Os Açores são uma região confrontada com um grande desafio: a crise de mão-de-obra. As nossas empresas lutam para encontrar trabalhadores qualificados que correspondam às exigências insulares. Face a esta realidade, a pergunta é inevitável - como planeia o governo regional enfrentar este desafio?
Região de recursos limitados, precisamos de ser estratégicos. Não faria mais sentido direcionar os nossos esforços para um público com o maior potencial de retorno?
Comecemos por Mário Silva, o primeiro membro de origem portuguesa no Parlamento Canadiano. Mário é apenas um exemplo dos muitos filhos de açorianos que têm alcançado grandes feitos em terras estrangeiras. Essas realizações extraordinárias raramente são reconhecidas como contribuições ao prestígio das nossas Ilhas.
O Professor José Carlos Teixeira, especialista em comunidades açorianas na América do Norte e atualmente a lecionar História na Universidade de British Columbia, chama a atenção para o facto de que “não temos ideia de quem são nossos filhos e filhas. Muitos alcançaram o sucesso e poderiam trazer tanta experiência e conhecimento para beneficiar a nossa terra açoriana.”
Essa diáspora, dotada de habilidades e experiências inestimáveis, representa um recurso não aproveitado. Talvez devêssemos começar por consultar alguns dos nossos filhos e filhas mais bem-sucedidos na Diáspora. Ouvir as suas perspetivas poderia ajudar a identificar as medidas mais eficazes para incentivar um regresso à terra natal.
E qual é a estratégia do governo para atrair esta diáspora de volta aos Açores? Como estão a ser utilizados os nossos recursos limitados? Precisamos de uma ação concreta. Incentivos fiscais, auxílios para habitação e oportunidades de formação poderiam ser ferramentas eficazes para atrair esses talentos de volta.
Permitam-me que fale do meu filho, Joseph Soares, que foi conselheiro do Primeiro Ministro Canadiano e é atualmente chefe de gabinete na Administração do Senado do Canadá. Peço desculpa pelo meu viés paternal, mas Joseph é, até onde sabemos, o único filho de imigrantes portugueses a ter servido como conselheiro de um Primeiro-Ministro do Canadá.
Exortamos o governo regional a considerar seriamente esta estratégia. A diáspora açoriana é uma solução potencialmente rica para a falta de mão-de-obra na região. O futuro dos Açores depende de uma ação decisiva agora. Devemos investir de forma inteligente nos nossos filhos e filhas da diáspora.
José Soares