Quando demos contado entusiasmo que as actividades desportivas provocavam na grande maioria dos alunos no nosso Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, também alinhámos no mesmo espírito de aventura que apontava para a prática de diversos desportos colectivos dos quais nunca tínhamos ouvido falar. Campos de diversas dimensões, bolas de tamanho e peso diferenciados, objectivos de concretização pouco semelhantes, regras de jogo que, no início nos custava a entender. Contudo, à medida que íamos percebendo como é que determinado jogo desportivo evoluía, não só enriquecíamos o nosso equipamento motor como, ainda, ficávamos com a satisfação de aprender e aperfeiçoar os gestos técnicos específicos de cada modalidade desportiva (domínio e condução da bola, passe e recepção, remate e lançamento, etc.), no sentido demelhorar a nossa participação.
O objectivo era treinar e jogar mais, para poder jogar cada vez melhor. Como naquela altura não havia jogos de computador o desporto era, depois das aulas, o nosso grande passatempo. A determinada altura deste percurso desportivo liceal começaram a surgir, torneios internos, campeonatos escolares, renhidosno Estádio da Pedra, jogos com a rapaziada da Escola Técnica e com os alunos do High School da base americana, intercâmbio com os nossos colegas do Faial, Pico, Santa Maria e S.Miguel, enfim, um mundo de oportunidades para aferirmos as nossas capacidades desportivas e fazer novas amizades com jovens da nossa idade de outras paragens.
Ao longo deste percurso no sistema educativo, havia uns que se distinguiam mais nas notas escolares e outros que, igualmente com sucesso escolar, mostravam as suas aptidões na prática desportiva. Fazíamos parte do segundo grupo e, como tal, começámos a dar nas vistas, tal e qual, como se processa actualmente no fenómeno desportivo. Entretanto, começaram a surgir oportunidades para fazermos parte das equipas que se formavam em diversas instituições como corolário do trabalho desenvolvido a nível escolar.
Naquela altura, da nossa vida estudantil e desportiva havia um colega, que pelas suas qualidades motoras e técnico-desportivas, tinha acesso à maioria das seleções dos diferentes desportos. Para além das suas capacidades atléticas, era um grande companheiro e desportista,que correspondia a um modelo de praticante eclético. É claro, que a rapaziada gostava de jogar na equipa em que ele alinhava porque havia sempre uma grande probabilidade de alcançar um bom resultado.
O José Couto, de seu nome, tem um currículo desportivo inigualável que ilustra bem aquilo que vimos dizendo. Assim, vejamos o seu percurso como praticante desportivo:
Futebol:
- Sport Clube Lusitânia -(17 épocas) - 7 vezes campeão da AFAH, 4 vezes campeão açoriano, vencedor de 8 torneios de classificação à Taça de Portugal e de inúmeros torneios de preparação, taças da ilha Terceira e outras provas associativas;
- Sport Clube Marítimo – (1977/78) – vencedor do torneio de classificação à Taça de Portugal e do Torneio de classificação açoriano;
- Faculdade de Economia do Porto (1966/67 e 1967/68)- bi-campeão nacional universitário.
Andebol:
- Sport Clube Belém – (1962/63 e 1963/64);
- Sport Clube Lusitânia – (8 épocas) – 7 vezes campeão da Terceira;
- Sport Clube Marítimo – (1977/78) – 1 vez campeão da Terceira;
- Clube Juvenil Boa Viagem –(1983/84 e 1984/85) bi- campeão da Terceira.
Basquetebol:
- Sport Clube Belém (2 épocas);
- Ginásio do LawnTénis (1964/65 e 1965/66)- bi-campeão da Terceira;
- Sport Clube Lusitânia (8 épocas) – 5 vezes campeão da Terceira;
- Sport Clube Marítimo (1977/78) - campeão da Terceira;
- Clube Juvenil Boa Viagem (1989-90)- campeão da Terceira.
Voleibol:
- Batalhão de Infantaria nº 17 (1971/72) – campeão da Terceira;
- Sport Clube Lusitânia (1972/73 e 1973/74) – bi- campeão da Terceira.
Ténis de Mesa:
-Grupo Juvenil Católico da Sé (6 épocas) – 4 vezes campeão da Terceira, 1 vez campeão individual e 1 campeonato regional.
No período de 1982 a 1989 tivemos, novamente, a oportunidade de jogar juntos nos torneios de veteranos de basquetebol organizados pelo destacamento militar americano da base das Lajes.
A partir do momento em que o José Couto sentiu que era chegado o momento de deixar a competição federada como atleta (pendurar as botas), não resistiu à tentação de continuar ligado ao desporto pelo que enveredou pela carreira de treinador de futebol, modalidade em que tinha atingido um nível competitivo mais elevado e uma experiência mais enriquecedora para o desempenho destas funções. O seu currículo como técnico também é notável como podemos constatar.
Currículo como treinador:
- Sport Clube Praiense (5 épocas) (1983/84 a 1987/88) – 2 vezes campeão da AFAH, campeão açoriano e 2 taças de honra;
- Boavista Clube da Ribeirinha (1988/89)- campeão da II divisão da AFAH;
- Sport Clube Vilanovense (1989/90 e 1990/91) – campeão da AFAH e campeão açoriano;
- Sport Clube Angrense (4 épocas) (1991/92 a 1994/95) – campeão da AFAH, campeão açoriano e taça ilha Terceira;
- União Desportiva Praiense (1995/96);
- Juventude Desportiva Lajense (1996/97 e 1997/98);
- Marítmos de S.Mateus S. Clube (1999/00);
- Sport Clube Lusitânia (2000/01) vencedor da série Açores da III divisão.
Ainda exerceu as funções de treinador das selecções dos escalões da AFAH, nas épocas de 2001/02 e 2002/03, tendo vencido os campeonatos regionais de sub-13, sub-16 e por duas vezes os de sub-18.
Ter pertencido a uma geração de jovens desportistas, oriundos do desporto escolar pela mão do Prof. Monteiro Paes, que marcaram uma época no desenvolvimento desportivo na ilha Terceira e nos Açores, foi uma experiência decisiva na nossa valorização pessoal e, tanto mais, quando se tem um companheiro com a relação humana do José Couto, o desportista mais eclético que conheci.
Até Sempre!
Eduardo Monteiro *