Diário dos Açores

Incógnitas Mudanças

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Peixe do meu quintal

Todos adorámos férias. Descansar o espírito é fundamental para que o corpo possa continuar na labuta diária.
Nesta linha, as praias costumam ser o refúgio de milhares de cidadãos que procuram o relaxamento que oferecem o Mar e o Sol. Para nós insulanos, o Mar é parte integrante do nosso corpo. E o nosso contato com ele é tão importante, que muita da nossa Diáspora percorre milhares de quilómetros só para estar junto a ele, o Mar da nossa consolação. Mar-d ’Ilhas, diferente do Mar-continente. Mar que cheira a algas, a lapas e peixe e que se deleita contra a rocha negra asfáltica, beijando-a constante e eternamente. Quando estamos aconchegados no colo da Ilha, a sensação de que estamos isolados e sós no Universo é quase real, tal é a paz que nos absorve. E no entanto, o planeta sofre à nossa volta.
As guerras por pedaços de terra continuam;
A produção alimentar mal distribuída – de propósito – pela humanidade empobrecida;
A manipulação e controlo do capital, juros, inflação, etc.;
A delapidação dos recursos do planeta até à exaustão.
Os ‘acidentais’ escapes de bactérias venenosas de laboratórios, que provocam epidemias globais;
As persistentes nuvens provocadas pela queima de milhões de toneladas de carbono – e a que ninguém consegue dar solução de alívio;
Os aumentos descontrolados da temperatura terrestre, provocando secas e incêndios que destroem cada vez mais as mais variadas espécies de vida do planeta;
Os sistemas políticos livres e democráticos, afogam-se no mar de incapacidades próprias, desmazelos, improdutividades, vícios hereditários, exclusão de toda a inovação ou iniciativa;
As religiões matam pelo predomínio das massas. São cada vez mais intolerantes, racistas e discriminatórias de género, na luta pelo poder e controlo;
Na Era dos três Is (III – Idade da Informação Instantânea), a velocidade da comunicação deixou de existir e tudo pode ser escrito, relatado ou testemunhado pelo cidadão, cada vez mais envolvido e informado. As consequências são uma maior participação do cidadão e o conhecimento derivado provoca calafrios nos dirigentes que até há poucas décadas controlavam a informação e o intelecto.
Na política, toda esta imensa panóplia leva-nos a resultados cada vez mais imprevisíveis, com os falhanços dos clássicos estudos às escutas ou sondagens. A Inteligência Artificial tornou-se na ferramenta privilegiada da classe política para a sua manutenção no poder.
A população mais jovem, sofre com as deceções criadas para a sua existência. São os velhos professores que produzem os programas educacionais caducos e improdutivos, perante a rapidez da Era que atravessam. Esses jovens protestam e contestam nos espaços públicos esse descontentamento, arruinando tudo à sua volta, apenas para se fazerem ouvir.
Demasiado complexa esta conjuntura que nos ultrapassa a todos.
Tempos novos, que requerem liderança forte e corajosa, inexistente na moderada e complacente situação global.
Apenas as demagógicas promessas dos candidatos a eventuais ditaduras, fornecem à extrema-direita a fórmula para a tempestade perfeita, no oceano da política mundial.

jose.soares@peixedomeuquintal.com

José Soares  *

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