Diário dos Açores

A histórica “geração de ouro” açoriana

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No dia 5 de Fevereiro de 1870, via a luz do dia o primeiro número de um jornal que se pretendia quotidiano, de pequeno formato, impresso na Tipografia de Manuel Correia Botelho, na Rua do Provedor, nº6, que não se publicava à segunda-feira e custava dez réis cada número avulso.
Pela inovação que trouxe à for ma e conteúdo do jornalismo, que se fazia em finais do século XIX, o Diário dos Açores pode ser considerado como uma revolução na técnica e no espírito do jornalismo da época, trazendo nas suas linhas e periodicidade o gérmen de um novo estilo que libertaria a imprensa que se fazia na região dos moldes antiquados em que operava.
Foi, sem dúvida, arauto de um pioneirismo, não totalmente desprovido de riscos.
J. Silva Júnior descreveu do seguinte modo a fundação do Diário dos Açores:
“Debuxado nas tonalidades líricas de La Belle Époque, o retrato de Tavares de Resende ressalta dum fundo de céu insular. Açores de asas abertas saem dentre velhas máquinas de impressão que tipógrafos zelosos pedalam no afã da nova “folha”. Por aqui e por ali, na superfície glauca do mar açoriano, enfunam-se as velas dos “navios da fruta”, rumo ao largo...”.
A acção de Manuel Augusto Tavares de Resende pode ser vista como uma sequência da acção de outros grandes vultos da chamada “geração de ouro” açoriana, onde se incluem, por exemplo, os irmãos Canto e a criação de instituições como a Sociedade Promotora da Agricultura (com o seu órgão de informação “O agricultor micaelense”), em 1843, ou a Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes, em 1847.
Através do Diário dos Açores chegaram a S. Miguel os escritos da “Geração de 70” e nele se desenvolveram e revelaram muitas das grandes personalidades da literatura e do jornalismo.
Manuel Cabral de Melo escreveu no suplemento que comemorou os 100 anos de vida do jornal, em 1970:
 “Sentindo os anseios de então, Tavares de Resende, um jovem idealista de 21 anos apenas, autodidacta e espírito empreendedor, apetrecha uma tipografia e, no dia 5 de Fevereiro de 1870, faz circular na nossa cidade, o primeiro quotidiano do Arquipélago.
Convicto de que o levantamento da terra e da Nação devia basear-se na educação do povo, definiu a sua iniciativa por “publicação noticiosa, de instrucção e de recreio. (...) Produto de uma forte vontade, o Diário dos Açores foi uma oferta e um testemunho do amor que Tavares de Resende sempre votou à sua e nossa terra, que ele tanto desejou ver engrandecida”.

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