e o monte da Guia, tendo a visão panorâmica do Pico, numa composição com a cidade da Horta o “camarote de frente para aquele palco de todo ano” na definição ímpar de Vitorino Nemésio em Mau Tempo no Canal (1944).

Lélia Pereira Nunes*

* Curadora do “Viva Açores, conhecer é viver!”/ Vice 
Presidente do Conselho Municipal de Educação de Florianópolis /Escritora da ACL
 

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