No final do ano passado, a população sentia-se menos satisfeita com a situação financeira do que com a vida em geral, segunda acaba de revelar o INE no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2022.
O inquérito incluiu um módulo específico sobre a qualidade de vida, dirigido às pessoas com 16 ou mais anos, que incluiu perguntas sobre a satisfação com alguns domínios específicos, nomeadamente a satisfação com a situação financeira do agregado, com as relações pessoais e com o tempo livre de que dispunham, bem como sobre a frequência com que os indivíduos se sentiam felizes e a existência de apoio social.
A média de satisfação com a situação financeira foi 6,0 em 2022, inferior à média de satisfação com a vida em geral (7,0).
Considerando os três níveis de avaliação já utilizados no indicador de satisfação com a vida em geral, em 2022, 39,3% das pessoas com 16 ou mais anos consideravam baixo o seu nível de satisfação com a situação financeira do agregado e apenas 12,8% tinham uma satisfação elevada.
A percentagem de pessoas com uma avaliação média ou elevada da situação financeira do agregado era mais baixa nos grupos etários mais elevados, representando menos de 60% a partir dos 50 anos.
O grupo etário mais jovem, dos 16 aos 24 anos, é o que apresenta menor proporção de pessoas com um nível de satisfação baixo (25,7%) e a maior proporção de pessoas com um nível de satisfação elevado (23,4%).
A proporção de pessoas que completaram o ensino superior e avaliaram a sua satisfação com a situação financeira com um nível elevado foi 16,0%, mais 3,2 p.p. do que a proporção dos que completaram o ensino secundário e mais 4,8 p.p. dos que completaram o ensino básico.
A satisfação com as relações pessoais é mais elevada do que no período pré-Covid-19
A média da satisfação com as relações pessoais em 2022 foi 8,2, na escala de 0 a 10, superior a qualquer outra satisfação medida pelo inquérito e a única acima da média da satisfação geral com a vida (7,0). Em 2022, 46,4% da população com 16 ou mais anos avaliava em nível elevado as suas relações pessoais e apenas 8,2% referiam um baixo nível de satisfação.
O grupo etário dos jovens, dos 25 aos 34 anos, é aquele em que a proporção de pessoas com um nível de satisfação elevado é maior.
A percentagem dos que referem uma baixa satisfação com as relações pessoais e completaram o ensino superior (4,8%) é inferior em 6,0 p.p. à percentagem dos que apenas completaram o ensino básico (10,8%).
A média da satisfação com o tempo livre disponível em 2022 foi 7,0, na escala de 0 a 10.
Em 2022, 29,0% da população com 16 ou mais anos avaliava em nível elevado o tempo livre de que dispunha, uma proporção pouco acima da obtida para os que referiam um baixo nível de satisfação (27,8%).
A percentagem de pessoas com uma avaliação elevada do tempo livre disponível aumenta significativamente a partir do grupo etário dos 65 aos 74 anos e é mais baixa para dos que terminaram o ensino secundário (24,9%) ou superior (20,4%).
Em 2022, 65,8% da população com 16 ou mais anos referiu ter-se sentido feliz sempre ou a maior parte do tempo nas quatro semanas anteriores à entrevista, uma proporção que era mais elevada no caso dos homens (71,9%) do que no das mulheres (60,4%). A percentagem da população idosa que referiu que nunca se sentia feliz ou apenas em pouco tempo (15,3%) era mais do dobro da população dos 16 aos 64 anos (6,8%).
A percentagem das pessoas que indicaram que nunca se sentiam sós e isolados ou apenas em pouco tempo, nas quatro semanas anteriores à entrevista, foi 78,5%, com uma redução acentuada do indicador para os grupos etários mais avançados (de 92,3%, no grupo etário dos 16 aos 24 anos, e 61,8% a partir dos 75 anos). Era também maior a proporção de mulheres que se sentiam sós e isoladas sempre ou a maior parte do tempo (17,2%) do que a proporção de homens na mesma condição (10,8%).
Em 2022, 97% das pessoas referiram sentir que tinham familiares, amigos ou vizinhos a quem podiam recorrer.
Nunca lerem um livro
No mesmo ano, 55,9% da população com idade igual ou superior a 16 anos referiu ter ido ao cinema (26,4%), ter participado pelo menos num espetáculo ao vivo (teatro, concerto, evento cultural organizado ao ar livre, etc.) (30,8%), ter visitado um local de interesse cultural (museu, monumento histórico, galeria de arte ou sítio arqueológico) (36,2%) ou ter assistido a acontecimentos desportivos ao vivo (23,8%), nos 12 meses anteriores à entrevista.
A maioria da população com 16 ou mais anos (58,1%) referiu nunca ter lido um livro nos 12 meses anteriores à entrevista, a maior parte por falta de interesse (65,7%).
Mais de 40% referiram que leram pelo menos um livro nos 12 meses anteriores à entrevista, dos quais, quase 70% leram entre 1 e 4 livros.