Diário dos Açores

Augusto Silva: Histórico Dirigente do Desporto Açoriano

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Desportistas do meu tempo

O Augusto Silva nasceu na freguesia da Conceição, no bairro do Corpo Santo, em Angra do Heroísmo. Nos dois primeiros anos de escolaridade andou na escola local e nos dois seguintes (3ª e 4ª classe) frequentou o Colégio de São Gonçalo. Após o ensino primário ingressou na Escola Industrial onde começou a entusiasmar-se com as actividades desportivas lectivas orientadas pelo João Botelho, então professor EF,  assim como pelos torneios internos de futebol organizados no campo pelado, grande viveiro de futuros atletas do Sport Club Marítimo e de colegas meus do Sport Club Angrense. Também jogou nas equipas de juniores e reservas do S.C.Marítimo (1977 e 1978).
Fruto dessas vivências escolares o associativismo desportivo começou a desabrochar no Augusto e nos companheiros. Assim, um grupo de alunos decidiu criar uma equipa de futebol de 7, o Beira Mar Futebol Clube, que tinha como maior rival outra equipa do Corpo Santo, os Sesimbras. Um ano depois, os responsáveis das duas equipas reuniram-se na sacristia da Ermida da Boa Viagem (1976) e optaram pela sua fusão nascendo deste modo o Boa Viagem Futebol Clube, tendo com Presidente Jorge Vieira e Tesoureiro o Augusto Silva.
No seu percurso académico no ensino secundário, o Augusto Silva frequentou a Escola Industrial durante 5 anos e concluíu os estudos, em horário pós laboral, na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. Após o seu primeiro emprego (firma Adalberto Martins), cumpriu o serviço militar no Regimento de Infantaria de Angra do Heroísmo e, em 1983, ingressou no quadro da Secretaria Regional das Obras Públicas. Entretanto, o Boa Viagem começou a formar equipas de diversas modalidades tendo como objectivo a participação nas provas da Associação dos Desportos, pelo que teve que elaborar os estatutos da agremiação que passou a chamar-se Clube Juvenil Boa Viagem. Aquando da saída de Jorge Vieira da presidência do clube, Augusto Silva assumiu a liderança e, para além dos bons resultados alcançados nos diversos desportos, levou a equipa feminina de basquetebol a diversos êxitos e ao acesso às provas nacionais (1989).  Daí em diante, a equipa de basquetebol do CJBV passou a ser uma das mais importantes referências do desporto feminino açoriano no contexto nacional. Recordo-me que nessa altura joguei basquetebol na equipa de veteranos do Clube e colaborei no aperfeiçoamento técnico-desportivo das meninas que fizeram parte da primeira equipa do CJBV.
Após 13 anos como Tesoureiro e Presidente do Clube Juvenil Boa Viagem, decidiu optar por outras aventuras de carácter desportivo entre as quais salientamos as comissões para a criação da Associação de Andebol da ilha Terceira, do Rally do Terceira Automóvel Clube (TAC) e das provas de Todo o Terreno. Foi controlador de rally, fez parte da primeira comissão organizadora de uma prova todo o terreno do Terceira Automóvel Clube. Em 1990, na ilha de Santa Maria, iniciou-se como Navegador nas provas de Rallis alcançando alguns bons resultados com as equipas em que participou nas diversas competições de ilha e nas provas de âmbito regional. Obteve as seguintes classificações: 2º classificado na produção do Campeonato Regional dos Açores (1991) e 3º classificado em automóveis 2000 cc. nos Campeonatos Regionais dos Açores (1997 e 1998). No entanto, o stress das provas de Rallis fizeram com que em Outubro de 1999 desse por encerrado o seu ciclo de Navegador.
Entretanto, em 1994, a pedido da rapaziada que se interessava pelo desenvolvimento do jogo da Bola ao Cêsto, aceitou presidir aos destinos da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira que viveu, durante os seus mandatos, um dos melhores períodos da sua história. Neste ciclo de 10 anos foi criado um departamento técnico, adquirido material informático para os respetivos serviços, carrinhas para o transporte dos atletas, tabelas de minibasquete para diversos campos, assim como, bolas e equipamentos desportivos para as seleções da ABIT. Nesse período, para além das habituais actividades regulares na ilha Terceira e outras de âmbito regional, ainda organizou o Torneio Nacional de Minibasquete, o Torneio Nacional de Cadetes, diversas fases regionais de apuramento a competições nacionais e uma prova de Seleções Nacionais Seniores a contar para o Campeonato da Europa de Basquetebol. Missão cumprida ao fim de uma década de intensa actividade, necessitava de descanso e, como tal,  decidiu não se recanditar. A sua herança desportiva estava bem patente no progresso verificado com a participação do Sport Clube Lusitânia na Liga Profissional, do Clube Juvenil Boa Viagem na Liga Feminina e do Angra Basket no Campeonato Nacional da I Divisão.
Após um período de 4 anos (ciclo olímpico) sem envolvimento com colectividades desportivas, surge o Angra Iate Club no seu percurso de dirigente desportivo. Avança com uma candidatura e vence as eleições. No seu primeiro ano como Presidente de um clube dedicado aos desportos náuticos consegue ressuscitar o AIC com a abertura de uma escola e introduzindo vida à sede do clube com a realização de eventos sociais e desportivos. No ano seguinte, consegue que a Regata 8 aos Ilhéus batesse o record de participações (47), reabre a escola de navegação de recreio e cria uma escola de Jetski que se encontra em franco crescimento. Em 2011, a regata aos ilhéus não suplanta a participação do ano anterior, mas consegue ser a regata açoriana com maior participação. Também realizou a primeira regata internacional Baiona/Angra/Baiona.
No ano de 2012, na XI Gala do Desporto Açoriano (DRD), foi distinguido com o prémio Personalidade do Ano. No ano de 2021, o Angra Iate Clube presidido por Augusto Silva organiza o Campeonato Nacional ORC de Vela Cruzeiro tendo, por esse facto, a Assembleia Legislativa Regional atribuído um Voto de Saudação. Recentemente, o AIC também organizou um evento internacional de canoagem denominado Azores Ocean Surfski que contou com a presença de atletas olímpicos e do Campeão Mundial Fernando Pimenta.
Conheço o Augusto Silva há cerca de 40 anos, e durante essas 4 décadas acompanhei a sua disponibilidade, dedicação às actividades desportivas dos mais jovens e a enorme capacidade de gestão dos projectos que desenvolveu nos diversos organismos desportivos onde exerceu funções directivas. O serviço  prestado ao desenvolvimento desportivo açoriano, ao longo destes últimos 40 anos, quer dizer à juventude açoriana através da sua intervenção voluntária no associativismo desportivo, são o reflexo do contexto familiar e escolar em que o Augusto foi educado. Os conhecimentos e a experiência adquirida durante o seu percurso de dirigente desportivo, “Mestrado da Vida”, não estão dependentes das  instituições de ensino superior.
Um Grande Abraço

Eduardo Monteiro *

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