Diário dos Açores

Nem… Nem…

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Nem estudam, nem trabalham. São jovens desempregados de longa duração, sem qualificações profissionais e com baixa escolaridade. Estão identificados nos Açores cerca de 2600 jovens nestas condições, número que aumentou significativamente nos últimos tempos.
Identificado o problema, Maria João Carreiro, responsável pela pasta da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, acaba de assinar um protocolo com a Delegação nos Açores da ANAFRE (Associação nacional de Freguesias). Fazer o levantamento deste público mais vulnerável e acompanhá-lo através de um plano de formação individual, de forma a facilitar estes jovens no mercado de trabalho, é o que se pretende com o protocolo agora assinado com as Juntas de Freguesia.
Esta situação dos jovens que não estudam nem trabalham não é nova e faz-nos questionar o estado da educação na Região Autónoma. Os últimos números revelam que a taxa real de escolarização no ensino secundário é de 55,7 % nos Açores, de longe a mais baixa do país, sendo a taxa de escolarização no Continente de 85,9 %. Perante este quadro, este Governo ainda não definiu uma estratégia da educação para a próxima década. O que fez foi acabar com o programa “Pró-Sucesso” sem ter em conta os resultados.
O tempo urge. É ver o exemplo da Madeira que desde 2018 tem vindo a fazer um percurso de sucesso na educação, rumo à inovação pedagógica, com as chamadas “salas do futuro”, ambientes inovadores de aprendizagem com recurso à tecnologia. As “salas do futuro” privilegiam a acção do aluno, fomentando a motivação e a criatividade. São um autêntico laboratório de aprendizagem que conta com diversos equipamentos e tecnologias. Desde logo um painel interactivo, impressora 3D, “kits” de ciências, electrónica, programação e robótica e material de imagem para produção de conteúdos. São já 26 as “salas do futuro” que garantem a cobertura total de todas as escolas do 2.º e 3.º ciclos e secundário da Região Autónoma da Madeira, num investimento global de 800 mil euros. As primeiras “salas do futuro” foram pagas pelo Orçamento Regional e mais recentemente com fundos do PRR. Enquanto isso, nós ainda não descolamos das “salas do passado”.
Mas se a educação é um elevador social, económico e civilizacional, a Habitação constitui um dos pilares estruturantes de qualquer sociedade. O PRR é uma janela de oportunidade única e irrepetível que se abre para ajudar a resolver os graves problemas habitacionais que a Região enfrenta e não pode ser uma oportunidade perdida.
Segundo o Vice-presidente do Governo Regional, que tutela a área da Habitação, a Região vai insistir junto do Governo da República para que sejam revistos não só as metas, mas também os valores destinados à Habitação, dada a discrepância entre as verbas inscritas no PRR para Madeira (136 milhões), que são mais do dobro do que as verbas para os Açores (60 milhões), que segundo Artur Lima foram negociadas pelo anterior governo regional.
Mas pior do que a escassez das verbas inscritas para os Açores, seria o não cumprimento das metas calendarizadas. E o aviso vem do Conselho Económico e Social, que já advertiu que essas metas estavam em perigo e consequentemente os fundos de 60 Milhões do PRR. O próprio Vice-Presidente admitiu essa possibilidade quando disse no parlamento que ia pedir a prorrogação do prazo. O que significaria, nem aumento de verbas nem casas construídas com a verba inscrita no Plano de Recuperação e Resiliência.

Teresa Nóbrega *


*Jornalista
A autora escreve de acordo com a anterior ortografia

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