Maior taxa de pobreza multidimensional do país está nos Açores
Diário dos Açores

Maior taxa de pobreza multidimensional do país está nos Açores

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Um estudo publicado ontem pelo Banco de Portugal revela que a maior taxa de pobreza multidimensional observava-se nas Regiões Autónomas, com os Açores à frente, e a menor taxa de pobreza em Lisboa e Vale do Tejo.
No caso da pobreza multidimensional severa, as taxas mais baixas observam-se no Centro, Lisboa e Alentejo, e as taxas mais elevadas no Algarve e nas Regiões Autónomas, nov amente com os Açores a liderar.
Em termos do grau de urbanização, é nas zonas rurais que se observa uma maior pobreza multidimensional.
No que se refere ao género, a taxa de pobreza multidimensional é maior no caso das mulheres.
Em termos etários, a pobreza multidimensional tem um perfil crescente com a idade, com maior incidência nos mais velhos.
A menor taxa de pobreza multidimensional nas crianças difere da evidência obtida com os indicadores AROP e AROPE, mas também é revelada nos indicadores de privação material e social.
O estudo vem publicado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal, agora lançado no seu Volume VIII, e é da autoria de Nuno Alves, Diretor do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, desde 2018.
O estudo propõe um indicador multidimensional de pobreza aplicado à realidade portuguesa.
Este indicador agrega 21 variáveis que abarcam dimensões como a participação no mercado de trabalho, a privação material, a privação social, a saúde e a habitação, explica o autor.
De acordo com esta metodologia, conclui-se que a pobreza multidimensional em Portugal diminuiu continuamente entre 2014 e 2020.
 Neste último ano, a proporção
da população em situação de pobreza multidimensional ascendia a 15,4%, com 5,8% da população em pobreza multidimensional severa.
No quadro europeu, Portugal situase numa posição intermédia, com uma taxa de pobreza multidimensional próxima da registada na Bélgica, França e Itália, inferior à de Espanha e Grécia, e superior à da Alemanha, Finlândia e Países Baixos.
Esta abordagem multidimensional permite identificar segmentos da população que não são captados nos habituais indicadores de pobreza e exclusão social em Portugal.
Não obstante, conclui-se que os indicadores oficiais de privação material e social constituem uma boa aproximação das condições de vida da população em pobreza multidimensional.
O artigo de Nuno Alves caracterizou algumas dimensões da qualidade de vida da população que vive em pobreza multidimensional.
 Os resultados revelam situações de grande fragilidade em segmentos importantes da população portuguesa.
As várias situações de exclusão absoluta estão também associadas a perceções subjetivas negativas relativamente ao bem-estar pessoal. É a própria liberdade de participar efetivamente na vida em sociedade que fica coartada (Sen, 1984).
O indicador agora apresentado tem uma natureza experimental. Neste sentido, pretende ser uma semente para novos estudos, desejavelmente com uma maior robustez conceptual em termos da escolha das variáveis e dos pesos relativos aplicados aos diferentes indicadores. Em última instância, uma visão multidimensional da pobreza pode ser um complemento útil aos atuais indicadores definidos no quadro europeu, não só na identificação da população em situação de pobreza mas também na definição de políticas para a sua erradicação, conclui o autor.

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